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Gripe aviária: falta de auditores fiscais prejudica prevenção à doença

Aeroportos de Maceió, Aracajú e Natal não têm auditores fiscais, segundo sindicato, deixando o trânsito de cargas livre e sem inspeção

Especialistas com trajes especiais examinam bandejas em fazenda de aves, na Holanda (Marco De Swart/Reuters)

Especialistas com trajes especiais examinam bandejas em fazenda de aves, na Holanda (Marco De Swart/Reuters)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 7 de junho de 2023 às 15h49.

Última atualização em 7 de junho de 2023 às 18h13.

Um simples alimento embutido, como salame, peito de peru ou bacon, pode conter uma doença viral a ser transmitida entre territórios ao embarcar em um voo antes de ser inspecionado. Esta verificação de cargas é um dos trabalhos realizados por auditores fiscais federais agropecuários. O problema é que, em meio a uma das maiores crises de influenza aviária no País, faltam auditores para fazer a inspeção, desde o campo até portos e aeroportos.

No caso dos embutidos, o risco acontece quando o vírus é referente à peste suína africana. Mesmo assim, é no campo que começa o trabalho dos auditores. Cabe a eles fazer a verificação in loco de aves contaminadas com o atual vírus H5N1 e inspecionar cargas nos portos, onde há risco maior do trânsito de aves migratórias -- o caso da gripe aviária.

Leia também: Por que o Brasil não é a favor da vacinação contra a gripe aviária?

De acordo o sindicato da categoria, Anffa Sindical, a carreira de auditor fiscal federal agropecuário, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), tem 2,4 mil servidores ativos para atuar em portos, aeroportos e postos de fronteira, nos campos de produção, na indústria e em laboratórios. Para o Anffa, seriam necessários mais 2.000 auditores para todas as atividades.

Campos, portos e aeroportos

"Precisamos urgentemente que o Estado entenda a necessidade de valorização e investimentos para a defesa agropecuária e, sobretudo, de mais técnicos, que só virão com mais concursos públicos”, afirma Janus Pablo, presidente do Anffa.

Antonio Andrade, diretor de Relações Públicas do sindicato, diz que estão disponíveis apenas 200 auditores agropecuários fiscais federais para campo, "contigente muito baixo em relação ao tamanho dos rebanhos nacionais".

Nos aeroportos internacionais, a situação requer atenção. Em Maceió, Aracaju e Natal, não há auditores agropecuários, cenário que aumenta o risco da entrada de doenças graves no país. O sindicato afirma que em outros aeroportos do país a capacidade de atuação dos auditores está reduzida e pode piorar se nenhuma medida for tomada a curto e médio prazos.

Também preocupa, segundo o Anffa, a importação de produtos nos portos brasileiros, como o Porto de Jaraguá, na capital alagoana, onde não está sendo feito o controle dos materiais por falta de auditores.

Procurada, a Associação Brasileira de Proteína Animal preferiu não comentar o assunto.

Gripe aviária no Brasil

Nesta segunda-feira, 6, o governo abriu crédito extraordinário de R$ 200 milhões para aplicação em ações de enfrentamento à influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). Até o momento, o Ministério da Agricultura confirma 24 casos de gripe aviária em aves silvestres nos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

A verba será destinada a ações de controle e contenção da doença por meio do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa). O objetivo é aprimorar a rápida identificação, testagem e cuidados sanitários dos casos suspeitos. O crédito extraordinário, portanto, não será destinado à reposição de auditores fiscais aos postos de trabalho.

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