UFRJ produzirá energia solar a carros elétricos e hospital
A energia solar vai abastecer parte da demanda do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2013 às 07h32.
Rio de Janeiro - A energia solar vai abastecer parte da demanda do campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão, zona norte do Rio. A instalação de painéis solares na área dos estacionamentos e na cobertura do hospital pediátrico poderá gerar até 200 quilowatts de energia, que será aproveitada nas instalações universitárias e também injetada na rede da companhia distribuidora Light. A montagem dos painéis começa nos próximos meses e a expectativa é que a produção de energia começará no início de 2014.
Uma das aplicações será destinada a abastecer frota de carrinhos elétricos utilizada para transporte dentro do campus. Na cobertura do hospital pediátrico, também haverá painéis com a finalidade de gerar energia e de aquecer a água utilizada dentro da unidade.O recurso virá do Fundo Verde, criado pela UFRJ a partir da renúncia fiscal do governo estadual, que deixará de cobrar ICMS da conta de luz da universidade, um total de R$ 7 milhões por ano, segundo explicou o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc. No total, a universidade gasta R$ 25 milhões em luz por ano.
O Rio criou um fundo sustentável verde para a UFRJ. Nós abrimos mão de R$ 7 milhões por ano do ICMS cobrado em cima da energia. Criou-se um conselho e projetos são aprovados. A UFRJ vai se converter em uma pequena geradora de energia, disse Minc.O secretário, que foi ministro do Meio Ambiente no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acredita que o uso da energia solar terá a mesma aceleração na matriz nacional que registrou a energia eólica.
Em breve, vai acontecer com a energia solar o que já aconteceu com a eólica: um grande salto rumo à energia limpa e renovável. Como temos a energia hidrelétrica barata, as pessoas achavam que a eólica nunca ia se popularizar sem subsídio. Hoje a eólica é competitiva sem subsídio, porque o governo retirou os impostos, garantiu leilão todo ano, simplificou o licenciamento e criou vários estímulos. Na energia solar, vai acontecer a mesma coisa, declarou. Minc explicou que em alguns casos o uso da energia solar já é financeiramente viável, como em locais afastados, com poucos moradores, onde se torna muito caro a instalação de postes e fios conectados à rede principal ou de geradores a combustível fóssil.
O projeto da UFRJ inclui cinco painéis solares com 20 metros quadrados cada, que ficarão instalados nos estacionamentos produzindo energia e gerando sombra para os carros. Em cima do hospital pediátrico, serão aproximadamente 300 metros quadrados de painéis, sendo 100 metros quadrados para gerar energia elétrica e 200 metros quadrados para energia térmica, produzindo aquecimento de água.
A coordenação do projeto é do engenheiro eletrônico Edson Watanabe, vice-diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe). O objetivo básico [dos painéis nos estacionamentos] é fazer sombra, gerar energia elétrica na rede. Também é uma boa oportunidade de dar visibilidade para aumentar o conhecimento sobre a energia solar e mudar a forma como as pessoas encaram esse tipo de energia, disse Watanabe. O engenheiro relatou que os painéis solares precisarão ser importados, provavelmente da China. Outro equipamento vital para o projeto é o conversor, que vai conectar a energia de corrente contínua na rede, com particicpação de empresas nacionais na produção.
É possível produzir os painéis aqui. Já visitei um laboratório no Sul que tem tecnologia para fabricar. Acredito que é preciso uma política de governo e a conscientização das pessoas, começando a usar mais a energia solar, o que ajuda a baixar os custos, disse o engenheiro. Watanabe explicou que as placas solares são feitas em silício, material presente inclusive na areia e muito abundante no Brasil. O desafio é o processamento, que ainda é caro e gasta muita energia. Mas já estão sendo desenvolvidos outros tipos de materiais, que gastam menos energia no processo. O problema não é tanto como fazer, mas sim fazer barato, explicou.