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Como os apicultores urbanos ajudam a tornar as cidades mais sustentáveis

O cultivo de abelhas em quintais ou até em varandas de prédios ajuda a frear o declínio da população desses insetos, que contribuem com a renovação da flora

Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, inaugura o jardim de colmeias de abelhas nativas e a horta orgânica no Palácio Iguaçu.

Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, inaugura o jardim de colmeias de abelhas nativas e a horta orgânica no Palácio Iguaçu.

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Publicado em 1 de agosto de 2024 às 15h00.

A caixa pendurada na árvore em frente ao Ara, na Rua Simão Álvares, em Pinheiros, dá uma pista da vocação do empreendimento. Dentro do recipiente há uma colmeia, o que o entra e sai de abelhas não deixa mentir. Sem ferrão, elas são cultivadas pelo próprio Ara (a pronúncia correta é “Ará”), o primeiro restaurante do Brasil que só serve sobremesas. “Um dos pilares do negócio é a sustentabilidade”, diz o chef pâtissier Rodrigo Ribeiro, um dos donos da novidade. “Com nossa caixa de abelhas, contribuímos com a polinização na cidade e ajudamos a frear o declínio da população desses insetos”.

O mel tem papel de destaque no menu do Ara. O restaurante usa as variedades produzidas por cinco tipos de abelha — jataí, tiuba, manduri, guaraipo e mandaçaia — para incrementar o prato que reúne cinco queijos brasileiros, caso do Mogiana, produzido pela Fazenda Atalaia. “Sempre que sirvo esse prato, explico as diferenças entre cada mel e aponto para a nossa caixa de abelhas do lado de fora”, diz Ribeiro. Outra de suas sobremesas, a Verde Amarelo, leva panacota de mel, cumaru com crumble de azeite, geleia de maracujá e ervas, sorbet de maracujá e azeite de manjericão.

Esses dois pratos, que também são servidos à la carte, fazem parte do menu-degustação do Ara, que inclui outras três sobremesas. Uma delas, a mais “instagramável”, ganhou o nome de Terrário. Montada dentro de um copo de vidro, redondo e largo, remete a um pequeno arranjo botânico. Leva ganache de chocolate com 70% de teor de cacau e um toque de sálvia, sponge cake de erva mate, gel de cambuci e lascas de cogumelo portobello, entre outros ingredientes.

A sequência mais em conta, a R$ 150, contempla as cinco sobremesas listadas no menu e nada mais. Com uma bebida não alcoólica são R$ 165 e com uma alcóolica, R$ 180. Ribeiro recomenda uma taça de vinho tinto para as opções que levam chocolate e, para as demais, vinho branco ou rosé ou uma das duas cervejas frutadas incluídas no cardápio.

A caixa de abelhas do Ara é uma iniciativa da marca Mbee. Esta, que produz e vende mel de espécies sem ferrão, decidiu espalhar recipientes do tipo por pontos de São Paulo e arredores. O chef pâtissier viu uma dessas caixas, pela primeira vez, no Petí Gastronomia, restaurante na Pompéia onde já trabalhou. Eugênio Basile é um dos donos da Mbee. Antes de tirar o Ara do papel, Ribeiro fez questão de dizer a ele: “Quando eu abrir meu restaurante vou querer minha própria caixa de abelhas”. Dito e feito.

Com recipientes do tipo, que estão à venda para o público em geral, todo mundo pode se converter em meliponicultor da noite para o dia. Dá para apostar nessa ideia sem medo: como as variedades em questão não picam, aqueles famosos equipamentos de proteção são dispensáveis. Dá para criar as abelhas no quintal de casa e até mesmo em varandas de prédios. Não à toa, muita gente passou a ter abelhas de estimação, e não cachorros ou gatos.

O declínio na população de abelhas pelo mundo é creditado ao uso de pesticidas — alguns não fazem mal às variedades mais comuns, mas são nocivos para as espécies nativas sem ferrão. Convém reforçar a importância desses insetos para o ecossistema ambiental. Ao voarem de flor em flor, as abelhas carregam o pólen de um lado para o outro, contribuindo com a fecundação das plantas e a renovação da flora de maneira geral. Estima-se que 90% das espécies da Mata Atlântica dependem desse processo.

Daí a importância de iniciativas como a do Ara e a da Mbee. Curitiba, por exemplo, dispõe de centenas de caixas de abelhas sem ferrão espalhadas pela cidade. O jardim que fica nos fundos do Palácio Iguaçu, sede do Executivo Estadual, por exemplo, dispõe de 15 colmeias de abelhas nativas sem ferrão. “É simbólico ver essas caixas com abelhas nativas no Palácio Iguaçu, que é um dos símbolos do Paraná”, declarou o prefeito Rafael Greca, quando elas foram instaladas.

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