Tim Cook apresenta o iPhone 5c: ele diz que a Apple vai ficar longe do segmento de baixo custo do mercado (Justin Sullivan/Getty Images)
Maurício Grego
Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h51.
São Paulo -- Em 2004, quando questionaram Steve Jobs sobre a reduzida participação da Apple no mercado de PCs, ele respondeu comparando a empresa a fabricantes de carros de luxo:
“A participação da Apple no mercado é maior que a da BMW, da Mercedes e da Porsche no mercado de automóveis. Qual é o problema de ser uma BMW ou Mercedes?”
Nove anos depois, a estratégia da Apple parece não ter se afastado muito da que foi descrita por Jobs. A empresa viu suas ações despencarem por causa do preço elevado do iPhone 5c, anunciado na semana passada. Em entrevista à Bloomberg, o CEO Tim Cook comentou a reação do mercado financeiro:
“Estou feliz com isso? Não, não estou”, disse Cook. “Você tem de parar e pensar: ‘Estou fazendo a coisa certa?’ Então, é nisso que estou empenhado, em vez de deixar alguém ou algo como o mercado definir como eu deveria me sentir”.
Nos Estados unidos, o iPhone 5c desbloqueado custa desde 549 dólares. O preço é alto demais em comparação com o de muitos smartphones com Android. Cook diz que nunca foi intenção da Apple lançar um iPhone de baixo custo para conquistar participação no mercado
“Nosso objetivo primário é vender um ótimo celular e proporcionar uma ótima experiência aos usuários, e encontramos uma maneira de fazer isso a um custo mais baixo”, disse ele.
O Android já domina 80% do mercado de smartphones e a fatia da Apple tem encolhido. Cook se defende: “Quando você olha para coisas como a satisfação do usuário e o uso, você vê que o degrau entre o Android e o iOS é grande”.
Quando Cook fala em “uso”, ele se refere ao fato de que 55% dos acessos móveis à web são feitos por meio de dispositivos Apple, segundo dados da NetMarketShare. O Android, mesmo dominando o mercado por ampla margem, é responsável por apenas 28% dos acessos.
Quando se considera o comércio móvel, o predomínio dos dispositivos da Apple é ainda maior. Esses dados sugerem que uma parcela grande dos donos de smartphones com Android usa pouco o acesso à internet.
Outra crítica frequente à Apple é que a empresa não têm inovado o suficiente. Cook diz que o ritmo das inovações continua intenso e até arrisca uma comparação com a Nokia. A empresa finlandesa liderou o mercado de celulares durante anos. Neste ano, desvalorizada, está sendo comprada pela Microsoft.
“Acho que a Nokia é um lembrete para todos nesse negócio de que você tem de continuar inovando. Não inovar é morrer”, disse ele.