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Avião da Voepass estava com manutenção em dia e podia voar em condições de gelo, diz Cenipa

Relatório aponta ainda que pilotos não declararam emergência

Vista aérea dos destroços de um avião que caiu com 62 pessoas a bordo em Vinhedo, estado de São Paulo, em 9 de agosto de 2024 (AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 6 de setembro de 2024 às 19h02.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), divulga nesta sexta-feira o relatório preliminar sobre o motivo da queda do avião da Voepass, que deixou 62 pessoas mortas em Vinhedo (SP), no dia 9 de agosto.

De acordo com investigadores, os pilotos comentaram problemas no sistema antigelo logo no início do voo. O acúmulo de gelo nas asas é uma das hióteses para o acidente — o que ainda não foi confirmado pelo Cenipa.

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O relatório confirma que o piloto do ATR da Voepass não declarou emergência para a torre de controle para fazer um pouso alternativo por causa da formação severa de gelo na asa da aeronave. Em situações adversas, o piloto tem autonomia para descer de nível, por exemplo, e com uma temperatura externa mais elevada, evitar o problema.

Registros de manutenação

O tenente-coronel aviador Paulo Mendes Fróes, investigador-encarregado do Cenipa, afirmou que os registros técnicos de manutenção do avião estavam atualizados, e que o certificado de verificação de aeronavegabilidade também estava válido.

— Registros técnicos de manutenção estavam atualizados. A equipe de investigação analisou os registros técnicos nos dias anteriores ao acidente e verificou que estavam atualizados, segundos os registros — disse o tenente-coronel.

A aeronave era certificada para voos em condições de gelo e estava “aeronavegável” segundo os investigadores.

Além disso, ele disse que os pilotos tinham treinamento específico para voar em condições de gelo.

O relatório final do Cenipa não tem prazo para ser divulgado, mas deve ser concluído em um ano. Os relatórios do Cenipa não apontam culpados, mas o conjunto de fatores que levaram ao acidente. A partir disso, são emitidas recomendações e determinações para melhorar procedimentos, o projeto da aeronave, ou outros aspectos técnicos.

— As investigações ainda se encontram em andamento sobretudo em relações a fatores humanos e técnicos — disse o tenente-brigadeiro, Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica.

Os dados da caixa preta do ATR foram analisados pelo Cenipa.

A queda da aeronave, que saiu de Cascavel (PR) e iria para Guarulhos (SP), não deixou sobreviventes. Antes de apresentar o relatório para a imprensa, o Cenipa se reuniu com familiares das vítimas e apresentou o relatório.

A Polícia Federal (PF) também apura as razões do acidente. Nesse caso, há sim a possibilidade de se apontar culpados e diligências.

O ATR-72 tinha 57 passageiros e 4 tripulantes a bordo. Pelas imagens do momento da queda, o avião estava em voo de cruzeiro quando perdeu sustentação (estól) e caiu na vertical em espiral — o que em manobras acrobáticas é conhecido como “parafuso chato”.

Pilotos são treinados para recuperar o avião quando há perda de sustentação. No caso do avião da VoePass , o avião tinha altitude para em tese conseguir recuperar a sustentação, o que pode ser um indicativo que o gelo pode ter congelado a asa e o sistema de degelo não funcionou.

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