Com 2 milhões de revendedoras, Natura faz treinamento sobre voto consciente
Lançamento da campanha ocorreu nesta quinta, dia 15, em São Paulo; empresa também preparou cartilha e série de vídeo sobre cidadania e eleições
Carla Aranha
Publicado em 15 de setembro de 2022 às 17h44.
Última atualização em 16 de setembro de 2022 às 09h13.
A Natura & Co América Latina lançou nesta quinta, 15, uma campanha sobre cidadania e voto consciente. Um dos principais objetivos é promover maior grau de conhecimento sobre o processo eleitoral e expandir a vivência democrática.
“Em nossas pesquisas e avaliações de desenvolvimento das consultoras, surgiu a questão de que muitas enxergam o voto como obrigação, enquanto deveria ser visto como um direito e um poder”, diz Ana Costa, vice-presidente jurídica e de relações governamentais de Natura &Co América Latina. “É essencial exercitar a cidadania e por isso surgiu a ideia de investir nesse tema.”
O lançamento da campanha ocorreu na sede da Natura em São Paulo. Conduzido por Graziella Testa, cientista política da Fundação Getúlio Vargas, contou com a participação de Gabriela Prioli, apresentadora da CNN, Mônica Sodré, diretora-executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, e Luana Xavier, atriz e apresentadora do canal GNT.
Durante o bate-papo entre as participantes, os funcionários da Natura presentes ao evento falaram sobre suas inquietações. O medo de conversar sobre preferências políticas e ser criticado por opositores foi um dos principais temas. “As debatedoras enfatizaram que a liberdade e respeito à opinião de cada um são fundamentais”, diz Costa. “É possível construir o diálogo e usar uma linguagem não violenta. Também queremos levar mais conceitos de cidadania para as nossas consultoras”.
A Natura identificou que suas revendedoras, que compõem um universo de mais de 2 milhões de pessoas, estavam distantes da política. A aferição foi realizada através de uma metodologia inspirada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ONU, e mede o nível de desenvolvimento das consultoras da empresa em áreas como cidadania, trabalho, educação e saúde. Em relação à cidadania, houve retração nos últimos anos. “Organizamos ações para aprimorar os índices que estão baixos, e a campanha da cidadania é uma parte importante desse pacote”, diz Costa.
Faz parte do conjunto de iniciativas o lançamento de materiais como cartilhas com informações sobre o processo eleitoral, o papel dos parlamentares e como analisar as propostas dos candidatos, entre outros temas. A empresa também preparou uma webserie, estrelada pelas consultoras, com conteúdo semelhante.
Voto feminino
O voto feminino pode ajudar a decidir as eleições. Há 82 milhões de eleitoras no país -- e 19% ainda não decidiram em quem votar. "As mulheres sempre foram um segmento com uma abstenção maior em relação aos homens. Nesta eleição, elas formam o grupo de mais indecisos", disse Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa.
O Sudeste, maior colégio eleitoral do país, concentra a maior parte dos indecisos. Em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santos, cerca de 11,3 milhões de pessoas aptas a votar têm dúvidas sobre qual candidato escolher, segundo pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA divulgada no final de agosto. A enquete foi registrada no TSE com o número BR-02405/2022. Foram ouvidas 1.500 pessoas, por telefone, em ligações tanto para telefones fixos como para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Veja o relatório completo .
Polarização
Uma pesquisa realizada pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 67,5% dos eleitores temem serem agredidos por suas escolhas políticas. De acordo com os dados do levantamento, divulgado nesta quinta, dia 15, 3,2% dos entrevistados já foram vítimas de ameaça por conta de suas opiniões sobre política.
O índice relativo ao medo da violência em geral também vem crescendo. Cerca de 82,5% dos entrevistados disseram ter medo de serem assassinados e89,1% se preocupam com a possiblidade de ter seus dados pessoais divulgados na internet.
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