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Juiz Sérgio Moro aponta "corrupção sistêmica"

A investigação revela "indícios da prática sistemática e habitual de crimes de cartel, de fraude à licitação, de corrupção e de lavagem de dinheiro"

Sérgio Moro: para o juiz: "o mundo do crime não pode contaminar o sistema político-partidário" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2015 às 14h53.

Curitiba, Brasília e São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro disse que a Operação Lava Jato "tem cotidianamente se deparado com um quadro de corrupção e lavagem de dinheiro sistêmicas".

Ao mandar prender o lobista Milton Pascowitch, que pagou R$ 1,45 milhão para uma empresa de consultoria do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil do governo Lula), o juiz assinalou que a investigação revela "indícios da prática sistemática e habitual de crimes de cartel, de fraude à licitação, de corrupção e de lavagem de dinheiro".

Milton Pascowitch foi preso em São Paulo nesta quinta-feira, 21, na 13.ª etapa da Lava Jato. A Polícia Federal e a Procuradoria da República suspeitam que Pascowitch fazia lobby para o PT e repassava dinheiro ilícito para empresas de Dirceu.

"A gravidade concreta da conduta de Milton Pascowitch é ainda mais especial, pois há indícios de que propinas também foram pagas, por seu intermédio, para agentes políticos e para financiamento político, o que compromete a integridade do sistema político e o regular funcionamento da democracia", destacou o juiz da Lava Jato.

Para Moro, "o mundo do crime não pode contaminar o sistema político-partidário". O juiz argumenta que a participação de Pascowitch "é mais análoga a dos profissionais que se dedicaram, diferentemente dos empreiteiros, exclusivamente à prática delitiva, intermediando propinas, ocultando e dissimulando o produto do crime, em operações complexas de lavagem de dinheiro, inclusive com transações e contas secretas no exterior".

Moro cita depoimento do empreiteiro Gerson de Mello Almada, segundo o qual a função de Pascowitch "era equivalente" a do doleiro Alberto Youssef - peça central da Lava Jato.

"Ou seja, profissional dedicado ao pagamento de propina e de lavagem de dinheiro", afirma o juiz que vê aí, a necessidade da prisão preventiva do lobista ante "a presença do risco à ordem pública".

O juiz ressalta a existência de materialidade dos crimes atribuídos ao pagador de José Dirceu e o risco de Pascowith destruir ou ocultar provas.

"No caso de Milton Pascowitch há provas de que manteria contas secretas no exterior (pelo menos a MJP International Group e a Farallon Investing Ltd), com recursos milionários, a partir das quais efetuou o pagamento de propinas a empregados públicos, como Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Petrobras que devolveu US$ 97 milhões recebidos em propinas). As contas secretas ainda constituem indício de risco à aplicação da lei penal, pois não sendo imediatamente acessíveis às autoridades brasileiras, tem o investigado condição de dissipar os ativos nelas mantidos, impedindo, com eficácia, a recuperação do produto do crime, oferecendo ainda um risco concreto de fuga, pois, com conexões e recursos milionários no exterior, tem o investigado condições de nele refugiar-se, mantendo-se a salvo da ação da Justiça brasileira."

"Milton Pascowitch teria participado por longo período do esquema criminoso, sendo apontado como intermediador das propinas de 2004 a 2014 entre dirigentes da Engevix e empregados da Petrobras e da Sete Brasil, além de haver indícios de que atendeu outras empreiteiras", assinala o juiz na decisão que deflagrou a 13.ª fase da Lava Jato.

Para Sérgio Moro, "em um contexto de criminalidade desenvolvida de forma habitual, profissional e sofisticada, não há como não reconhecer a presença de risco à ordem pública, a justificar a prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo".

