Exame Logo

Greve dos rodoviários de São Luís chega ao 9º dia

Greve dos motoristas e cobradores de ônibus de São Luís entra hoje no nono dia sem sinal de acordo entre rodoviários, empresários e prefeitura

Maranhão: greve afeta 750 mil usuários (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2014 às 13h26.

Brasília -A greve dos motoristas e cobradores de ônibus de São Luís , no Maranhão , entra hoje (30) no nono dia sem sinal de que rodoviários, empresários e prefeitura cheguem a um acordo para pôr fim à paralisação que afeta o dia a dia de 750 mil usuários do transporte público.

Ontem (29) à tarde, os trabalhadores aprovaram a continuidade da greve e a paralisação total da frota.

A decisão da categoria contraria determinação judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (TRT-MA), que decretou que empresas e trabalhadores garantam, no mínimo, 70% da frota circulando normalmente.

Os próprios trabalhadores afirmam que, nos últimos três dias, 100% da categoria aderiu à paralisação.

A determinação judicial prevê multa de R$ 4 mil por hora caso o sindicato dos rodoviários descumpra o mínimo estabelecido.

Segundo a assessoria do TRT, essa multa já vem sendo aplicada desde o início da greve, no último dia 22 pois, desde então, os trabalhadores só respeitaram os 70% durante o último final de semana.

No dia em que a greve foi deflagrada, apenas 35% da frota rodou normalmente.

Na sexta-feira (23), 59%. Na última segunda-feira (24), 63%.

Entre esta terça-feira (25) e ontem, nenhum ônibus circulou.

De acordo com o secretário administrativo do sindicato dos rodoviários, Isaías Castelo Branco, a entidade já recorreu da determinação.


Segundo o sindicalista, a categoria manteve 70% da frota durante os primeiros dias, mas o tribunal entende que não, por se basear em números fornecidos pelos empresários e que, para o sindicato, não refletem a realidade.

“Como a ordem de serviço fornecida não condiz com a realidade, a desembargadora está se baseando em um número que não existe. Falam em 1.130 ônibus circulando em dias normais, quando, na realidade, apenas cerca de 800 costumam estar nas ruas. A própria secretaria municipal de transporte já confirmou haver uma contradição nesses números. Tanto que, durante a audiência de conciliação, pedimos ao TRT que solicite à secretaria uma aferição dos bilhetes eletrônicos para conhecermos o número real”, declarou Castelo Branco.

Inicialmente, os rodoviários reivindicavam 16% de aumento salarial. Na audiência de conciliação dessa quarta-feira (28), os representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Maranhão (Sttrema) apresentaram uma nova proposta, reduzindo o percentual de reajuste para 11%.

Os trabalhadores também aceitaram abrir mão da exigência de redução da jornada de trabalho de sete horas e 20 minutos para seis horas diárias, mas mantiveram outros itens da pauta, como 40% de reajuste do tíquete-alimentação, inclusão de mais um dependente no plano de saúde, implantação do plano odontológico e seguro de vida.

O sindicato patronal não cedeu às reivindicações dos trabalhadores, argumentando que as empresas só podem conceder aumento salarial aos seus empregados caso a prefeitura autorize o reajuste dos preços das passagens.

A prefeitura, por sua vez, informou só aceitar extinguir a prática conhecida como “domingueira”, que é a cobrança reduzida da tarifa nos finais de semana e feriados, reduzir o ICMS do combustível e combater as fraudes nas gratuidades e meias passagens e o transporte clandestino.

Os sindicatos dos trabalhadores e patronal têm dez dias para contestar o dissídio coletivo.

Única cidade com menos de um milhão de habitantes com BRT, a mineira Uberlândia, com pouco mais de 600 mil pessoas, tem um corredor de 7,5 quilômetros na Avenida João Naves de Ávila há seis anos. Outros municípios brasileiros possuem faixas exclusivas, mas não atendem a todos os critérios de um BRT. Levando o preceito de ser na superfície o que o metrô é abaixo da terra, até mesmo shopping em uma das estações o BRT de Uberlândia tem, o que deve soar familiar para moradores de São Paulo. A imagem ao lado mostra uma das vantagens do sistema: a acessibilidade. Deficientes físicos adentram o coletivo tão rápido quanto os demais passageiros, já que as estações são elevadas.  O corredor deu tão certo que o governo já tem mais quatro projetos aguardando verba do governo federal.
  • 2. São Paulo (SP) - 2007

    2 /3(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    Dominante em Curitiba, o uso do BRT em São Paulo não chega nem perto de fazer cosquinha no metrô: os 9,7 quilômetros do primeiro transportam 81 mil pessoas diariamente, segundo a SPTrans, enquanto os 74 quilômetros do transporte subterrâneo dão conta de 4,5 milhões de viagens todos os dias.  Mas quando se trata de avaliação, o único corredor BRT da cidade se sai até melhor. Na última pesquisa da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), 81% dos passageiros acham o Expresso Tiradentes excelente ou bom, índice que cai para 74% no metrô. Os ônibus convencionais ficaram com 40%. O tempo de viagem entre o Terminal Sacomã e o Parque Dom Pedro II foi enormemente encurtado: caiu de 70 para 14 minutos, segundo a SPTrans. Em relação ao BRT “ideal”, o Expresso Tiradente perde apenas porque foi construído em via elevada. “Deveria ser na (altura da) rua, porque tem vantagem do ponto de vista da acessibilidade. Mas em relação a velocidade, o benefício foi plenamente atingido”, afirma Otávio Cunha, da NTU.
  • 3. Rio de Janeiro (RJ) - 2012

    3 /3(Divulgação/Facebook)

  • Como diz a máxima, quem ri por último, ri melhor. Quando se trata de BRT, o Rio de Janeiro pode ter chegado atrasado, mas saiu na frente na nova leva de munícipios onde o sistema está sendo implantado por causa da Copa. O Transoeste foi inaugurado em junho. O Rio segue as regras dos BRTs, a mais importante delas sendo as vias com ultrapassagem, que permitem a existência de linhas expressas e semiexpressas. Quem quer ir de uma ponta a outra o pode fazer sem demoras. Em pesquisa realizada pelo Instituto Mapear, a aprovação chegou a 90%, resultado de quem demorava até 2h30 no trajeto entre Santa Cruz e Barra da Tijuca e agora o faz em 40 minutos. Dentro dos ônibus articulados, uma gravação informa a próxima estação de parada, como em metrôs. Os GPS nos ônibus permitem que se saiba quando chegarão às estações, como em outros BRTs desta galeria. Mas o governo precisará resolver os atropelamentos, que têm sido constantes. Na capital carioca, mais três corredores estão em construção para serem inaugurados até o Mundial de 2014 e as Olimpíadas.
    Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasGrevesMaranhãoÔnibusSão Luís (MA)Transporte públicoTransportes

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Brasil

    Mais na Exame