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Em evento do novo partido de Bolsonaro, militantes hostilizam jornalistas

Lançamento da legenda teve críticas ao comunismo e discurso do presidente, mas sigla ainda tem longo caminho para ser criado oficialmente

Jair Bolsonaro: presidente participou de evento de lançamento de novo partido após saída do PSL  (Ueslei Marcelino/Reuters)

Jair Bolsonaro: presidente participou de evento de lançamento de novo partido após saída do PSL (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 21 de novembro de 2019 às 19h47.

Brasília — Jornalistas foram hostilizados por militantes e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no primeiro evento do partido que pretende criar, o Aliança pelo Brasil, em Brasília.

Realizada em um hotel de luxo de Brasília, a primeira convenção da sigla contou com aguerridos participantes populares, que alteravam gritos de guerra em apoio ao presidente com xingamentos a profissionais de imprensa como "lixo", "esquerdistas" e "raça imunda".

As manifestações da militância tinham a TV Globo, e os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo como alvos preferidos, ainda que as ofensas fossem proferidas contra os jornalistas em geral.

Os profissionais de imprensa puderam acompanhar o evento, que ocorria em um ambiente fechado no hotel, do lado de fora, no gramado, separados dos simpatizantes de Bolsonaro por cercas de metal.

Não é a primeira vez que a imprensa é tratada com agressividade por simpatizantes de Bolsonaro. O Palácio da Alvorada, onde mora o presidente, já foi palco de intimidações e constrangimentos a jornalistas por parte de militantes.

Até mesmo o presidente tem a imprensa como alvo em discursos e declarações, e, mais recentemente, além de ameaçar seus anunciantes, tomou providências práticas contra o setor. A primeira delas, uma medida provisória, desobrigava empresas a publicarem seus balanços em jornais de grande circulação.

Ao anunciar a proposta, com potencial de reduzir fortemente as receitas de alguns desses veículos, Bolsonaro chegou a, ironicamente, afirmar que a imprensa apoiaria a medida, que não contou com a simpatia da maioria do Congresso Nacional.

Depois, em outra MP que trata de incentivos para a contratação de jovens, o governo estabeleceu a retirada da exigência do registro profissional para a profissão de jornalista no país, ideia duramente criticada por entidades da classe e sindicatos.

Bolsonaro determinou ainda o cancelamento de todas as assinaturas da Folha no governo federal, alertando que anunciantes do jornal deveriam "prestar atenção".

No discurso desta quinta, foi a vez de Bolsonaro focar na TV Globo, a quem acusa de ter um acordo com o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), para atacá-lo e também a membros de sua família.

Bolsonaro não é o único a atacar a imprensa. Quando presidente, o petista Luiz Inácio Lula da Silva atacava veículos de comunicação e apoiadores seus se referiam a eles como PIG, ou o Partido da Imprensa Golpista.

Recentemente, depois de deixar a prisão, Lula voltou à carga, criticando as Redes Globo, Record e SBT.

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