Economistas que mais acertam preveem fracasso de política do BC
Segundo a expectativa do boletim Focus, alta da Selic deve ficar em 0,25 ponto percentual, mas analistas acreditam que política monetária não será suficiente
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2011 às 11h10.
Brasília/Nova York - Os economistas que mais acertam nas previsões da inflação brasileira acreditam que o Banco Central vai desacelerar o ritmo de altas nos juros. Eles também acham que isso não será suficiente para frear os preços ao consumidor, que sobem com a maior velocidade em dois anos.
O Comitê de Política Monetária vai aumentar a taxa básica Selic hoje em 25 pontos-base, ou 0,25 ponto percentual, após elevações de 50 pontos-base em cada uma das últimas duas reuniões para 11,75 por cento, segundo a mediana das estimativas dos Top 5, que são os cinco analistas que projetaram com mais precisão a inflação de março nas pesquisas semanais do BC com o mercado. Essa projeção é menor do que a aposta de aumento de 50 pontos-base hoje, de 31 dos 58 economistas participantes de uma pesquisa da Bloomberg.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, precisa reforçar as medidas contra a inflação para levar os preços ao consumidor de volta à meta em 2012, segundo os integrantes do grupo Top 5. O custo de vida vai aumentar 6,6 por cento este ano, segundo a mediana das estimativas do grupo. A projeção é maior do os 6,55 por cento que eles previam uma semana antes e 12 pontos-base acima da expectativa dos investidores para aumentos de preços nos próximos dois anos, medida pela diferença entre o rendimento dos títulos prefixados e dos atrelados à inflação.
Perspectiva para juros
“A economia precisa de uma desaceleração mais forte do que o Banco Central acredita”, disse Alexandre Soriano, economista da Kondor Invest que é o segundo colocado no ranking de precisão das projeções, em entrevista por telefone de São Paulo. “Eles gostariam de diminuir o ritmo de aumento da Selic, mas as expectativas apontam para uma inflação mais alta e os dados econômicos sugerem que eles deveriam fazer um aperto maior.”
Os contratos do mercado de juros futuros mostram que operadores de renda fixa reduziram as apostas para a Selic no fim do ano em 50 pontos-base para 12,75 por cento, desde a declaração do BC, em 10 de março, de que as medidas para conter os empréstimos bancários são uma arma “rápida e potente” na luta contra a inflação. O juro real no Brasil, que exclui a inflação, é o segundo mais alto do mundo, só atrás da Croácia.
Desde o início do mandato em 1 de janeiro, o governo da Presidente Dilma Rousseff ampliou o uso das chamadas medidas macroprudenciais para desacelerar o crescimento do crédito. Após o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva ter subido o depósito compulsório em dezembro, Dilma elevou o Imposto sobre Operações Financeiras em empréstimos no exterior e dobrou para 3 por cento a alíquota do IOF no crédito à pessoa física.
Inflação mais alta
“Se o Banco Central subir 25 pontos-base agora, estaria dizendo ao mercado ‘mudamos os instrumentos, temos novos instrumentos agora’”, disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo. “É uma grande mudança em relação a tudo o que tínhamos no Brasil em termos de política monetária.”
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu para 6,3 por cento nos 12 meses até março, o ritmo mais alto desde novembro de 2008, e próximo ao teto de 6,5 por cento da meta. No Relatório Trimestral de Inflação de 30 de março, o BC afirmou que o custo para reduzir a inflação ao centro da meta de 4,5 por cento este ano seria “demasiado elevado” e que o objetivo é atingir a meta em 2012. As limitações ao crédito e a decisão de Dilma de cortar R$ 51 bilhões do orçamento deste ano ajudarão, segundo o BC.
Quem faz estimativas para a inflação não se convenceu. O IPCA vai subir 5 por cento até o fim de 2012, de acordo com a estimativa mediana da pesquisa Focus do BC com cerca de 100 economistas publicada em 18 de abril. A projeção mediana dos cinco que mais acertam é de inflação de 5,3 por cento até lá.
Fortalecimento do câmbio
A autoridade monetária está reduzindo o ritmo de aumento da Selic devido à expectativa de que os reajustes de preços de alimentos e combustíveis vão se desacelerar nos próximos meses, disse Perfeito. Os preços dos alimentos avançaram 0,75 por cento em março, contra 0,23 por cento em fevereiro, enquanto a gasolina ficou 1,97 por cento mais cara, contra 0,5 por cento em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O Copom vai subir a Selic em 50 pontos-base hoje e então parar e esperar para ver os efeitos das medidas já adotadas, disse Adriana Dupita, economista-chefe da Votorantim Corretora e quinta colocada no ranking de precisão nas projeções para a inflação de março. O real, que se valorizou 39 por cento nos últimos dois anos, pode se fortalecer ainda mais se a Selic subir mais, atraindo investidores que tomam recursos a juros quase nulos nos Estados Unidos, disse ela.
“O Banco Central está certo, não se pode entender a economia olhando apenas para a política monetária”, disse ela. “Simplesmente subir os juros seria um erro.”
O Banco Itaú SA, maior instituição da América Latina por valor de mercado, e o Itaú Asset Management, respectivamente primeiro e quarto colocados no ranking de projeções, esperam aumento de 25 pontos-base na Selic hoje. O Opportunity Asset, terceiro melhor nas projeções de inflação do mês passado, se recusou a fazer comentários ou divulgar suas estimativas.
