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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 10h06.
Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 10h56.
Após o Paraná anunciar seu Fiagro de R$ 350 milhões, foi a vez de São Paulo lançar seu próprio fundo de investimento. Nesta quinta-feira, 12, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, anunciou a criação de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FDIC) com aporte inicial de R$ 50 milhões.
Voltado para pequenos e médios produtores, o fundo tem como objetivo fomentar projetos de infraestrutura no agronegócio paulista, com foco em logística e armazenagem agrícola.
A Desenvolve SP será responsável pelo aporte inicial de R$ 50 milhões. Para garantir o avanço do projeto, será necessário captar mais 20% desse valor junto a investidores privados, ou seja, R$ 10 milhões adicionais, totalizando R$ 60 milhões.
A captação será liderada pela Rio Bravo, selecionada por edital para atuar como gestora do fundo. Além de conduzir a captação, a Rio Bravo será responsável por alocar os recursos em projetos de armazenagem, silos, terminais logísticos e outras iniciativas de infraestrutura agrícola.
"Estamos dialogando principalmente com family offices e outras gestoras. Pela natureza do produto, pelo menos nesse início, o público-alvo será composto por investidores profissionais", explica Evandro Buccini, sócio-diretor da Rio Bravo.
Buccini destacou que o fundo não foi classificado como um FDIC Fiagro porque, no momento em que as negociações com a Desenvolve SP começaram, as regras definitivas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para o setor ainda não haviam sido publicadas. Apesar disso, ele ressalta que o formato pode ser adotado no futuro.
"Há a possibilidade de, no futuro, transformá-lo em um Fiagro, o que seria interessante para atrair o varejo, já que há isenção fiscal para pessoa física nesse tipo de investimento", afirma Buccini.
O FDIC terá duração de dez anos e oferecerá uma rentabilidade equivalente ao CDI+1% aos investidores. Para os produtores que utilizarem o recurso do fundo, as taxas de juros serão entre 7% e 9%, mas, segundo Buccini, ainda há detalhes que estão sendo costurados e que deverão ser anunciados em janeiro de 2025.
A escolha dos produtores e projetos será conduzida pela Fralo, empresa formada por Fernando Ribeiro, Luiz Almeida e José Constantini Marques, profissionais com experiência no mercado financeiro e no setor agro.
"Nosso papel será focado na originação e estruturação das operações do fundo. Já realizamos algo semelhante em outros projetos. Atualmente, a Fralo atua como consultora de outro fundo com participação em ativos logísticos, incluindo terminais portuários na região Sul do Brasil", afirma Ribeiro, sócio-fundador da empresa.
Ribeiro acrescenta que a Fralo já está em contato com produtores rurais do interior de São Paulo, especialmente na região de Itapeva e no noroeste do estado. Além desses agricultores, a empresa dialoga com cooperativas e cerialistas para identificar as principais necessidades dos produtores rurais e oferecer soluções específicas.
"Ao estabelecer parcerias com essas instituições, elas funcionam como plataformas que ampliam o alcance do fundo. Assim, conseguimos atender um número maior de produtores e beneficiar todos os players da cadeia do agronegócio em São Paulo de forma mais eficiente", afirma Ribeiro.