Anvisa autoriza compra de 6 milhões de doses da vacina chinesa Coronavac
Decisão foi tomada para agilizar o processo de imunização no Brasil. Se não for aprovada pela agência, produto será descartado
Reuters
Publicado em 23 de outubro de 2020 às 19h01.
Última atualização em 23 de outubro de 2020 às 19h40.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, nesta sexta-feira, 23, a importação de 6 milhões de doses da vacina CoronaVac, contra a covid-19, produzida pela fabricante chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan. A decisão vem logo após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que não comprará o produto chinês, mesmo que seja aprovado pela Anvisa, o que gerou indisposição com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, além de governadores e parlamentares.
O pedido para a importação das vacinas foi feito pelo Butantan que, pela parceria nos estudos com a Sinovac, tem direito a uma reserva de doses. Na solicitação, o instituto ressaltou a importância de, diante da corrida mundial pelas doses, garantir a importação antecipada para o país. A agência concordou com o pleito e entende que, “dada a situação de emergência, caso o registro seja aprovado, a medida poderia agilizar a disponibilização da vacina à população brasileira”.
É o que diz o relatório assinado pelo presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e aprovado por unanimidade entre os diretores da agência, nesta sexta-feira. O documento assegura que produto importado só será usado se houver autorização e registro na Anvisa, depois de todos os testes concluídos. O Butantan se comprometeu a destruir todas as doses da vacina, caso não consiga o registro sanitário, “respeitando as normas de destinação de resíduos em vigor”.
“A utilização do produto ficará condicionada à obtenção de seu registro sanitário junto à Anvisa”, reforça Barra, no relatório. Caberá ao Butantan manter a carga recebida da China “em suas instalações, e em perfeitas condições de acondicionamento, até que possa ser utilizada ou destruída”, explica. Além disso, será criado um mecanismo para monitoramento pós-distribuição e pós-aplicação da vacina, para que a Anvisa seja informada de queixas técnicas e eventos adversos.
O Butantan também pediu autorização para importação da vacina a granel, para envase no Brasil, suficiente para disponibilizar mais 40 milhões de doses. A Anvisa, entretanto, pediu detalhes sobre esse ponto, por considerar que faltou “informar, exatamente, o quantitativo do granel que pretende importar”, pois só foi especificado o rendimento em doses. A agência vai esperar as informações para decidir sobre o pedido de excepcionalidade da importação do produto antes da fase final, de envase em frascos de vidro.
Diante das ressalvas e garantias, a diretoria colegiada da agência disse não ver risco na autorização excepcional de importação, “considerando o compromisso assumido pelo Instituto Butantan de somente utilizar o produto em caso de deferimento do registro” pela Anvisa. “As medidas já apontadas pela empresa para a mitigação do risco são satisfatórias para evitar a ocorrência de erros de medicação e contribuir para a segurança do paciente”, considerou Barra Torres.