É cedo para falar de falhas na vacina de Oxford, diz Ministério da Saúde
O governo brasileiro aposta no imunizante britânico contra a covid-19. Já separou crédito de quase 2 bilhões para a importação e produção nacional
Carolina Riveira
Publicado em 9 de setembro de 2020 às 19h33.
Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 19h51.
Um dia depois do laboratório AstraZeneca e da Universidade de Oxford anunciarem a interrupção na fase de testes da vacina contra a covid-19 , técnicos do Ministério da Saúde disseram que o governo brasileiro foi informado da medida e que ainda é precoce falar sobre falhas.
"É muito cedo para fazer qualquer afirmação sobre falhas. A suspensão dos testes é um procedimento de segurança e um evento natural que precisa ser investigado", disse Élcio Franco, secretário executivo do Ministério da Saúde, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 9.
A vacina britânica é a aposta do governo brasileiro no combate à pandemia do coronavírus. No começo de agosto, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma medida provisória que abriu crédito orçamentário de 1,9 bilhão de reais para assegurar a compra de 100 milhões de doses e posterior produção local do imunizante.
Segundo Élcio Franco, o risco da compra adiantada de uma vacina é "inerente à conjuntura, não somente ao brasil, mas a vários países, sob pena de não ter uma vacina".
O acordo do governo brasileiro prevê a compra de 30 milhões de doses da vacina, com entrega em dezembro deste ano e janeiro do ano que vem, e a possibilidade de aquisição de mais 70 milhões se a imunização tiver eficácia e segurança comprovadas. Como a vacina ainda está em fase de testes, o Brasil assume parte dos riscos do investimento se a imunização não funcionar.
"Ainda não sabemos quanto o cronograma da vacina AstraZeneca está impactado em razão da suspensão dos testes. É preciso aguardar e avaliar. O Brasil também está acompanhando o desenvolvimento de outras vacinas, via Instituto Butantan, e via Instituto de Tecnologia do Paraná", disse Élcio Franco
Na terça-feira, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a dizer que a vacinação poderia começar em janeiro de 2021.
Vacina chinesa tem 98% de eficácia
Os testes da vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, junto com o Instituto Butantan em São Paulo, mostraram que ela tem uma eficácia de 98% no grupo de voluntários acima de 60 anos. Os resultados preliminares foram apresentados pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e pelo presidente do Butantan, Dimas Covas, nesta quarta-feira, 9.
Dos 9.000 voluntários que vão passar pela fase de testes no Brasil, 4.000 já receberam a primeira dose — ela tem duas doses, com a segunda aplicada 14 dias após a primeira. Deste total, 421 voluntários são idosos. A previsão é que até o fim de setembro todos os voluntários tenham passado pelos testes e a vacinação comece ainda em dezembro deste ano.