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Defesa de Joesley e Saud vai pedir revogação de prisão temporária

A defesa classificou a prisão como injusta, ao afirmar que os executivos estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos

Joesley: Joesley e Saud se entregaram à PF em São Paulo nesse domingo (10) (Adriano Machado/Reuters)

Joesley: Joesley e Saud se entregaram à PF em São Paulo nesse domingo (10) (Adriano Machado/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 11 de setembro de 2017 às 20h26.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que assumiu a defesa dos executivos da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud, classificou de "desleal" o pedido de prisão temporária de seus clientes feito pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Kakay, os dois estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos e não deixarão "nenhuma dúvida" de que a prisão temporária, que se iniciou ontem, é "desnecessária e injusta".

Amanhã (12), a defesa dos executivos entrará com um pedido de revogação da prisão temporária.

Após terem os benefícios do acordo de delação premiada que firmaram com o Ministério Público suspensos, Joesley e Saud se entregaram à Polícia Federal em São Paulo nesse domingo e foram encaminhados na tarde de hoje (11) à sede da Superintendência do órgão, em Brasília.

De acordo com Kakay, os executivos entregaram todos os documentos e áudios de que dispunham, inclusive a gravação de uma conversa com o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

As menções a ele e a ministros do STF vieram a público há uma semana, quando Rodrigo Janot revelou ter encontrado um áudio de quatro horas nas quais Joesley e Saud combinam a omissão de informações durante o acordo de delação.

"Ele [Joesley Batista] deu o depoimento [na última quinta-feira], respondendo absolutamente a todas as perguntas. Foi colocado para ele pela Procuradoria se poderia entregar determinado áudio. Ele disse que não tinha entregado antes porque a defesa técnica dele disse que esse áudio não tinha importância, mas que ele se dispunha a entregar. E no momento que estava falando à Procuradoria, estava sendo feito o pedido de prisão pelo PGR. Por isso que eu acho que houve uma deslealdade para com ele", criticou o advogado.

Apesar de crítico dos acordos de delação premiada, Kakay disse que qualquer cidadão tem o "direito de ver preservados" os benefícios que lhe foram concedidos pela colaboração.

"O acordo foi considerado a tal ponto importante que ele teve a imunidade. Foi o único que teve a imunidade, e posteriormente [a PGR] retira esse acordo com pedido de prisão. A maioria dos empresários brasileiros que fizeram acordo, quando surgiu alguma dúvida, foi chamado para fazer um recall - oportunidade explicar alguma dúvida. Por que não chamaram o Joesley e o Ricardo para explicar se tivesse alguma dúvida?", questionou.

Kakay disse que houve uma espetacularização do conteúdo dos novos áudios e criticou os termos usados por Janot para anunciar a investigação que levou ao cancelamento dos benefícios da delação aos executivos.

Na entrevista em que divulgou a descoberta dos áudios, o procurador-geral disse haver "fatos gravíssimos" envolvendo a PGR e o Supremo nas gravações.

"É uma prisão absolutamente desfundamentada do meu ponto de vista, que só se dá porque o doutor Janot resolveu que teria que tirar a imunidade, porque quando ele deu a imunidade ele foi crucificado por toda a mídia nacional e por toda a população brasileira. Eu não sou advogado da delação e não quero discutir a imunidade. Essa não é minha questão. Após delação, o cidadão que cumpre o que está na delação tem o direito subjetivo de ter os benefícios. E ela só pode ser retirada se for uma coisa grave. Aquele áudio não justifica, inclusive porque ele é anterior à delação", argumentou. Segundo Kakay, a conversa de Joesley com Ricardo Saud ocorreu 20 dias antes do início do acordo com a PGR.

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