"Covid-19 desacelera no Brasil, mas relaxamento pode reverter avanços"
A afirmação é da diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne; segundo ela, a América Latina é a região que mais precisa de vacinas
Ivan Padilla
Publicado em 21 de abril de 2021 às 15h49.
Última atualização em 21 de abril de 2021 às 16h21.
O Brasil registra desaceleração de casos de covid-19 , incluindo na região Amazônica, atingida por forte crise no início do ano, mas o relaxamento de medidas sanitárias de alguns governos pode reverter a melhora, advertiu nesta quarta-feira a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne.
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Etienne disse, porém, que os casos no Brasil permaneceram "alarmantemente altos", enquanto os casos no Chile, que teve "alguns meses difíceis", estavam chegando a uma estabilidade.
Quase todos os países da América Central relatam aumento nas infecções, tendo Cuba, Porto Rico e República Dominicana como os mais afetados e 137 casos de covid-19 registrados em abrigos para pessoas deslocadas pelas erupções vulcânicas em São Vicente e Granadinas.
Na América do Sul, disse ela, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Uruguai e Argentina são os países mais afetados no momento, enquanto o México teve um ligeiro aumento de casos após o feriado de Páscoa e o relaxamento de algumas medidas.
Etienne disse que a Opas se preocupa com a proliferação de "rumores insidiosos e teorias de conspiração" na região, que aumentam a hesitação em relação à vacina.
"A Opas está colaborando com empresas de tecnologia como Twitter, Google e Facebook para abordar notícias falsas e garantir que o público possa encontrar facilmente informações precisas", disse ela.
Ela repetiu o apelo por uma distribuição mais equitativa de imunizantes, exortando os países com excedentes a doá-las a outros que mais precisam.
"A América Latina é a região que atualmente tem maior necessidade de vacinas, essa região deve ser priorizada para distribuição de vacinas", afirmou.
"Esta é uma epidemia global. Ninguém estará seguro até que estejamos todos seguros."
Ciro Ugarte, diretor de Emergências de Saúde da Opas, disse que, devido à escassez de imunizantes na região, passaportes de vacinas não devem ser considerados como mecanismo para limitar viagens, porque agravaria a discriminação contra esses países.
Segundo ele, a Opas viu evidências que o segundo pagamento da Venezuela pelo acesso às vacinas por meio da iniciativa Covax está em andamento e espera que possa ser finalizado "o mais rápido possível" para distribuição a 20% da população, ou 5,7 milhões de pessoas.
Etienne disse que a Covax já forneceu mais de 4,2 milhões de doses da vacina contra covid-19 para 29 países nas Américas, com a previsão de chegada de mais 90.000 à Bolívia nesta quarta.
( Reportagem de Aislinn Laing, edição de Nick Zieminski )
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