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Dilma é afastada por 55 votos a 22

Após 20 horas de sessão, o plenário do Senado decidiu, por 55 votos a 22, afastar a presidente Dilma Rousseff. O voto, como previsto, foi feito pelo painel eletrônico, pouco após as 6h30, mas ao longo do dia a aprovação do impeachment se mostrou inevitável. Com a decisão, Dilma Rousseff é afastada do cargo por […]

SENADO: Texto de autoria dos tucanos Aécio Neves e Ricardo Ferraço será votado nesta quarta-feira no Senado / AGÊNCIA SENADO

SENADO: Texto de autoria dos tucanos Aécio Neves e Ricardo Ferraço será votado nesta quarta-feira no Senado / AGÊNCIA SENADO

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2016 às 06h54.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h04.

Após 20 horas de sessão, o plenário do Senado decidiu, por 55 votos a 22, afastar a presidente Dilma Rousseff. O voto, como previsto, foi feito pelo painel eletrônico, pouco após as 6h30, mas ao longo do dia a aprovação do impeachment se mostrou inevitável. Com a decisão, Dilma Rousseff é afastada do cargo por até 180 dias — nesse período, segundo decidido pelo Senado, ela manterá todas as prerrogativas e benefícios do cargo, como remuneração, equipe de assistentes e residência.

O placar final, com maioria de dois terços da Casa, acabou sendo uma derrota dolorosa para Dilma — mantido esse placar na próxima sessão de votação, a agora presidente afastada perderá definitivamente o cargo. Apenas dois senadores peemedebistas não votaram — Jader Barbalho e Eduardo Braga. É consenso em Brasília que Dilma terá muita dificuldade de reverter o placar nos próximos meses.

O dia no Senado foi de espera. Setenta e um dos oitenta e um senadores discursaram e a sessão, que se iniciou às 10h e estava prevista para encerrar no meio da noite, se estendeu até as 6h. Durante o dia, alguns discursos se destacaram. Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, criticou o governo ao dizer que “governos populistas sempre agem com irresponsabilidade fiscal, e, quando fracassam, usam sempre o velho discurso da divisão do país entre nós e eles”. Cristovam Buarque (PPS-DF) também foi crítico. “Não fui eu que mudei. Foi a esquerda que envelheceu, não eu. A esquerda que está há 13 anos no poder, e o que demonstra é um desapego à democracia”.

O ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL) usou seus 15 minutos para, mais uma vez, afirmar que sofreu injustiça no processo que o afastou do cargo, há 24 anos. Comparou com o processo que Dilma está passando agora e também criticou a presidente. “Meu processo durou menos de 4 meses”, relembrou. “Este já dura mais de oito”.

No lado dos que defendem o governo, o ex-governador do Paraná, Roberto Requião, chamou o impeachment de “uma asneira monumental”. Requião também criticou Temer, dizendo que seu plano Ponte para o Futuro é o “mesmo que afundou a Europa”.

No começo da tarde de quarta, as esperanças do governo de barrar o processo do impeachment na Justiça foram por água abaixo. O ministro Teori Zavascki não aceitou o mandado de segurança apresentado pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que alegava que o processo continha “vícios” — teria sido aceito pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha como retaliação à falta de apoio do governo.

A agora presidente afastada Dilma Rousseff deve se pronunciar às 10h no Palácio do Planalto. No discurso, deve ressaltar que não desistiu de lutar pelo cargo e criticar as manobras tomadas pela oposição, além de dizer que Temer não tem legitimidade. Logo após, um vídeo deve ser publicado nas redes sociais. Dilma não deve descer a rampa do Planalto para não dar a impressão de que seu governo chegou ao fim.

Michel Temer deve entrar no Palácio do Planalto por volta das 15h. Não deverá haver pronunciamento à população, apenas um discurso para empossar os ministros já escolhidos. As medidas econômicas do novo governo devem ser divulgadas apenas na semana que vem.

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