Tecnologia

YouTube: uma indústria que pretende ir além dos vídeos virais

O portal de vídeos mais popular da internet está a caminho de transformar-se em uma indústria audiovisual profissionalizada, organizada e rentável

O YouTube deve investir US$ 200 milhões (R$ 409,7 milhões) para promover seus chamados "YouTube Original Channels" (Getty Images / Scott Olson)

O YouTube deve investir US$ 200 milhões (R$ 409,7 milhões) para promover seus chamados "YouTube Original Channels" (Getty Images / Scott Olson)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2012 às 10h44.

Los Angeles - O portal de vídeos mais popular da internet, o YouTube, está a caminho de transformar-se em uma indústria audiovisual profissionalizada, organizada e rentável, com uma visão de negócio que vai além do fenômeno viral.

Durante os últimos meses, foram surgindo em sua plataforma canais temáticos, com produções exclusivas e por parte de uma iniciativa financiada pelo YouTube, empresa de propriedade da Google, que aspira ser uma peça-chave na distribuição de conteúdos, especialmente no setor de entretenimento.

Entre as novas incorporações à rede, estão propostas como o DanceOn, que conta com o respaldo de Madonna, assim como o Wigs, dedicado a séries de ficção produzidas para atrair um público feminino e nas quais participam cineastas como o colombiano Rodrigo García ("Albert Nobbs").

Nessa oferta inicial, que vai tomando forma até chegar à centena de canais, cinco são dedicados aos espectadores latinos: 123 UnoDosTres, ClevverTeve, NuevOn, Tutele e Monotransistor.

"Acreditamos que o setor ruma para conceitos de canais que atuam como seletores de conteúdo para a audiência. Os consumidores veem vídeos hoje em todo tipo de dispositivos e é muito prático se você se inscreve em vários canais", explicou à Agência Efe o chefe de Programação Original em Entretenimento do YouTube, Jamie Byrne.

Por trás desta ideia está a intenção de construir comunidades de consumidores de vídeos por nichos de mercado, desde temas de saúde até tecnologia e gastronomia, passando por esporte, música, cinema e famosos.

Nessa fidelização, as inscrições aos canais ganham importância frente ao êxito pontual que possa ter um vídeo, já que gera uma base estável de espectadores para os anunciantes.

O YouTube deve investir US$ 200 milhões (R$ 409,7 milhões) para promover seus chamados "YouTube Original Channels", e espera recuperar a médio prazo o custo de seu financiamento através das receitas geradas pela publicidade.

Um dos casos mais bem-sucedidos economicamente é o do NuevOn, um canal nascido pela associação da companhia Electus, do produtor de televisão Ben Silverman ("Ugly Betty"), e da empresa latina de produção e "marketing", Latin World Entertainment, da qual é co-fundadora a atriz colombiana Sofia Vergara.


O NuevOn estreou em 16 de abril centrado em famosos e estilo de vida para um público hispânico e já recebeu mais de um milhão de visitas e 13 mil inscrições.

Atualmente, o canal oferece cinco programas semanais, entre eles "Minha vida com Toty" (Toty é o apelido familiar de Sofia), protagonizado pelo filho da atriz, Manolo.

"Que eu saiba, nosso canal é o único que tem 100% de seu espaço comercial vendido", assegurou seu chefe-executivo, Luis Balaguer, que indicou que o NuevOn já dá lucros.

"Isto é totalmente experimental, estamos aprendendo durante a execução, inclusive na maneira de lidar com o mercado", explicou.

Balaguer apontou que, pelas características do YouTube e pelo tipo de consumidor, os capítulos dos programas não podem durar mais de cinco minutos e devem primar o conteúdo frente à qualidade técnica da produção, visto que as gravações são feitas com câmeras que vão de uma Canon 7D a um iPhone.

"O NuevOn é uma incubadora de novos talentos e ideias. Agora temos uma plataforma para testá-las e aperfeiçoá-las", manifestou Balaguer, que adiantou que estão desenvolvendo 15 novos programas e que o canal recebem inúmeras propostas de produtoras na América Latina que querem vender conteúdos.

Apesar dos novos canais do YouTube estarem centrados em atender uma audiência americana, Balaguer destacou o interesse despertado pelo NuevOn no México e na Espanha, segundo e terceiro mercado do canal.

O YouTube, segundo reconheceu Byrne, tem vontade de ampliar para outros países sua iniciativa de canais originais, mas a companhia quis deixar claro que esse projeto não alterará a essência do portal, que seguirá sendo um terreno fértil e heterogêneo onde germinam os vídeos virais. 

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