CPMI do 8/1: governistas querem autor do pedido como investigado – e não presidente
Deputado André Fernandes é um dos investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito sobre autoria dos ataques
Reporter colaborador, em Brasília
Publicado em 20 de abril de 2023 às 16h57.
Última atualização em 20 de abril de 2023 às 17h22.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) disse nesta quinta-feira, 20, que o governo busca maneiras para evitar que o autor do requerimento para a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), André Fernandes (PL-CE), participe das investigações no colegiado.
A justificativa, segundo Lindbergh, é que Fernandes é um dos investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que investiga os autores políticos e intelectuais por trás dos ataques.
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“Estamos estudando todas as medidas possíveis para que esse deputado não participe, ou que participe como investigado. Uma pessoa investigada não pode participar da investigação. É para atrapalhar as investigações”, disse.
André Fernandes teve seu nome incluído no inquérito não apenas por divulgar com dois dias de antecedência a manifestação que resultou nos ataques às sedes dos Três Poderes da República, como também por ironizar a situação, fazendo chacota da invasão ao prédio principal do STF enquanto o ato acontecia.
Maioria governista na comissão
Ainda de acordo com Lindbergh, o governo teria maioria de representação na CPMI tanto na Câmara como no Senado. “Pelo menos 11 senadores vão fazer parte desse bloco governista. Na Câmara serão entre nove e dez deputados”, afirmou.
A comissão deverá ser composta de 44 parlamentares: 11 senadores e 11 deputados titulares, e outros 22 suplentes, sendo também 11 em cada Casa
Lindbergh afirmou durante a coletiva de imprensa que o governo estava cauteloso quanto à abertura de uma CPMI “porque se é governo tem de governar". "Mas que sempre defendeu que os atos fossem apurados”, disse. “Eles [ oposição ] ficaram com aquela narrativa de infiltrados, a gente vai mostrar que não tinha nada disso."
Próximos passos da CPMI
A partir de agora, segundo ele, será discutida a composição do colegiado e os nomes do presidente da comissão e do relator do inquérito parlamentar – ainda incertos. Será escolhido um senador para presidir e um deputado para apresentar o parecer ao final das investigações no colégio, ou vice e versa.
A instalação da comissão deve acontecer após a leitura do pedido de abertura pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), previsto para a próxima quarta-feira, 26, em sessão conjunta do Congresso Nacional.
Governo passa a apoiar CPMI após demissão de ministro do GSI
Na quarta-feira, 19, após a divulgação de imagens que levaram o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Marco Edson Gonçalves Dias, a pedir demissão do cargo, a liderança governo na Câmara anunciou que passaria a apoiar a abertura da CPMI proposta pela oposição para investigar os atos de 8 de janeiro.
Na manhã desta quinta, 20, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), antes contrário, agora defende a instalação da CPMI para apurar as circunstâncias e eventuais responsáveis pelos atos golpistas.
Ao defender a instalação da CPMI, até então evitada pelo Planalto para não atrapalhar a agenda de projetos de Lula, Padilha diz que o grupo não vai interferir no ritmo de tramitação das medidas provisórias (MPs) urgentes apresentadas pelo governo, assim como o andamento do arcabouço fiscal.
Como observou EXAME, há poucos dias a situação parecia às avessas, quando a oposição defendia a instalação da comissão e o governo resistia.
O governo Lula distribuiu verbas e cargos no segundo escalão a parlamentares do Centrão em busca de retirar assinaturas da proposta de instalação da CPMI. A leitura do Planalto é de que, independentemente do tema analisado, uma comissão como essa sempre gera desgastes ao governante de plantão.