Bolsonaro mira reduto de Alckmin e acentua disputa “azul”
Se essa lógica se mantiver em 2018, Alckmin está em apuros. Bolsonaro tem mais de 20% das intenções de voto ante cerca de 5% do tucano
EXAME Hoje
Publicado em 23 de agosto de 2018 às 06h37.
Última atualização em 23 de agosto de 2018 às 06h50.
O deputado Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto que excluem o ex-presidente Lula (PT), visita nesta quinta-feira sua cidade natal, Glicério, seguindo seu roteiro pelo interior de São Paulo. A estratégia de começar a campanha presidencial no reduto eleitoral do tucano Geraldo Alckmin acentua a disputa entre os dois candidatos pelos votos do chamado campo azul, formado por eleitores mais identificados com a direita. Segundo cientistas políticos, tradicionalmente chegam ao segundo turno de eleições majoritárias um candidato azul e outro vermelho, o campo alinhado à esquerda.
Se essa lógica se mantiver em 2018, Alckmin está em apuros. Bolsonaro tem mais de 20% das intenções de voto, segundo as pesquisas divulgadas esta semana, ante cerca de 5% do ex-governador de São Paulo. O discurso do deputado federal no início de seu roteiro pelo estado mais rico do país mostra que ele não está disposto a deixar que a distância encurte. Nesta quarta-feira, em Presidente Prudente, afirmou que Alckmin “se juntou ao que tem de pior na política brasileira” e que “é por isso que os eleitores dele agora estão me apoiando”. “Estou no sétimo mandato de deputado federal e não tenho nenhuma mancha; já ele está na mira da Lava-Jato”, afirmou, segundo o Estado de S. Paulo.
O deputado atraiu um grande contingente de eleitores em Presidente Prudente, em imagens devem ser usadas nos poucos segundos que ele tem de propaganda eleitoral. Mas seu maior desafio, daqui para a frente, não é falar com os convertidos, e sim conquistar novos votos — seja no curto prazo, para se garantir no segundo turno, seja no longo prazo, para ganhar as eleições. Para isso, Bolsonaro terá o desafio de se mostrar como o deputado “sem nenhuma mancha”.
Ontem, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que está em aberto a possibilidade de réus em ação penal serem eleitos para a Presidência e assumirem o cargo. Segundo ele, a dúvida gera insegurança para a candidatura de Bolsonaro, réu no Supremo em duas ações penais, por injúria e incitação ao estupro. Outra denúncia, por racismo, pode ser aceita pela corte no dia 4 de setembro.
Bolsonaro ainda tem o desafio de arrebanhar votos fora das regiões Sul e Sudeste, e entre as mulheres. Segundo o Datafolha, Bolsonaro tem 27% das intenções de voto entre os homens, e apenas 13% entre as mulheres.
O candidato também carece de maior apoio em quem ganha até 2 salários mínimos (tem 11% de apoio) e no Nordeste (onde também tem 11%). A boa notícia, para o deputado, é que Alckmin também tem dificuldade no Nordeste (3% de intenções de voto) e com quem ganha até dois salários (6%). Alckmin aposta na televisão para virar o jogo e embolar o campo azul. Faltam 45 dias para as eleições.