Sarah Harrison: amiga de Assange e anjo da guarda de Snowden
Londres - Retida no aeroporto de Moscou ao lado de Edward Snowden, para ajudá-lo na tentativa de escapar da justiça americana, a britânica Sarah Harrison não é novata...
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h28.
Londres - Retida no aeroporto de Moscou ao lado de Edward Snowden, para ajudá-lo na tentativa de escapar da justiça americana, a britânica Sarah Harrison não é novata na questão, pois, como militante do WikiLeaks, é uma das conselheira mais próximas de Julian Assange, outro inimigo declarado dos Estados Unidos.
Uma experiência que transforma a jovem loura na pessoa ideal para aconselhar o técnico de informática e ex-funcionário de uma consultoria que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional (NSA).
Procurado por espionagem pelos Estados Unidos por ter revelado o programa secreto americano de vigilância eletrônica, Snowden está entrincheirado com a britânica desde domingo na zona de trânsito de um aeroporto de Moscou.
"É totalmente digna de confiança", comentou à AFP o jornalista Vaughan Smith, que abrigou Assange em sua mansão na Inglaterra durante grande parte de sua prisão domiciliar entre dezembro de 2010 e junho de 2012, quando se refugiou na embaixada do Equador e, Londres.
Sarah Harrison trabalha para o WikiLeaks desde o fim de 2010 como investigadora, responsável pelas relações com a imprensa e porta-voz ocasional.
Se a falta de formação jurídica pode parecer uma desvantagem no combate iniciado por Edward Snowden, um de seus ex-patrões considera que ela tem uma compreensão única da situação.
"O WikiLeaks é tratado como uma espécie de inimigo de Estado há dois anos. Alguém que viveu tudo isto tem muito mais experiência que alguém que não foi submetido aos ataques", disse à AFP Gavin MacFadyen, diretor do Centro de Jornalismo Investigativo (CIJ, na sigla em inglês).
Sarah Harrison trabalhou durante 18 meses para o CIJ, com sede na City University London, e depois para outra organização especializada em jornalismo investigativo na capital britânica, o Bureau of Investigative Journalism, examinando os documentos publicados pelo WikiLeaks. [quebra]
"Era uma investigadora muito boa, muito aplicada", recordou uma das diretoras da organização, Rachel Oldroyd.
A militante, que teria por volta de 30 anos e que alguns jornais afirmam ter um relacionamento com Assange, viveu ao mesmo tempo que o ciberativista na mansão de Vaughan Smith, mas este destacou que a jovem tinha um quarto próprio.
Não era uma serviçal devota de Assange, como já foi descrita.
"Nunca a vi lavando as meias dele", comentou, em referência a uma informação publicada pela imprensa.
Participou ativamente na batalha travada pelo fundador do WikiLeaks contra o pedido de extradição da Suécia, país no qual é procurado como suspeito de quatro supostos crimes sexuais, acusações que Assange nega.
Assange teme ser transferido em um segundo momento aos Estados Unidos e julgado pelo vazamento de centenas de milhares de documentos confidenciais diplomáticos e militares através do WikiLeaks.
Na embaixada do Equador, Sarah Harrison recebe os visitantes e os escolta até o quarto do australiano.
O refúgio de Assange na representação sul-americana custou pessoalmente 3.500 libras (5.400 dólares), valor correspondente à fiança paga pela liberdade condicional do hacker fixado pela justiça britânica.
"É um elemento-chave da equipe, uma das pessoas decisivas", conta Vaughan Smith, que cita uma jovem "muito comprometida em favor de mais transparência governamental, muito trabalhadora, que aguenta muito bem a pressão de um trabalho muito difícil".
"Está convencida de que o que faz é de interesse público", destaca.
Mas Smith não comenta os boatos de.
"Sei de tudo, mas não estou disposto a falar sobre isto".
O fundador do WikiLeaks e sua conselheira parecem ter personalidades complementares: durante uma visita recente à embaixada equatoriana, um jornalista da AFP percebeu como, organizada e eficaz, ela ajudava um Assange sonhador e distante a encontrar documentos perdidos.