EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313

IA e PPPs: as estratégias de Goiás, Mato Grosso do Sul e Piauí para ampliar o agro

Governadores dos estados discutiram tema no Agroforum, evento promovido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 4 de novembro de 2024 às 18h18.

Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 20h07.

Mesmo com um agro pujante, o Brasil ainda possui espaço para expandir o setor em diversos estados. Na avaliação de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, o investimento em inovação e tecnologia é essencial para aumentar a produtividade das principais commodities, como soja, milho e cana — e outros cultivares, como arroz e trigo.

“Acredito na ciência. Hoje, cultivamos variedades capazes de alcançar alta produtividade mesmo em áreas de Cerrado — regiões que, muitas vezes, são mais inóspitas do que imaginamos. Com esses avanços, o estado voltou a produzir arroz, mostrando o impacto positivo das inovações agrícolas”, afirmou Caiado durante o AgroForum, evento promovido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).

Para o governador, diante de situações climáticas extremas, como as enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano e as queimadas que assolaram todo o país, torna-se cada vez mais necessário desenvolver estratégias que mitiguem os impactos ambientais, que afetam diretamente os agricultores. O estado de Goiás, por exemplo, enfrentou quase seis meses de estiagem severa, uma das piores secas dos últimos 30 anos.

"Criamos um centro de inteligência artificial na Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com a Huawei, onde desenvolvemos robôs e drones com tecnologia 5G. Além disso, adotamos práticas voltadas para o respeito e para a preservação das bacias hidrográficas", afirmou Caiado.

Goiás e Mato Grosso, por exemplo, lideram o projeto "Juntos pelo Araguaia", uma iniciativa dedicada à recuperação do rio Araguaia. O projeto já restaurou 5 mil hectares ao longo do rio, sendo o maior programa de recuperação de bacias no país, e está previsto para durar cinco anos.

Segundo Caiado, o estado deve promover o empreendedorismo, facilitar os processos para quem quer produzir e envolver a iniciativa privada para pensar em soluções para o agro Goiás é um dos principais produtores de milho, soja, tomate e sorgo do país.

Parceria público-privada

A utilização de parcerias público-privadas (PPPs) para impulsionar o setor de infraestrutura e o agronegócio local também é uma das bandeiras do governador do Piauí, Rafael Fonteles. Para ele, os investimentos feitos pelo estado nos últimos anos permitiram que o Piauí se tornasse "o melhor estado para se investir atualmente".

“Temos tido relatos de produtores com resultados impressionantes já na primeira safra, alcançando, em fazendas irrigadas, por exemplo, mais de 80 sacas de soja por hectare. Na segunda safra de algodão, foram mais de 800 arrobas por hectare, em um sistema de alta tecnologia que aproveita as condições naturais do estado, como solo fértil, iluminação abundante e um extenso lençol freático”, afirmou Fonteles.

O escoamento da safra é um dos maiores desafios para o produtor, segundo o governador. Ele destacou que o Piauí já investiu em rodovias, ainda que as considere insuficientes, por meio de PPPs, para escoar parte da produção. O próximo passo, agora, são as hidrovias, que deverão seguir uma estrutura semelhante.

O objetivo é conectar o sul do Piauí ao Porto de Luís Correia, que passou mais de 50 anos semiconstruído. Essa conexão, conforme explica Fonteles, poderá ser realizada por via rodoviária ou hidroviária, aproveitando o Rio Parnaíba — o maior rio do Nordeste, que foi navegável até a década de 1970.

“Devemos lançar um edital para uma PPP que envolva a via e o futuro terminal graneleiro no Piauí. Sabemos que o maior porto do Arco Norte é o Itaqui, mas ainda há espaço para expansão. Estamos definindo a modelagem, e a ideia é que essa seja uma PPP estadual. A previsão é de uma redução de até 25% no custo do frete”, declarou Fonteles. “É urgente que o Brasil avance também na pauta das ferrovias e hidrovias.

Segurança alimentar e transição energética

Para Eduardo Riedel, governador do Mato Grosso do Sul, além das PPPs, amplamente utilizadas em sua gestão para expandir a cobertura em infraestrutura, a segurança alimentar e a transição energética são temas essenciais para a competitividade do agronegócio brasileiro. O estado é um dos principais produtores de soja e milho do país.

“Essa estratégia cria uma condição de alta competitividade, envolvendo infraestrutura, simplificação tributária e um arcabouço regulatório favorável à atração de novos negócios. Há também uma forte discussão sobre o balanço de carbono, e o Mato Grosso do Sul projeta atingir a neutralidade de carbono até 2030, impulsionado por investimentos consistentes no setor”, afirmou Riedel.

Uma das técnicas defendidas por Riedel é o plantio direto, prática genuinamente brasileira que garante altos níveis de produtividade e alimentos de qualidade para o agricultor. “Nosso maior potencial está no que temos desenvolvido, como o plantio direto. Embora pareça uma prática simples, ela absorve milhões de toneladas de carbono por ano. Temos uma oportunidade ampla diante de nós e não podemos perder esse momento”, destacou.

O plantio direto é uma técnica agrícola que consiste em semear diretamente no solo sem revolvê-lo, ou seja, sem aração ou gradagem. O termo “plantio direto na palha” refere-se à prática de manter o solo protegido por resíduos, como a palhada de safras anteriores, ajudando a preservar a umidade e a estrutura do solo.

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaGoiásRonaldo CaiadoCampo GrandePiauíMato Grosso do SulAgronegócio

Mais de EXAME Agro

Lula se reúne com ministro do Desenvolvimento Agrário após MST subir tom de críticas ao governo

Aumento de custos, menos crédito e mais exportação: como o dólar alto afeta o agro brasileiro

Lei antidesmatamento da União Europeia avança para o Conselho Europeu

Cacau beira os US$ 12 mil e expectativa é de mais volatilidade em 2025