Startup israelense lança missão para produzir carne espacial
Embora seja parcialmente uma jogada publicitária, o objetivo do experimento era ajudar a Aleph Farms a avançar em sua pesquisa sobre a produção de carne
Lucas Agrela
Publicado em 9 de outubro de 2019 às 10h31.
Última atualização em 9 de outubro de 2019 às 10h32.
No mundo das carnes artificiais, impossível ser mais alienígena do que produzir carne no espaço. É o que a startup israelense Aleph Farms demonstrou ser possível em um experimento na Estação Espacial Internacional na semana passada, onde criou tecido muscular em pequena escala a partir de células bovinas em parceria com uma empresa russa de bioimpressão 3D.
“Estamos trabalhando em um novo método para produzir a mesma carne, mas de uma maneira que use menos da metade dos gases de efeito estufa”, disse Didier Toubia, cofundador e presidente da Aleph Farms, observando que o experimento foi preliminar e apenas uma prova de conceito.
“O experimento no espaço mostra que a carne pode ser cultivada nas condições mais adversas, ou seja, em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa”, afirmou Toubia.
Os consumidores, que têm reduzido a ingestão de carne por questões de saúde ou preocupação com o meio ambiente, já conhecem os hambúrgueres, salsicha e outros produtos à base de plantas.
As ações da Beyond Meat, uma empresa que considera seu processo de produção mais humano e sustentável que a pecuária, dispararam desde o IPO da empresa no início de maio. Espera-se que o mercado para produtos à base de plantas movimente US$ 27,9 bilhões até 2025, segundo a consultoria Markets and Markets, e a Beyond Meat já concorre com a Impossible Foods, Kellogg, Nestlé, Tyson Foods, entre outros.
Embora seja parcialmente uma jogada publicitária, o objetivo do experimento era ajudar a Aleph Farms a avançar em sua pesquisa sobre a produção de carne em condições adversas, sem depender dos recursos naturais, disse a empresa.
Embora a prova de conceito da Aleph Farms no espaço tenha sido bem-sucedida, mesmo na Terra levará pelo menos três anos para que os consumidores possam comprar seus bifes ou hambúrgueres, de acordo com estimativas da empresa.
“A missão de fornecer acesso à nutrição de alta qualidade a qualquer hora e em qualquer lugar de maneira sustentável é um desafio crescente para todos os seres humanos”, disse Jonathan Berger, CEO da aceleradora The Kitchen, que cofundou a Aleph.
A Aleph Farms, que levantou US$ 13 milhões, tem empresas como o grupo israelense Strauss, Cargill, New Crop Capital e Vis Vires New Protein entre seus investidores.