Bolsonaro inelegível: como ficará o cenário político entre aliados e opositores?
Aliados dizem que o bolsonarismo ficará "mais forte", e PT vê condenação "didática"
Agência de notícias
Publicado em 30 de junho de 2023 às 18h35.
Última atualização em 30 de junho de 2023 às 20h11.
Aliados de Jair Bolsonaro criticaram nesta sexta-feira a decisão que tornou o ex-presidente inelegível . Por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ) o condenou a inelegibilidade por oito anos. A avaliação de apoiadores é que o ex-mandatário sofreu uma injustiça e que, apesar de ele não poder se candidatar, seu grupo político estará forte na eleição presidencial de 2026. Por outro lado, críticos de Bolsonaro comemoraram e viram o resultado do julgamento como "didático".
"Eu continuo confiando, acreditando e ao seu lado, meu amor. Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", disse Michelle em uma mensagem publicada nas redes sociais.
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Na mesma linha, o presidente do partido de Bolsonaro, o PL, Valdemar Costa Neto, publicou uma nota em que disse que "vai trabalhar dobrado e mostrar lealdade" ao ex-presidente.
"Não tem como acreditar no que está acontecendo: a primeira vez na história da humanidade que um ex-presidente perde os direitos políticos por falar. Vamos trabalhar dobrado e mostrar nossa lealdade ao presidente Bolsonaro", declarou.
O dirigente partidário afirmou ainda que o campo da direita e de oposição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será fortalecido.
"Podem acreditar que a injustiça de hoje será capaz de revelar o eleitor mais forte da nação. E o resultado disso será registrado nas eleições de 2024 e 2026. Mais do que nunca, o Brasil precisa de força. É hora de superação. Bolsonaro é o maior líder popular desde a redemocratização e vai continuar sendo.
Condenação
Com o placar de 5 a 2, o TSE entendeu que o ex-presidente praticou abuso de poder político e usou indevidamente meios de comunicação ao atacar, sem provas, as urnas eletrônicas em uma reunião com embaixadores às vésperas da campanha do ano passado. Com isso, seis meses após deixar o poder, Bolsonaro está impedido de disputar um cargo público até 2030 e se tornou o primeiro ex-presidente na História a perder os direitos políticos em um julgamento no TSE. Em entrevista logo após a decisão, ele disse não ter cometido qualquer irregularidade e que agora será um "cabo eleitoral de luxo”.
O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, sinalizou que espera o crescimento da oposição a Lula na próxima eleição.
"Podem ferir o presente. Podem nublar o hoje, mas ninguém pode impedir o futuro. Ninguém pode proibir o amanhã. A esperança está mais viva do que nunca. A esperança de um Brasil mais soberano, de um sonho que hoje sabemos que pode ser realidade. Alguns irão dizer: só nos resta a esperança. Outros dirão: a esperança é tudo. Não precisamos de mais nada."
Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, elogiou a decisão do Justiça Eleitoral e a classificou de "didática".
"Decisão do TSE que torna Bolsonaro inelegível tem uma enorme força didática. O tribunal condenou os métodos da extrema-direita, como a disseminação industrial de mentiras, as ameaças à democracia, o uso da máquina pública pra perseguir adversários e prevalecer na disputa eleitoral. A defesa da democracia e o enfrentamento ao fascismo permanecem na ordem do dia. Um grande dia!"
Autor da ação analisada pelo TSE, o ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) foi outro que comemorou a decisão. Por outro lado, ele fez uma crítica indireta a Lula ao falar que o governo do petista usa Bolsonaro para não ser cobrado.
"O que espero é que, de hoje em diante, tenhamos direito de cobrar de nosso governo mudanças profundas na vida política e econômica do Brasil, sem o oportunismo de a tudo termos de engolir porque senão… “Bolsonaro voltaria."