Do Brasil ao Uruguai: os militares na política
Candidato do PSL interrompeu seus compromissos eleitorais e deixou seu filho, Flávio Bolsonaro, e Mourão como seus representantes
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2018 às 06h28.
Última atualização em 17 de setembro de 2018 às 06h58.
O candidato à vice-presidência na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão (PRTB), vai fazer uma visita ao candidato à presidência, nesta segunda-feira, para tratar um tema essencial para a campanha, e para o país: qual seu papel na corrida eleitoral.
Desde que foi vítima de um ataque com faca, Jair Bolsonaro interrompeu seus compromissos eleitorais, mantendo seu filho, Flávio Bolsonaro, e Mourão como seus representantes. Após a visita, Mourão continuará em São Paulo, e participará de uma palestra com empresários da construção civil. Ao menos uma dúvida parece ter sido sanada: o PRTB desistiu no fim de semana de formalizar recurso no Tribunal Superior Eleitoral para que Mourão substitua o companheiro de chapa nos debates. O pedido foi feito à revelia do cabeça de chapa.
Bolsonaro se recupera de duas cirurgias, e pode ficar por mais um mês internado no hospital. Segundo seu filho, ele pode passar por uma nova cirurgia nas próximas semanas, o que pode inviabilizar inclusive atos de campanha no segundo turno.
Mourão já tinha afirmado que Bolsonaro é “insubstituível”, especialmente em atos nas ruas, mas ressaltou que sua campanha perde espaço com a ausência em outros eventos. Dar mais espaço ao general é uma questão que tem dividido o PSL. Mourão é considerado uma figura ainda mais polêmica que o próprio Bolsonaro, e foi confirmado como vice na chapa após uma série de negativas.
Na sexta-feira, a candidata pela Rede, Marina Silva , afirmou que a proposta de Mourão – de criar uma Constituição “mais enxuta” – pode ser classificada como uma forma de “golpe”. A crítica ocorreu um dia após o general afirmar que uma nova Constituição deveria ser feita por “notáveis”, sem necessidade de passar pelo crivo de uma Assembleia Constituinte (ou seja, da população).
Na área de segurança, Mourão afirma que o país precisa valorizar o trabalho dos policiais, aumentar as políticas de segurança pública, e deixar os “direitos humanos para humanos direitos, e não para marginais”.
Enquanto isso, no Uruguai, a interferência das forças armadas em assuntos civis também está no centro dos debates. O comandante do Exército, Guido Manini Ríos, será preso hoje após ter se pronunciado contra a reforma do sistema de pensão militar proposta pelo governo. A prisão foi decretada pelo presidente uruguaio, Tabaré Vázquez.