São Paulo – Você tem 15 anos e está no 1º ano do ensino médio. Você olha para o lado e mais da metade de seus colegas são, pelo menos, dois anos mais velhos que você. É possível que eles já tenham reprovado, largado os estudos e depois retornado ou simplesmente começaram a estudar atrasados. Não importa: eles estão na série errada para a idade deles. Um ambiente como esse é um prato cheio para o que se detecta no início do ensino médio em nível nacional: em nenhuma outra série, tantos alunos largam o curso no meio do ano letivo (ação conhecida como abandono) ou até terminam, mas não aparecem no ano seguinte para estudar (a chamada evasão). As reprovações vão às alturas. Não é preciso ser estudioso do tema para saber que quem perde (muito) com isso é o Brasil, os próprios jovens e, comprovam os estudos, até seus filhos. A situação imaginada no começo desta matéria é uma realidade estatística do 1º ano em escolas do Pará, Piauí e Bahia, os casos mais sérios da chamada “distorção idade-série”. Nesse triste cenário, alguns estados têm lidado melhor com o problema. São, principalmente, São Paulo e Santa Catarina, os únicos onde o número é menor que 20% no 1º ano. O elogio a essas últimas unidades da federação, porém, é relativo. “Qualquer coisa acima de 10% é pouco razoável. Em estados mais pobres, ter números perto de 20% não seria absurdo”, diz Ernesto Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann, sobre os índices que o Brasil deve almejar na área. Para ele, o grande entrave hoje é o hábito de tratar a repetência como problema do aluno, e não da escola (mesmo que ela atinja metade deles!), quase não havendo estratégias para recolocá-los ns direção certa. “O aluno que repetiu é tratado da mesma forma, sem diferenciação”, afirma Faria, que coletou os números que podem ser vistos a seguir no Censo Escolar 2012, todos presentes também no QEdu, plataforma online de dados educacionais. Veja onde este problema é mais ou menos grave no país. E lembre: nenhum dos estados está em situação realmente confortável. Nem os melhores.

Nas escolas públicas: 21,2% Nas escolas particulares: 5,5% No total, 19,1% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Arealva (2,1%) Pior situação: Buritzal (70,6%)

Nas escolas públicas: 27,9% Nas escolas particulares: 4,8% No total, 25,2% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: São Manoel do Paraná (4,8%) Pior situação: Cafeara (54,2%)

Nas escolas públicas: 36% Nas escolas particulares: 8,8% No total, 32,9% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: São Roque do Canaã (17,6%) Pior situação: Bom Jesus do Norte (50%)

Nas escolas públicas: 35,4% Nas escolas particulares: 10,2% No total, 33% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Bom Jesus da Penha (3,8%) Pior situação: Santana do Deserto (78,1%)

Nas escolas públicas: 37,8% Nas escolas particulares: 9,9% No total, 34,6% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Abaiara (8,7%) Pior situação: Icapuí (58,3%)

Nas escolas públicas: 36,3% Nas escolas particulares: 5,4% No total, 34,8% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: São Luiz (16,7%) Pior situação: Uiramuta (55,2%)

Nas escolas públicas: 36,9% Nas escolas particulares: 10,5% No total, 35,3% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Tupirama (12,5%) Pior situação: Rio dos Bois (63,8%)

Nas escolas públicas: 37,2% Nas escolas particulares: 6,1% No total, 35,7% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Epitáciolândia (30,1%) Pior situação: Marechal Thaumaturgo (64%)

Nas escolas públicas:  43,3% Nas escolas particulares: 10,2% No total, 36,1% estão atrasados mais de 2 anos

Nas escolas públicas: 40,3% Nas escolas particulares: 6,8% No total, 37,2% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Nova Pádua (4,3%) Pior situação: Dona Francisca (79%)

Nas escolas públicas: 40,6% Nas escolas particulares: 7,6% No total, 37,4% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Bandeirantes (19,1%) Pior situação: Tacuru (55,3%)

Nas escolas públicas: 41,3% Nas escolas particulares: 6,2% No total, 39% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Glória d'Oeste (22,5%) Pior situação: General Carneiro (69,7%)

Nas escolas públicas: 41,4% Nas escolas particulares: 9,3% No total, 39,3% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Cabixi (14,4%) Pior situação: Teixeirópolis (57%)

Nas escolas públicas: 46,4% Nas escolas particulares: 14,1% No total, 39,8% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Itaocara (24,7%) Pior situação: Rio das Flores (58,2%)

Nas escolas públicas: 48,1% Nas escolas particulares: 9,5% No total, 43% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Carrapateira (20%) Pior situação: Casserengue (73,4%)

Nas escolas públicas: 46% Nas escolas particulares: 12,3% No total, 43,9% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Primeira Cruz (0,7%) Pior situação: Amapá do Maranhão (81,1%)

Nas escolas públicas: 48,5% Nas escolas particulares: 10,8% No total, 44,5% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Fernando de Noronha (8%) Pior situação: Angelim (71,6%)

Nas escolas públicas: 48,2% Nas escolas particulares: 10,3% No total, 45,6% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Santana (37,7%) Pior situação: Oiapoque (72,5%)

Nas escolas públicas: 52,6% Nas escolas particulares: 10,1% No total, 43,5% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Batalha (32,2%) Pior situação: Coqueiro Seco (81,5%)

Nas escolas públicas: 54,3% Nas escolas particulares: 10,2% No total, 48,9% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Santana do Serido (22,2%) Pior situação: Major Sales (78,8%)

Nas escolas públicas: 55,6% Nas escolas particulares: 13,8% No total, 49,1% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Amparo de São Francisco (25%) Pior situação: Itaporanda D'Ajuda (76,9%)

Nas escolas públicas: 51,4% Nas escolas particulares: 12,2% No total, 49,1% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Eirunepe (32,7%) Pior situação: Japura (83,3%)

Nas escolas públicas: 53,3% Nas escolas particulares: 10,5% No total, 50% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Souto Soares (21,9%) Pior situação: Pau Brasil (92,6%)

Nas escolas públicas:55,4% Nas escolas particulares: 14,8% No total, 51% estão atrasados mais de 2 anos Melhor situação: Olho D'Água do Piauí (22%) Pior situação: Currais (92,2%)