Redatora na Exame
Publicado em 2 de maio de 2025 às 11h03.
A Apple passou a concentrar a produção de quase todos os iPads, Macs, Apple Watches e AirPods vendidos nos Estados Unidos no Vietnã, afirmou o CEO Tim Cook durante a teleconferência de resultados da empresa na quarta-feira, 30. A mudança amplia o esforço da companhia para diversificar sua cadeia de suprimentos e mitigar os efeitos das tarifas comerciais sobre produtos originários da China.
Segundo Cook, a Índia passará a responder pela maioria dos iPhones vendidos nos EUA, enquanto o Vietnã será o principal fornecedor de outras categorias de hardware premium da Apple. O movimento consolida a transição de montagem e finalização de produtos para fora da China, país que seguirá, por ora, responsável pela maior parte dos dispositivos vendidos fora do mercado americano.
Além da migração produtiva, o executivo chamou atenção para uma nova camada de impacto tarifário: a elevação para 145% da tarifa sobre importações relacionadas ao AppleCare e acessórios provenientes da China, como parte das medidas anunciadas em abril. A alíquota inclui um adicional de 125% para categorias específicas desses produtos.
“Isso afeta uma parte do nosso negócio de AppleCare e acessórios nos EUA”, afirmou Cook, ao explicar que, apesar da alta, o grosso da linha principal — iPhones, Macs, iPads e Vision Pro — permanece fora do escopo das tarifas anunciadas.
A Apple também acompanha uma investigação aberta pelo Departamento de Comércio dos EUA, com base na Seção 232, que poderá ampliar o alcance das tarifas para componentes semicondutores e produtos derivados. O setor acompanha com atenção os desdobramentos, que podem redefinir a competitividade de produtos com alto valor agregado produzidos na Ásia.
A descentralização da produção reflete uma mudança de médio prazo na estratégia industrial da Apple, que busca mitigar riscos geopolíticos e pressões protecionistas. No Vietnã, a empresa se beneficia de acordos comerciais com os EUA e mão de obra especializada em montagem eletrônica de alta precisão. Já na Índia, conta com incentivos fiscais e apoio direto do governo Modi para acelerar a industrialização local.
A empresa ainda não divulgou qual será o impacto total da realocação de sua produção em termos de custos operacionais ou margem. Mas analistas de mercado apontam que a migração poderá aumentar a complexidade logística no curto prazo, ao mesmo tempo em que reduz a exposição a oscilações regulatórias.