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Air France responsabiliza Airbus por defeito no avião que caiu em 2009

Relatório da companhia áerea aponta que fabricante não resolveu um problema nas sondas do avião mesmo após ter sido avisado

O acidente ocorreu com um avião da Air France que ia do Rio de Janeiro à Paris (Pascal Le Segretain/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2011 às 14h27.

Paris - A Air France pretende transferir a responsabilidade judicial à Airbus por um suposto defeito na aeronave que caiu no dia 1º de junho de 2009, quando cobria a rota Rio de Janeiro-Paris, revelou o jornal "Libération" nesta sexta-feira.

O jornal francês publicou um relatório elaborado pela Air France e entregue no final de setembro à juíza que investiga o acidente na França. Nele, a companhia aérea detalha que a Airbus teria negligenciado os alertas sobre os incidentes que a empresa aérea vinha verificando com as sondas "Pitot".

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Essas sondas, que medem a velocidade e são fabricadas pela companhia francesa Thales, não funcionaram quando o avião caiu no Atlântico após terem ficado cobertas por uma camada de gelo. A Air France alega que os aparelhos já tinham apresentado o mesmo tipo de problemas em cerca de 15 ocasiões nos dez meses que precederam o acidente em outros de seus aviões e afirma ter advertido a Airbus.

No documento entregue à juíza Sylvia Zimmermann, o advogado da companhia francesa, Fernand Garnault, se queixa que os inúmeros avisos enviados ao fabricante ficaram "sem recomendações nem soluções permanentes que resolvessem esse problema", apesar do "caráter crítico e da periculosidade dos defeitos".

Garnault justifica a pertinência do relatório pelo "caráter injusto" dos ataques feitos à Air France por parte das famílias das vítimas e dos pilotos, que criticam o fato de não ter sido "feito nada" para resolver os problemas com as sondas.

De acordo com as mensagens trocadas entre a Air France e a Airbus divulgadas pelo "Libération", a companhia alertou o fabricante do avião pela primeira vez no dia 30 de julho de 2008, após ter constatado dois incidentes em maio e julho daquele ano.

Em setembro de 2008, a empresa fez outro alerta, no qual dizia que os inúmeros casos ocorridos em quatro meses representavam "uma grande inquietação para Air France".

A Airbus confirma que "a causa fundamental (dos incidentes) é o bloqueio da sonda "Pitot", devido a uma rápida acumulação de cristais de gelo", mas tranquiliza o cliente insistindo que as sondas "cumprem ou superam as exigências regulamentares".

O fabricante desaconselha a troca das sondas da Thales pelas da americana Goodrich porque não haviam sido feitos testes e não seria possível substituí-las em todos os aviões, e propõe utilizar um novo modelo também da Thales.


Após o acidente, as autoridades europeias da segurança aérea decidiram substituir as sondas da Thales pelas da Goodrich.

O relatório da Air France é uma manobra que integra os procedimentos judiciais que devem culminar no estabelecimento de responsabilidades e na fixação de indenizações para as famílias das vítimas.

A Justiça brasileira já opinou no caso de uma delas e condenou a Air France a pagar R$ 2,64 milhões. No Brasil há cerca de 40 processos abertos, e outros tantos nos Estados Unidos, onde os tribunais chegam a estabelecer indenizações de até R$ 9,2 milhões por pessoa.

O Governo francês anunciou nesta quinta-feira que em fevereiro iniciará uma nova operação de buscas pelos restos do avião da Air France, a quarta a ser efetuada.

Nas três primeiras, foram recuperados alguns restos do avião e 50 corpos, mas não as caixas-pretas do aparelho, fundamentais para esclarecer as circunstâncias do acidente.

Em suas conclusões preliminares, os investigadores apontaram que o problema das sondas de velocidade pode ter influído na queda do avião, mas que esse motivo por si só não permite explicar a tragédia.

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