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Temer afirmou que o governo optou pelo diálogo para resolver o impasse com os caminhoneiros, apesar de ter ouvido sugestões para recorrer à força

Brasília: exército escolta caminhões transportando combustível para o aeroporto de Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2018 às 07h00.

Última atualização em 29 de maio de 2018 às 07h44.

Absoluta convicção?

O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira ter “absoluta convicção” de que a paralisação dos caminhoneiros será resolvida até esta terça-feira, 29, após o pacote de medidas anunciado pelo governo no domingo para atender às principais demandas da categoria. Temer afirmou que o governo optou pelo diálogo e pela conciliação para resolver o impasse com os caminhoneiros, apesar de ter ouvido sugestões para recorrer à força desde o primeiro momento para enfrentar a paralisação, que entrou no oitavo dia nesta segunda-feira. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), convocou sessão extraordinária para esta tarde para votar as seis medidas provisórias que trancam a pauta da Casa e um requerimento de urgência para projeto de lei que regula os preços de fretes rodoviários.

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556 concentrações

Mais cedo, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) admitiu que o ritmo da retomada das atividades dos caminhoneiros é “lento” e ainda não é o que o governo gostaria neste momento. Segundo ele, foram identificados cerca de 1.200 pontos de manifestação em rodovias federais, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Desses pontos, 728 foram dispersados e restam 556 concentrações, informou a PRF. Com 95 pontos de bloqueio, o Rio Grande do Sul é o estado com o maior número de interdições. Também há grande quantidade de bloqueios em estradas federais de Paraná (84), Santa Catarina (68), Minas Gerais (59) e Bahia (40). No estado de São Paulo, duas estradas estão interditadas.

Negociação com os petroleiros

Ainda segundo Padilha, Temer já conversou com o presidente da Petrobras , Pedro Parente, sobre a ameaça de greve dos petroleiros, que anunciaram uma paralisação de 72 horas a partir desta quarta-feira, 30. Segundo Padilha, a Petrobras já está negociando com os petroleiros para que não haja paralisação. Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que lidera a greve, afirmou que a paralisação dos petroleiros pretende pressionar pela redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis. A entidade também se mostra contrária à gestão de Pedro Parente. No entanto, o governo já disse ontem que não há hipótese de Parente deixar o cargo.

Apoio decrescente

Uma pesquisa da empresa Torabit, especializada em medição de comentários nas redes sociais, mostrou que o apoio explícito dos internautas à paralisação dos caminhoneiros, que entrou nesta segunda-feira em seu oitavo dia, caiu em 20 pontos percentuais em três dias, informa o jornal O Estado de S.Paulo. Na última sexta-feira, 25, 53,5% dos posts em redes sociais e blogs eram favoráveis ao movimento — agora, essa proporção é de 34,5%. A medição do mais recente levantamento se encerrou às 10 horas desta segunda-feira. As avaliações positivas caíram de 52% para 45% — parte desses comentários, porém, destacava os efeitos da paralisação de forma negativa. O restante dos comentários foi avaliado como “neutro”.

Quem vai pagar a conta?

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, indicou nesta segunda-feira 28 que o governo terá de aumentar impostos de “outras coisas” ou retirar benefícios tributários para garantir uma das partes da redução de impostos sobre o diesel, com impacto de 4 bilhões de reais neste ano. “Haverá aumento [de impostos] para alguém? Sim”, afirmou ele em coletiva de imprensa, acrescentando ainda que essa compensação também pode vir com eliminação de benefícios hoje existentes. “Isso não é um aumento da carga tributária, é um movimento compensatório previsto na lei”, afirmou ele. Na noite passada, o presidente Michel Temer anunciou redução do preço do diesel em 46 centavos de reais por litro por 60 dias, em atendimento às reivindicações dos caminhoneiros.

Ilan: impacto temporário

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, negou nesta segunda que a paralisação dos caminhoneiros possa apresentar impactos no longo prazo na inflação. Respondendo a perguntas de empresários no almoço promovido pelo grupo Lide, em um hotel da capital paulista, o presidente do BC acrescentou que a paralisação também não deve influenciar na política monetária brasileira. “Acho que o impacto é temporário. O que importa para o Banco Central é o impacto dessa inflação ao longo do ano. Esses choques do dia a dia não são algo que influenciam na política monetária”, disse ele. Goldfajn disse também que o Banco Central não vai reagir de forma automática aos impactos do cenário internacional na economia brasileira e que vai atuar somente quando houver “impactos secundários”.

Menos US$ 1 bi em exportações

Com a greve dos caminhoneiros, que entrou nesta segunda-feira no oitavo dia, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) estima que o país tenha perdido pelo menos 1 bilhão de dólares com exportações que deixaram de ser feitas. Segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro, cerca de 70% das exportações são commodities (produtos agrícolas ou minerais). Teoricamente, não há queda em termos de vendas, em razão da greve, mas adia-se o prazo de entrega das mercadorias que não estão chegando nos portos para ser embarcadas. Além disso, segundo Castro, 43% das exportações para a Argentina, por exemplo, são transportadas por rodovias.

Itália a caminho de novas eleições?

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, nomeou um ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Carlo Cottarelli, como primeiro-ministro interino nesta segunda-feira. A decisão de indicar Carlo Cottarelli para montar um governo temporário ocorreu após o primeiro-ministro indicado pelo governo de coalizão, Giuseppe Conte, ter renunciado ao cargo no domingo. Conte teria anunciado o economista Paolo Savona para o Ministério da Economia, o que desagradou Mattarella, uma vez que o candidato da coalizão ameaçou tirar a Itália da zona do euro. Com Cottarelli, o país caminha para uma nova eleição, num cenário que deverá girar em torno do papel italiano na União Europeia e na zona do euro, uma perspectiva que vem abalando os mercados financeiros globais. A terceira maior economia da zona do euro vem tentando formar um novo governo desde as eleições inconclusivas de março, e forças anti-establishment desistiram no final de semana de seus esforços para compor uma coalizão devido a um impasse com o presidente. O Movimento 5 Estrelas e a sigla de extrema direita Liga acusaram Mattarella de “trair os eleitores e a desistirem de seu plano de assumir o poder”. Luigi Di Maio reiterou que o grupo nunca planejou que a Itália saísse da zona do euro.

Sem dupla função

O presidente do Paraguai Horacio Cartes apresentou sua renúncia nesta segunda-feira. A ação de Cartes ocorreu por causa de sua eleição como senador paraguaio, o que o impede de acumular dois cargos do governo. Embora tenha renunciado, nada garante que ele consiga assumir como senador no início de julho. A carta foi enviada ao Poder Legislativo do país, que deverá aprová-la antes da cerimônia de posse do novo presidente em agosto. A vice-presidente, Alicia Pucheta, assumiu o cargo temporariamente, tornando-se a primeira mulher a presidir o Paraguai. Em agosto, Mario Abdo Benítez assumirá o cargo, depois de ter sido eleito presidente em abril.

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