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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 13h47.
Última atualização em 16 de dezembro de 2024 às 14h29.
A Filippo Berio, maior marca de azeite da Itália, pretende conquistar de vez o gosto do consumidor brasileiro em 2025. Presente no Brasil desde 2020 e ocupando a quarta posição em vendas no país, a empresa planeja investir no e-commerce no próximo ano.
O foco será em plataformas de redes como Pão de Açúcar e Angeloni, além do lançamento de uma loja própria em marketplaces como Mercado Livre e Amazon. A informação foi revelada com exclusividade à EXAME por Leonardo Scandola, diretor comercial da Filippo Berio no Brasil.
Na avaliação do diretor comercial, a presença em grandes plataformas no Brasil reforça a percepção de confiança do consumidor em um mercado dominado pelo azeite português. É essa liderança que a Filippo Berio busca reduzir.
"Atualmente, representamos 70% do azeite vindo da Itália comercializado no Brasil, uma liderança muito forte nesse segmento. No entanto, nosso objetivo é ir além e nos tornarmos uma marca líder no mercado brasileiro como um todo", diz Scandola.
O Brasil tem se consolidado como um mercado muito relevante para o azeite, sendo hoje o quarto maior mercado mundial, e com uma produção estimada em 648 toneladas, segundo o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva).
Apesar disso, o país ainda depende fortemente da importação, já que a produção nacional de azeite, que começou a se desenvolver nos últimos anos no Sul do Brasil, ainda não consegue atender à demanda de um país tão grande, onde o consumo cresce a cada ano.
"Não enxergamos o Brasil apenas como um destino de exportação, como ocorre com muitos outros produtos vendidos no exterior, mas como um mercado estratégico, com potencial significativo para o crescimento da indústria", diz Scandola.
Na safra 2024/25, a Itália deve produzir 224 mil toneladas de azeite, posicionando-se como o quinto maior produtor mundial. A Espanha, por sua vez, deve alcançar 1,35 milhão de toneladas, segundo dados do Istituto di Servizi per il Mercato Agricolo Alimentare (ISMEA), compilados pela Comissão Europeia.
Fundada em 1867, a Filippo Berio exporta para quase 80 países, mantendo a mesma embalagem e blend característicos e produz 120 milhões de litros de azeite por ano. Além do azeite, a marca possui um portfólio diversificado, incluindo molhos e outros produtos ligados à culinária italiana.
A empresa faturou 518 milhões de euros em 2023, cerca de R$ 3,26 bilhões, registrando um aumento de 5% em relação a 2022. A expectativa para este ano é elevar o ritmo de crescimento e continuar investindo no Brasil.
"Quando falamos de investimentos, não seguimos um modelo tradicional de destinar apenas 15% da receita. Estamos reinvestindo 100% do que é produzido aqui, além de recursos extras gerados pelo mercado brasileiro, porque enxergamos o Brasil como um mercado estratégico e fundamental para a empresa", diz Scandola.
Para 2025, a estratégia da Filippo Berio também será educar os consumidores sobre a qualidade do azeite e seu uso em receitas, uma iniciativa já promovida nas redes sociais pelo chef italiano Antonio Maiolica, embaixador oficial da marca no Brasil.
"O brasileiro, com toda sua criatividade, encontra diversas formas de usar esses produtos. Em muitas dessas receitas, o azeite é um dos principais ingredientes, como indicado nos rótulos. Ele pode atuar como protagonista, seja para finalizar os sabores ou até mesmo nas preparações", diz o diretor comercial.
Após um aumento de quase 50% nos preços do azeite nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se uma queda de 20% em 2025, de acordo com estimativas de Leonardo Scandola.
"A expectativa é de uma redução mínima de 20% nos preços já no início de 2025, com possibilidade de novas quedas ao longo do ano. No entanto, a demanda global e o câmbio serão fatores importantes a serem considerados", afirma Scandola.
O aumento nos preços em 2024 foi impulsionado por uma severa seca que, nos últimos dois anos, afetou plantações de oliveiras na Espanha, Grécia e Portugal, três dos principais produtores mundiais de azeite.
A safra 2024/25 promete ser abundante, com um aumento de volume estimado entre 50% e 60%, o que pode elevar a produção global para 3,1 milhões de toneladas, 23% a mais do que na última campanha.
Apesar das boas perspectivas para a safra, o clima segue preocupando produtores em regiões tradicionais, como a Itália, que deve sofrer uma redução de 32% na produção devido à seca e ao estresse hídrico nas plantações.
No Brasil, o aumento nos preços do azeite resultou em uma redução no consumo. Dados de setembro da NielsenIQ mostram uma queda de quase 20% no consumo do produto em 2024. Além disso, o período registrou um crescimento no número de fraudes envolvendo azeite.
No primeiro semestre de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) coletou 106 amostras de azeite de oliva no Brasil, das quais 30 foram desclassificadas por fraude. Segundo a pasta, as fraudes mais comuns incluem a adição de óleos vegetais, como o de soja, e o uso de corantes para simular a cor e a textura do azeite.