São Paulo – A lista de políticos investigados por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras inclui 12 senadores e 22 deputados em exercício. Destes, 19 receberam doações das empresas investigadas na Operação Lava Jato para suas campanhas eleitorais, seja em 2014 ou em 2010. A suspeita dos investigadores é de que essas doações legais tenham sido usadas para pagamento de propina a políticos. Em depoimento, o delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, afirmou que as doações são, na realidade, “empréstimos a juros altos”. Somados, os 34 parlamentares suspeitos receberam ao menos R$ 11,2 milhões das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Além dos congressistas, também são investigados os governadores Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio de Janeiro, e Tião Viana (PT), do Acre.  Veja nas fotos acima quanto cada senador e deputado recebeu.
  • 2. Luiz Fernando Pezão (PMDB) - Governador do Rio de Janeiro

    2 /34(Tomaz Silva/Agência Brasil)

  • Veja também

    Luiz Fernando PezãoGovernador do Rio de Janeiro (PMDB)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 45.150.556,49
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 1.480.000
    Queiroz GalvãoR$ 255.000
    OASR$ 1.225.000
  • 3. Renan Calheiros (PMDB-AL) - Senador

    3 /34(Ueslei Marcelino/Reuters)

  • Renan Calheiros (eleito em 2010)Senador (PMDB - AL)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 5.401.108,37
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 4. Romero Jucá (PMDB-RR) - Senador

    4 /34(AGÊNCIA BRASIL)

    Romero Jucá (eleito em 2010)Senador (PMDB-RR)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 991.300,00
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 5. Edison Lobão (PMDB - MA) - Senador

    5 /34(Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

    Edison LobãoSenador (PMDB-MA)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 5.394.213,75
    Valor recebido de empresas investigadas200.000,00
    OAS200.000,00
  • 6. Valdir Raupp (PMDB-RO) - Senador

    6 /34(Geraldo Magela/Agência Senado)

    Valdir Raupp (eleito em 2010)Senador (PMDB-RO)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 3.641.813,70
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 7. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - Deputado

    7 /34(Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

    Eduardo CunhaDeputado federal (PMDB-RJ)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 6.832.479,98
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 8. Aníbal Gomes (PMDB - CE) - Deputado

    8 /34(Câmara dos Deputados/Diogo Xavier)

    Aníbal GomesDeputado federal (PMDB-CE)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 229.600,00
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 9. Tião Viana (PT-AC) - Governador do Acre

    9 /34(Agência Brasil)

    Tião VianaGovernador do Acre (PT)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 194.338,24
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 15.000
    OASR$ 15.000
  • 10. Lindbergh Farias (PT-RJ) - Senador

    10 /34(Wilson Dias/ABr)

    Lindbergh Farias (eleito em 2010)Senador (PT-RJ)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 12.654.169,53
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 2.100.000,00
    Galvão EngenhariaR$ 400.000,00
    OASR$ 200.000,00
    UTCR$ 500.000,00
    Camargo CorreaR$ 1.000.000,00
    IesaR$ 200.000,00
  • 11. Humberto Costa (PT-PE) - Senador

    11 /34(Wikimedia Commons)

    Humberto Costa (eleito em 2010)Senador (PT-PE)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 5.260.948,50
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 1.530.000,00
    Galvão EngenhariaR$ 30.000,00
    OASR$ 500.000,00
    Camargo CorreaR$ 1.000.000,00
  • 12. José Mentor (PT-SP) - Deputado

    12 /34(José Cruz/Agência Brasil)

    José MentorDeputado federal (PT-SP)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 1.802.449,33
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 187.500,00
    Queiroz GalvãoR$ 95.000,00
    OASR$ 47.500,00
    OdebrechtR$ 45.000,00
  • 13. Vander Loubet (PT-MS) - Deputado

    13 /34(Flickr/Vander Loubet)

    Vander LoubetDeputado federal (PT-MS)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.995.057,44
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 327.283,65
    EngevixR$ 126.208,65
    Andrade GutierrezR$ 201.075,00
  • 14. Fernando Collor (PTB-AL) - Senador

    14 /34(Antonio Cruz/ABr)

    Fernando CollorSenador (PTB - AL)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.070.569,34
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 15. Ciro Nogueira (PP-PI) - Senador

    15 /34(Wikimedia Commons)

    Ciro Nogueira (eleito em 2010)Senador (PP-PI)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 4.092.233,30
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 16. Benedito de Lira (PP-AL) - Senador

    16 /34(Moreira Mariz/Agência Senado)

    Benedito de Lira (eleito em 2010)Senador (PP-AL)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.018.561,66
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 17. Gladson Cameli (PP-AC) - Senador

    17 /34(Reprodução / Facebook)

    Gladson CameliSenador (PP-AC)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 4.914.918,29
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 100.000,00
    OASR$ 100.000,00
  • 18. Nelson Meurer (PP-PR) - Deputado

