Após flexibilização, isolamento social cai ainda mais e Rio tem trânsito
Junho está registrando picos de mobilidade durante a pandemia da covid-19. No último dia 10, cidade teve 6,1 quilômetros de congestionamentos
Agência O Globo
Publicado em 26 de junho de 2020 às 07h08.
Última atualização em 26 de junho de 2020 às 13h20.
Não dá para dizer que o carioca abandonou de vez o isolamento social, mas, à medida que a prefeitura flexibiliza as restrições, cenas que tinham se tornado raras na cidade começam novamente a fazer parte do cotidiano. Junho está chegando ao fim registrando picos de mobilidade durante a pandemia da Covid-19 . No último dia 10, o Rio chegou a registrar 6,1 quilômetros de congestionamentos, na véspera do feriado de Corpus Christi. E, no fim da tarde de ontem, ambulantes voltaram a circular entre carros parados numa engarrafada Avenida Brasil.
"O carioca está saindo mais de carro. Às vezes, sem destino, simplesmente para dar uma volta. É cedo para dimensionarmos o impacto da terceira fase de retomada de atividades ( prevista para a próxima quarta-feira, quando o comércio de rua, academias, bares e restaurantes deverão ser reabertos ), mas ainda não deveremos ter os engarrafamentos do período pré-pandemia. O trânsito vai aumentar, porém a decisão do município de adiar a volta às aulas na rede pública para o fim de agosto ou o início de setembro vai dar um alívio", disse o coordenador do Centro de Operações Rio (COR) da prefeitura, Alexandre Cardeman.
Segundo especialistas em transportes, além das escolas sem aulas, o que ainda vem evitando maiores congestionamentos é o fato de muitos contratos de trabalho terem sido suspensos e de vários empresas estarem trabalhando em esquema de home office. Porém, segundo Cardeman, algumas vias já começam a ter fluxo intenso em horários de rush.
Um exemplo é a Linha Amarela, que, nos dias úteis anteriores à pandemia, registrava a passagem de 120 mil veículos em sua praça do pedágio. Em 24 de março, a via expressa chegou a ter uma queda de 65% no volume de tráfego (78 mil veículos a menos). No entanto, desde a semana passada, essa redução em comparação ao período que antecedeu a chegada da Covid-19 ao Rio caiu para pouco mais de 30% (o que corresponde a aproximadamente 30 mil carros).
Situação semelhante é vista na Transolímpica (Deodoro-Recreio), que chegou ter um movimento reduzido à metade no início de abril e agora registra, também em sua praça de pedágio, 70% do volume de tráfego considerado normal.
E não é só no asfalto que a mobilidade do carioca aumentou. Numa comparação entre as manhãs das três últimas quintas-feiras, o indicador de isolamento social na cidade caiu de 79%, no dia 11, para 60%, na semana passada, e chegou ontem a 52%, segundo medições feitas pela empresa Cyberlabs, com base em monitoramento de imagens de câmeras espalhadas por seis bairros.
Nesse cenário, Botafogo chama a atenção: depois de ter alcançado, entre o fim de maio e o início de abril, uma média de 80% na redução do fluxo de pessoas, o bairro registrou ontem pela manhã um índice de apenas 37%.
Na Tijuca, que, na semana passada, teve encerrado um bloqueio na Praça Saens Peña, o índice de isolamento social ficou em 43%. Em Ipanema e no Leblon, onde a liberação de práticas esportivas no mar e no calçadão da orla acabou acompanhada de uma permanência desautorizada de banhistas na faixa de areia, a Cyberlabs registrou 51%.
"O caso de Botafogo se explica pelo fato de ser um bairro de passagem e com muitas atividades de serviço. Mas o relaxamento é visto de forma generalizada", disse Felipe Vignoli, executivo da empresa de monitoramento.
Nos transportes públicos, o fluxo também começa a aumentar. As linhas convencionais de ônibus, que chegaram a transportar 75% de passageiros a menos em março, hoje rodam com uma redução de 59%. Os trens, que circulavam com queda de 74%, já tiveram um aumento de 15% na venda de bilhetes.
Ontem, o Estado do Rio registrou 2.404 novos casos de Covid-19 e 155 mortes em 24 horas. Desde o início da pandemia, são 105,9 mil notificações e 9.450 óbitos. Na capital, que soma 54,1 mil casos e 6.161 mortes, foram confirmadas 862 novas infecções e mais 74 óbitos.