Brasília/Nova York - Os economistas que mais acertam nas previsões da inflação brasileira acreditam que o Banco Central vai desacelerar o ritmo de altas nos juros. Eles também acham que isso não será suficiente para frear os preços ao consumidor, que sobem com a maior velocidade em dois anos.
O Comitê de Política Monetária vai aumentar a taxa básica Selic hoje em 25 pontos-base, ou 0,25 ponto percentual, após elevações de 50 pontos-base em cada uma das últimas duas reuniões para 11,75 por cento, segundo a mediana das estimativas dos Top 5, que são os cinco analistas que projetaram com mais precisão a inflação de março nas pesquisas semanais do BC com o mercado. Essa projeção é menor do que a aposta de aumento de 50 pontos-base hoje, de 31 dos 58 economistas participantes de uma pesquisa da Bloomberg.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, precisa reforçar as medidas contra a inflação para levar os preços ao consumidor de volta à meta em 2012, segundo os integrantes do grupo Top 5. O custo de vida vai aumentar 6,6 por cento este ano, segundo a mediana das estimativas do grupo. A projeção é maior do os 6,55 por cento que eles previam uma semana antes e 12 pontos-base acima da expectativa dos investidores para aumentos de preços nos próximos dois anos, medida pela diferença entre o rendimento dos títulos prefixados e dos atrelados à inflação.
Perspectiva para juros
“A economia precisa de uma desaceleração mais forte do que o Banco Central acredita”, disse Alexandre Soriano, economista da Kondor Invest que é o segundo colocado no ranking de precisão das projeções, em entrevista por telefone de São Paulo. “Eles gostariam de diminuir o ritmo de aumento da Selic, mas as expectativas apontam para uma inflação mais alta e os dados econômicos sugerem que eles deveriam fazer um aperto maior.”
Os contratos do mercado de juros futuros mostram que operadores de renda fixa reduziram as apostas para a Selic no fim do ano em 50 pontos-base para 12,75 por cento, desde a declaração do BC, em 10 de março, de que as medidas para conter os empréstimos bancários são uma arma “rápida e potente” na luta contra a inflação. O juro real no Brasil, que exclui a inflação, é o segundo mais alto do mundo, só atrás da Croácia.
Desde o início do mandato em 1 de janeiro, o governo da Presidente Dilma Rousseff ampliou o uso das chamadas medidas macroprudenciais para desacelerar o crescimento do crédito. Após o antecessor Luiz Inácio Lula da Silva ter subido o depósito compulsório em dezembro, Dilma elevou o Imposto sobre Operações Financeiras em empréstimos no exterior e dobrou para 3 por cento a alíquota do IOF no crédito à pessoa física.
Inflação mais alta
“Se o Banco Central subir 25 pontos-base agora, estaria dizendo ao mercado ‘mudamos os instrumentos, temos novos instrumentos agora’”, disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo. “É uma grande mudança em relação a tudo o que tínhamos no Brasil em termos de política monetária.”
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu para 6,3 por cento nos 12 meses até março, o ritmo mais alto desde novembro de 2008, e próximo ao teto de 6,5 por cento da meta. No Relatório Trimestral de Inflação de 30 de março, o BC afirmou que o custo para reduzir a inflação ao centro da meta de 4,5 por cento este ano seria “demasiado elevado” e que o objetivo é atingir a meta em 2012. As limitações ao crédito e a decisão de Dilma de cortar R$ 51 bilhões do orçamento deste ano ajudarão, segundo o BC.
Quem faz estimativas para a inflação não se convenceu. O IPCA vai subir 5 por cento até o fim de 2012, de acordo com a estimativa mediana da pesquisa Focus do BC com cerca de 100 economistas publicada em 18 de abril. A projeção mediana dos cinco que mais acertam é de inflação de 5,3 por cento até lá.
Fortalecimento do câmbio
A autoridade monetária está reduzindo o ritmo de aumento da Selic devido à expectativa de que os reajustes de preços de alimentos e combustíveis vão se desacelerar nos próximos meses, disse Perfeito. Os preços dos alimentos avançaram 0,75 por cento em março, contra 0,23 por cento em fevereiro, enquanto a gasolina ficou 1,97 por cento mais cara, contra 0,5 por cento em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O Copom vai subir a Selic em 50 pontos-base hoje e então parar e esperar para ver os efeitos das medidas já adotadas, disse Adriana Dupita, economista-chefe da Votorantim Corretora e quinta colocada no ranking de precisão nas projeções para a inflação de março. O real, que se valorizou 39 por cento nos últimos dois anos, pode se fortalecer ainda mais se a Selic subir mais, atraindo investidores que tomam recursos a juros quase nulos nos Estados Unidos, disse ela.
“O Banco Central está certo, não se pode entender a economia olhando apenas para a política monetária”, disse ela. “Simplesmente subir os juros seria um erro.”
O Banco Itaú SA, maior instituição da América Latina por valor de mercado, e o Itaú Asset Management, respectivamente primeiro e quarto colocados no ranking de projeções, esperam aumento de 25 pontos-base na Selic hoje. O Opportunity Asset, terceiro melhor nas projeções de inflação do mês passado, se recusou a fazer comentários ou divulgar suas estimativas.