    18 /34(Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados)

    Nelson MeurerDeputado federal (PP-PR)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.645.682,20
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 1.117.000,00
    Galvão EngenhariaR$ 1.117.000,00
  • 19. Luiz Fernando Faria (PP-MG) - Deputado

    19 /34(Divulgação)

    Luiz Fernando FariaDeputado federal (PP-MG)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 4.342.467,35
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 471.363,00
    OdebrechtR$ 171.363,00
    Galvão EngenhariaR$ 150.000,00
    Andrade GutierrezR$ 100.000,00
    Queiroz GalvãoR$ 50.000,00
  • 20. Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) - Deputado

    20 /34(Elza Fiuza/ABr)

    Aguinaldo RibeiroDeputado federal (PP-PB)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 1.742.321,25
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 271.900,00
    Galvão EngenhariaR$ 271.900,00
  • 21. Arthur Lira (PP-AL) - Deputado

    21 /34(Luis Macedo / Câmara dos Deputados)

    Arthur LiraDeputado federal (PP-AL)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 1.451.276,56
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 22. Simão Sessim (PP-RJ) - Deputado

    22 /34(Leonardo Prado/Câmara dos Deputados)

    Simão SessimDeputado federal (PP-RJ)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.765.208,99
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 200.000
    Queiroz GalvãoR$ 200.000
  • 23. José Otávio Germano (PP-RS) - Deputado

    23 /34(Facebook/José Otávio Germano/Reprodução)

    José Otávio GermanoDeputado federal (PP-RS)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.906.351,65
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 130.000
    Queiroz GalvãoR$ 100.000
    EngevixR$ 30.000
  • 24. Eduardo da Fonte (PP-PE) - Deputado

    24 /34(Elton Bonfim/Agência Câmara)

    Eduardo da FonteDeputado federal (PP-PE)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.712.255,18
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 25. Dilceu Sperafico (PP-PR) - Deputado

    25 /34(Divulgação)

    Dilceu SperaficoDeputado federal (PP-PR)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.189.700,00
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 792.000,00
    Galvão EngenhariaR$ 792.000,00
  • 26. Jerônimo Goergen (PP-RS) - Deputado

    26 /34(Valter Campanato/ABr)

    Jerônimo GoergenDeputado federal (PP-RS)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.755.080,00
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 100.000,00
    Andrade GutierrezR$ 100.000,00
  • 27. José Afonso Hamm (PP-RS) - Deputado

    27 /34(Divulgação)

    José Alfonso HammDeputado federal (PP-RS)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 1.463.548,54
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 28. Luiz Carlos Heinze (PP-RS) - Deputado

    28 /34(Divulgação/Site Oficial)

    Luiz Carlos HeinzeDeputado federal (PP-RS)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.713.220,00
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 100.000,00
    Queiroz GalvãoR$ 100.000,00
  • 29. Renato Molling (PP-RS) - Deputado

    29 /34(Divulgação)

    Renato MollingDeputado federal (PP-RS)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.248.300,00
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 30. Roberto Balestra (PP-GO) - Deputado

    30 /34(Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados)

    Roberto BalestraDeputado federal (PP-GO)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 2.943.999,22
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 31. Roberto Britto (PP-BA) - Deputado

    31 /34(Divulgação)

    Roberto BrittoDeputado federal (PP-BA)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 1.247.820,85
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 6.958,84
    OASR$ 4.568,18
    UTCR$ 2.855,41
  • 32. Waldir Maranhão (PP-MA) - Deputado

    32 /34(Reprodução)

    Waldir MaranhãoDeputado federal (PP-MA)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 755.794,00
    Valor recebido de empresas investigadas-
  • 33. Antônio Anastasia (PSDB-MG) - Senador

    33 /34(Marcos Oliveira/Agência Senado)

    Antonio AnastasiaSenador (PSDB-MG)
    Valor arrecadado na campanhaR$ 18.107.461,76
    Valor recebido de empresas investigadasR$ 1.010.176,14
    Queiroz GalvãoR$ 80.000,00
    OASR$ 163.464,56
    UTCR$ 504.261,90
    OdebrechtR$ 162.449,68
    Andrade GutierrezR$ 100.000,00
  • 34. Veja agora o que os políticos investigados têm a dizer sobre o caso

    34 /34(José Cruz/ Agência Brasil)

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