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Joesley confirma na PF R$ 500 mil para Ciro Nogueira "na garagem de casa"

Nesta terça-feira, 24, presidente do PP foi alvo da Operação Lava Jato. Os agentes da Polícia Federal fizeram buscas no gabinete e na residência do senador

Ciro Nogueira: por conta de citações nas delações dos executivos da J&F, a PGR já pediu ao STF a instauração de novo inquérito contra o senador (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Ciro Nogueira: por conta de citações nas delações dos executivos da J&F, a PGR já pediu ao STF a instauração de novo inquérito contra o senador (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de abril de 2018 às 16h40.

Última atualização em 25 de abril de 2018 às 16h58.

Brasília - O empresário Joesley Batista, acionista do grupo J&F, prestou depoimento à Polícia Federal no qual confirma ter repassado R$ 500 mil em espécie ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Partido Progressista. As informações foram prestadas ao delegado Cleyber Malta Lopes no último dia 6 de abril, em relato dentro da investigação aberta para apurar se o ex-procurador Marcelo Miller auxiliou os delatores da J&F ainda quando estava na Procuradoria-geral da República (PGR).

A informação sobre o novo depoimento de Joesley foi dada pela repórter Camila Bomfim, da TV Globo. O jornal O Estado de S. Paulo confirmou os dados e teve acesso ao relato de Joesley.

Nesta terça-feira, 24, Ciro foi alvo da Operação Lava Jato. Os agentes da Polícia Federal fizeram buscas no gabinete e na residência do senador, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo. As buscas se estenderam também ao deputado Dudu da Fonte (PP/PE). Os dois negam envolvimento em propinas.

O empresário revelou os detalhes do repasse ao senador quando explicava ao delegado o conteúdo e o motivo de ter feito uma gravação chamada "Piauí Ricardo 3".

O áudio dessa gravação é o mesmo que resultou no pedido do então procurador-geral da República Rodrigo Janot para que fosse aberta uma apuração sobre possíveis omissões no acordo dos executivos da J&F.

"Que o objetivo de tais gravações era registrar os diálogos durante as tratativas e entrega de R$ 500 mil para Ciro Nogueira", disse Joesley no seu depoimento. De acordo com o empresário, a entrega dos valores foi efetuada pelo então diretor de relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud, na garagem da residência de Batista, na capital paulista, em 17 de março de 2017.

O empresário disse ainda que a "gravação ocorreu por acidente" e que não se recorda exatamente em poder de quem estava o gravador. "Que no momento da gravação Piauí Ricardo 3, o depoente e Ricardo Saud não sabiam que o equipamento estava ligado e, somente no dia seguinte, quando Demilton, colaborador e funcionário da J&F, percebeu que o arquivo era muito grande e avisou o depoente sobre tal gravação", disse Joesley.

Na versão do empresário, embora o conteúdo dos áudios tenha "por acidente conversas de cunha pessoal e sobre intimidade de terceiros", a possibilidade de exclusão o edição do material foi descartada.

Inquérito

Por conta de citações nas delações dos executivos da J&F, a PGR já pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instauração de novo inquérito contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI) por supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

As acusações giram em torno do suposto recebimento de vantagens indevidas pelo PP para apoiar a reeleição de Dilma Rousseff (PT) em 2014 e não agir contra a ex-presidente no processo de impeachment instaurado no Congresso Nacional.

O pedido de instauração de inquérito, feito em dezembro de 2017, é baseado na colaboração premiada feita pela JBS em maio, que, segundo a PGR, revelam o pagamento de vantagens ilícitas a Ciro Nogueira.

Defesa

O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, se manifestou em nota: "O Senador nega peremptoriamente que tenha recebido este dinheiro. Sempre manteve relação com vários empresários, sempre de maneira republicana."

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