"Uber de ônibus" pisa fundo e vai da Alemanha a Nova York
Empresas de ônibus ganham cerca de 70% da receita das passagens, enquanto a Flix lida com vendas, agendamento, atendimento ao cliente e marketing
Lucas Agrela
Publicado em 23 de outubro de 2018 às 05h55.
Última atualização em 23 de outubro de 2018 às 08h58.
A FlixMobility, startup alemã que sacudiu as viagens de ônibus na Europa , vai se expandir para Nova York no ano que vem para ver se é verdade o que dizem: se você conseguir se dar bem lá, conseguirá se dar bem em qualquer lugar.
Depois de um lançamento inicial nos EUA neste ano, conectando campi universitários da Califórnia a destinos como Las Vegas e Disneylândia, a empresa com sede em Munique iniciará rotas para Nova York e Texas em 2019. Depois, virá a expansão para Chicago, Flórida e Noroeste do Pacífico. O plano é que os ônibus verde e laranja berrantes da empresa atravessem os EUA no ano que vem para enfrentar a Greyhound Lines.
"Nosso objetivo agora é replicar em todo o país o sucesso que tivemos na Costa Oeste", disse o CEO André Schwaemmlein em entrevista. "Tenho 50 concorrentes na Europa e 10 deles são estatais com recursos ilimitados. A concorrência não é algo que nos dê medo."
Depois de começar com umas poucas rotas na Baviera há cinco anos, quando a Alemanha abriu as viagens de ônibus intermunicipais, a Flix se tornou uma força dominante na Europa, atendendo a 2.000 destinos em 28 países. A rápida expansão da empresa, que inclui serviços de trem na Alemanha, foi facilitada por não possuir nem operar ônibus, um negócio confuso que consome muito capital.
US$ 4,99 para Vegas
Assim como a Uber Technologies, a Flix contrata os serviços que oferece. As empresas de ônibus - que cuidam dos veículos e contratam os motoristas - conservam cerca de 70 por cento da receita das passagens, enquanto a Flix lida com vendas, agendamento, atendimento ao cliente e marketing. A companhia afirma que, graças a isso, tem mais flexibilidade que as empresas de ônibus tradicionais para se adaptar à demanda.
Passagens para ir do centro de Los Angeles à Las Vegas Strip estão disponíveis no site da companhia por apenas US$ 4,99. Embora as tarifas baixas sejam claramente um apelo, a Flix afirma que sua força reside em conquistar novos clientes com o sistema de reservas de seu aplicativo e comodidades como Wi-Fi e tomadas elétricas.
Depois de cinco meses na Costa Oeste, "estamos observando um número de passageiros extremamente bom - melhor que o de alguns mercados que começamos na Europa", disse Schwaemmlein. "Estamos muito satisfeitos" com a evolução até agora, disse ele, acrescentando que a empresa está à frente de rivais como Megabus, da Stagecoach Group, na Costa Oeste. Sua rota de Los Angeles a Las Vegas está, em média, 75 por cento cheia, e os ônibus no sul da Califórnia e na região da Baía de São Francisco têm uma ocupação média de 60 por cento.
"Pisar fundo"
Nova York representa um teste maior para a startup alemã, que é financiada por General Atlantic, Silver Lake Capital Management e Holtzbrinck Ventures Adviser. Além da Greyhound, os viajantes podem escolher entre empresas de ônibus regionais, linhas de trem e companhias aéreas de baixo custo.
"Na Costa Oeste, queríamos testar uma hipótese", disse Schwaemmlein. "Agora, queremos pisar fundo para chegar ao segundo lugar e, algum dia, chegar ao primeiro lugar."