Arcabouço fiscal: Câmara rejeita último destaque ao texto-base; projeto vai ao Senado
Texto de relator sobre gastos em 2024 foi mantido
Agência de notícias
Publicado em 24 de maio de 2023 às 20h17.
Última atualização em 24 de maio de 2023 às 20h38.
A Câmara dos Deputados rejeitou nesta quarta-feira, 24, o último destaque apresentado pelo PL ao texto-base do novo arcabouço fiscal . O substitutivo apresentado pelo relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), foi mantido e agora segue para votação no Senado.
O último destaque rejeitado pedia a votação de uma emenda rejeitada em plenário ontem que determinava que, se houvesse aumento da carga tributária a partir de 2023, o valor deveria ser alocado em pagamento da dívida pública.
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Parlamentares se queixavam da possibilidade de que o governo eleve tributos para viabilizar a nova regra fiscal, cujo cumprimento depende do aumento de receitas.
Texto de relator sobre gastos em 2024 é mantido
Apesar da ofensiva do PL e do União Brasil para evitar que o governo possa gastar mais em 2024, a Câmara dos Deputados deu vitória ao Palácio do Planalto e rejeitou há pouco o destaque ao projeto de lei do novo arcabouço fiscal que poderia derrubar a permissão para o Executivo abrir crédito adicional para elevar as despesas em caso de boa performance da receita em 2024.
De acordo com o relator da matéria, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), a supressão desse trecho poderia trazer um impacto de R$ 26 bilhões para o governo. O União Brasil, partido com três ministérios no primeiro escalão, votou contra o Planalto ao apoiar a derrubada do dispositivo.
O deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) disse que a sigla estaria "ajudando o Brasil" ao dar ao mercado financeiro maior sensação de credibilidade fiscal. O PL, partido da oposição, foi autor do destaque. O Republicanos chegou a cogitar em apoiar a derrubada do trecho, mas voltou atrás após diálogo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e líderes.
O bloco liderado na Câmara por MDB, Republicanos e PSD orientou pela rejeição do destaque, enquanto o bloco do PP liberou seus deputados para votarem como quisessem, já que o União divergiu dos outros partidos que compõem a aliança.
A mudança foi incluída por Cajado no projeto para amenizar críticas de que o relatório anterior abria brecha para que o governo ampliasse gastos de forma expressiva já na largada da nova regra, mas ainda enfrenta resistências.
Entenda a diferença
No relatório inicial, o parlamentar havia permitido ao governo ampliar, no próximo ano, as despesas primárias no limite máximo da regra, de 2,5% acima da inflação, o que gerou ruídos no mercado financeiro.
No novo substitutivo apresentado pelo relator, no momento da elaboração do PLOA 2024, neste ano, será calculado o limite de despesas para o ano que vem com base nos 70% da receita acumulada em 12 meses até junho (julho de 2022 a junho de 2023), dentro do intervalo de 0,6% e 2,5% acima da inflação.
Em maio de 2024, na segunda avaliação da receita do ano, o governo vai estimar a receita de 2024 (janeiro a abril realizada e maio a dezembro estimada) e vai ser aplicado a regra de 70%, também dentro do intervalo.
A diferença na estimativa da receita medida em maio de 2024, se positiva, poderá ser incorporada no limite da despesa de 2024, por crédito adicional. No entanto, caso a projeção de receita não se realize, o governo terá de deduzir o excedente no orçamento de 2025.