Como a agricultura regenerativa pode ajudar na descarbonização do planeta
Prática que integra inovação e técnicas tradicionais é uma alternativa para restaurar terras agrícolas e reduzir o impacto ambiental da indústria
EXAME Solutions
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 13h50.
Última atualização em 19 de setembro de 2024 às 13h50.
Para acompanhar a revolução verde que busca frear os avanços das mudanças climáticas, a agricultura está entrando em uma era transformadora. Neste contexto, a agricultura regenerativa aparece como uma alternativa que pode ajudar a restaurar terras agrícolas, reduzir as emissões de gases do efeito estufa e melhorar a produtividade.
Oferecendo soluções sustentáveis que promovem a saúde do solo, a conservação dos ecossistemas e o uso eficiente dos recursos naturais, a agricultura regenerativa é vista por muitos especialistas como fundamental para o futuro do agronegócio.
“A agricultura regenerativa deriva de um sistema de produção que busca a melhoria contínua da saúde do solo, a preservação dos ecossistemas, a proteção dos recursos hídricos e o fortalecimento da resiliência ecológica e econômica", explica Leonardo Celini, diretor de operações da SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos e fibras do mundo.
Agricultura regenerativa na prática
A companhia é um exemplo de empresa do setor que já entendeu a importância da agricultura regenerativa no longo prazo. No ano passado, a SLC Agrícola teve duas fazendas certificadas pelo Regenagri: a Pamplona, localizada em Goiás, e a Planalto, situada em Mato Grosso do Sul, totalizando 36 mil hectares.O programa é desenvolvido pela empresa britânica Control Union e destaca as boas práticas agrícolas desenvolvidas nas fazendas.
Com o reconhecimento, a empresa se tornou líder na América Latina em área certificada pelo programa no cultivo de soja, algodão, milho e trigo.Celini projeta que essa área certificada deverá crescer nos próximos anos. A expectativa é que, até 2028, cerca de 485 mil hectares cultivados pela companhia sejam certificados pelo programa.
Tradição, inovação e resultados
A agricultura regenerativa combina inovação com tradição. Como o nome sugere, ela se concentra na regeneração dos ecossistemas do planeta. A prática combina eficácia agronômica com a conservação da saúde e água do solo, melhora a produtividade e ajuda a combater as mudanças climáticas e a preservar a biodiversidade.
Algumas das principais técnicas da agricultura regenerativa são milenares, como a rotação de culturas, a agrofloresta e a integração de gado. Com o passar dos anos, o uso de tecnologia e inovação otimizou os processos e possibilitou a aplicação em larga escala.
Um exemplo de inovação citado por Celini é a chamada agricultura digital, que também desempenha um papel crucial na otimização dos processos, permitindo, através de sensores e imagens de satélites, identificar a presença de pragas, doenças e ervas invasoras.
Segundo o Relatório Integrado de 2023 da companhia, essas tecnologias resultaram em uma economia de R$ 82 milhões na última safra, com expectativas de superarem R$ 90 milhões na safra atual.
Ecossistema integrado para descarbonização
Além das boas práticas no cultivo de grãos e fibras, estudos sobre o futuro do agronegócio destacam a importância de criar ecossistemas integrados, a fim de revisar os sistemas de produção, buscando maior sustentabilidade.
Um exemplo das práticas da SLC Agrícola é o investimento na criação de bovinos por meio de sistemas como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Terminação Intensiva a Pasto (TIP) e confinamento. A prática inclui a produção de biofertilizantes a partir de resíduos da pecuária, através da compostagem, o que reduz a necessidade de fertilizantes sintéticos.
Outro ponto positivo é o uso de mais de 15 espécies de plantas recuperadoras de solos, cultivadas em cerca de 211,8 mil hectares na safra 2022/2023, fortalecendo ainda mais o solo para futuras safras.
No manejo de culturas, a SLC Agrícola adota uma combinação de produtos sintéticos e biológicos, com o uso de agentes biológicos crescendo a cada safra, representando atualmente 15,1% do total de defensivos utilizados. A empresa espera reduzir gradualmente o uso de defensivos sintéticos com a ampliação da agricultura digital e de agentes biológicos.
“Estamos construindo um ambiente mais resiliente e um sistema de produção em harmonia com a natureza”, afirma Celini. Segundo o executivo, com o aumento da demanda por fibras e grãos certificados, a companhia está se preparando para atender a esse mercado em expansão.