Celso de Mello: decano do STF compartilhou artigo do Financial Times que critica presidente Jair Bolsonaro (Felipe Sampaio/SCO/STF/Divulgação)
Carolina Riveira
Publicado em 7 de junho de 2020 às 15h20.
Última atualização em 7 de junho de 2020 às 15h21.
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), compartilhou entre interlocutores um editorial do jornal britânico Financial Times que afirma que o presidente Jair Bolsonaro acendeu o "medo" na democracia brasileira e criou um risco real e crescente de uma virada autoritária. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
O jornal Financial Times, que tem posição conservadora, publicou editorial neste domingo intitulado “Jair Bolsonaro deflagra temores pela democracia brasileira”. No texto, o periódico menciona o estreito vínculo do presidente brasileiro com o Exército e seu aval a manifestações que vêm pedindo a volta da ditadura militar relata os embates recentes do Executivo com instituições do País e alerta para o risco “real” à maior democracia da América Latina.
Na mensagem que enviou a interlocutores, junto com uma cópia do editorial do Financial Times, Celso de Mello disse que a "advertência" era necessária.
"Editorial de hoje, domingo, dia 07/06, do jornal britânico 'FINANCIAL TIMES' sobre a conduta inconstitucional de Bolsonaro, com referência à minha advertência, 'exaggerated', porém necessária em face dos contínuos ataques à Corte Suprema e ao Congresso Nacional , visando o seu 'shutdown' (fechamento)!", escreveu Celso de Mello no Whatsapp neste domingo, 7.
O artigo cita o próprio ministro, que é o mais antigo nos quadros do Supremo. O jornal faz referência à mensagem que Celso de Mello encaminhou na semana passada a interlocutores, comparando o Brasil atual e a Alemanha nazista de Hitler. Em mensagem de WhatsApp, no domingo, 31, Mello acusou bolsonaristas de odiar a democracia e de pretender instaurar uma "desprezível e abjeta ditadura".
"Isso pode soar exagerado", disse o Financial Times sobre a mensagem do decano. "Mas poucos presidentes eleitos atenderiam e contemplariam protestos nos quais os manifestantes pedem pelo fechamento do Congresso e da Suprema Corte, sendo substituídos por uma lei militar. Ainda assim, isso é o que o Sr. Bolsonaro fez -- não uma, mas várias vezes. No fim de semana passado, ele apareceu em uma dessas manifestações montado a cavalo", descreveu o jornal.