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Rumo aos 550: Brasil mira 50 novos mercados do agro até junho de 2026

Meta, segundo o Mapa, é ampliar o acesso em mercados já existentes e avançar em destinos considerados mais rigorosos — como o Japão

Carne bovina brasileira: desde o início do governo de Lula, 500 novos mercados foram abertos

Carne bovina brasileira: desde o início do governo de Lula, 500 novos mercados foram abertos

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 11h40.

O governo brasileiro planeja abrir mais 50 mercados para produtos agropecuários até junho de 2026. A meta, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), é ampliar o acesso em mercados já existentes e avançar em destinos considerados mais rigorosos — como o Japão, que negocia a abertura para a carne bovina brasileira.

“Queremos aproveitar todas as oportunidades. Colocamos a meta de 550 mercados no primeiro semestre do ano que vem, mas podemos ultrapassar essa marca”, afirma Luis Rua, secretário de Relações Internacionais do Mapa.

Na terça-feira, 9, a pasta anunciou ter alcançado 500 mercados abertos para produtos do agro desde 2023. A Guatemala, o mais recente deles, habilitou suas importações de carne bovina e derivados. Segundo Rua, o ritmo de aberturas tem sido de cerca de 14 por mês.

“Das 500 aberturas, mais de 60% ocorreram em países onde temos adidos agrícolas. No mesmo período, ampliamos essa rede de 29 para 40 postos, um crescimento de 38%”, afirma o secretário.

Os adidos agrícolas são servidores públicos que representam o agronegócio brasileiro em embaixadas no exterior, atuando para destravar barreiras, negociar certificações sanitárias e ampliar mercados para os produtos do país.

Além da carne, outros mercados foram abertos neste ano. As conquistas incluem a exportação de castanha-do-Brasil para o Japão, ovos processados para Singapura, heparina purificada suína para a Coreia do Sul, carne de patos, outras aves e carne de coelho para o Egito, além de derivados de ossos bovinos, chifres e cascos para uso industrial na Índia.

Segundo o secretário, o Brasil abriu cinco novos mercados para a carne bovina e registrou um aumento de 55% na receita das exportações do setor — um dos mais afetados pela sobretaxa imposta pelo governo Donald Trump.

“Estamos abrindo portas, mas é importante ajudar o produtor a atravessar essa porta”, afirmou Rua, ao comentar a estratégia de diversificação dos mercados internacionais.

O Mapa também negocia com a Colômbia a abertura do mercado para o feijão e a carne suína brasileiros.

Japão e carne bovina

O governo brasileiro segue no aguardo do posicionamento do Japão sobre a abertura de mercado para a carne bovina. Segundo Luis Rua, o Mapa e o setor privado — incluindo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) — estão trabalhando “fortemente” para que o anúncio ocorra no primeiro semestre de 2026.

Não é de hoje que o Brasil tenta vender carne bovina para o Japão. O processo começou há mais de 25 anos, mas sempre esbarrou em questões sanitárias ou em pedidos que não avançaram. Uma das condições impostas era que o Brasil obtivesse a certificação de área livre de febre aftosa sem vacinação, o que ocorreu no início deste ano.

Em janeiro, Roberto Perosa, presidente da Abiec, afirmou à EXAME que a meta do setor para 2025 era conquistar quatro mercados: Japão, Turquia, Vietnã e Coreia do Sul, que juntos representam cerca de 30% da demanda global por carne bovina.

Até o momento, apenas o Vietnã abriu seu mercado para a carne brasileira, enquanto Turquia e Coreia do Sul estão em fase de negociações técnicas. O Japão deve ser o próximo a anunciar a abertura.

Além de reforçar a imagem de rigor sanitário, o mercado japonês também é atraente pelo alto valor pago.

Os principais fornecedores de carne bovina para o Japão são os Estados Unidos e a Austrália, que dominam o mercado de importação japonês o país é o terceiro maior importador de carne bovina do mundo.

O consumo per capita de carne bovina no Japão é de 6,9 kg/ano, o que é cinco vezes menor do que nos Estados Unidos, onde o consumo é de 35 kg/ano, segundo dados do Bank of America (BofA).

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