Apoio:
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 08h02.
Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 09h55.
O estado de São Paulo não é necessariamente conhecido pelo setor de vinhos. Mas essa realidade pode mudar, no que depender da gestão paulista.
Com o objetivo de ampliar a participação do estado, o governo de São Paulo lança nesta quarta-feira, 28, o projeto "Rota dos vinhos paulistas". Intersecretarial, a iniciativa conta com as pastas da Agricultura e Abastecimento (SPA), Desenvolvimento Econômico (SPE), Turismo e Viagens (Setur), além da coordenação da Casa Civil.
Após o crescimento observado em 2023, que viu um aumento de oito vezes no número de novos pés de uva destinados à indústria, as previsões para a safra 2023/24 continuam otimistas.
De acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura (IEA) do estado, a expectativa é de um incremento de 10% na produção, com o número de pés de uva passando dos atuais 392 mil para 432 mil.
"Sessenta e seis vinícolas foram distribuídas em cinco rotas, sendo cinquenta e cinco nas rotas e onze enodestinos. Assim, o projeto organiza as informações sobre os empreendimentos vitivinícolas no estado”, afirma Adriana Verdi, do gabinete da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Segundo a Secretaria de Agricultura paulista, o aprimoramento na qualidade dos vinhos produzidos em São Paulo é resultado de um esforço que começou há duas décadas.
Naquele período, os viticultores do estado começaram a adotar a técnica da dupla poda das videiras, que inverte o ciclo natural da planta, permitindo que a maturação e a colheita das uvas ocorram no inverno, quando há menos chuvas e maior amplitude térmica.
A maior parte da produção de vinho brasileiro se concentra na região Sul do país, mais especificamente na Serra Gaúcha – aproximadamente 80% desse total fica entre os municípios do Vale dos Vinhedos e as cidades Flores da Cunha e Caxias do Sul.
A cidade de São Roque, que fica a menos de duas horas da capital, já é conhecida como um destino de enoturismo, que combina viagens e degustação de vinhos. O município também é famoso pelo Roteiro do Vinho, um percurso de aproximadamente dez quilômetros que atrai amantes da viticultura.
Desde 2007, o estado de São Paulo tem desenvolvido ações para ampliar o setor de vinhos. Naquele ano, inclusive, foi lançado o projeto Revitalização da Vitivinicultura Paulista, que proporcionou experimentos de uvas para processamento, organizou o primeiro cadastro de produtores paulistas, identificou os gargalos e as potencialidades do setor.
A escassez de mudas de uvas viníferas, um dos principais obstáculos identificados no projeto de revitalização do setor, está sendo abordada pela Coordenação de Assistência Técnica Integral (CATI) e pelo Instituto Agronômico (IAC-Apta).
Marcos Augusto Franco Júnior, diretor técnico da Divisão de Mudas da CATI Sementes e Mudas, destaca que alguns vitivinicultores podem esperar até três anos por certas variedades. "Atualmente, temos poucos produtores de mudas, que não atendem a demanda do estado", afirma o profissional.
De acordo com a Câmara Setorial, São Paulo conta com 220 vinícolas que cultivam entre dois e cinco hectares de uvas viníferas. Para atender a esse mercado, são necessárias cerca de 4 milhões de mudas por ano.
A unidade de pesquisa da Apta Regional lançou recentemente um projeto inovador com uvas orgânicas. Trata-se do primeiro vinhedo comercial em São Roque livre de defensivos químicos.
O projeto quer valorizar a produção local e atender à demanda dos produtores rurais do município, que buscam expandir o cultivo de uvas, alinhando-se também à crescente procura do mercado por produtos mais sustentáveis.