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Remédios contra artrite podem combater depressão, diz estudo

Cientistas lançam estudo de 20 milhões de reais que explora relação entre doenças imunes e mentais

interferon (Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2014 às 09h31.

Pesquisadores de sete universidades do Reino Unido irão formar um grupo de pesquisa que irá explorar uma conexão recém-descoberta entre doenças do sistema imunológico e problemas mentais.

A relação cria a expectativa de que remédios anti-inflamatórios poderão ser adaptados para o tratamento de pacientes com depressão ou demência.

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O grupo, que envolve pesquisadores de Cambridge, Cardiff, Glasgow, Oxford, Southampton e de King’s College, ganhou uma bolsa de 5 milhões de libras (o equivalente a 20 milhões de reais) do governo britânico e da indústria farmacêutica.

“Evidências recentes mostram, de forma irrefutável, que existe uma conexão entre depressão e a inflamação gerada pelo sistema imunológico do corpo”, afirmou o neurologista Ed Bullmore, líder do grupo de pesquisadores.

O mecanismo exato pelo qual o sistema imunológico gera mudanças de humor e altera o progresso de doenças como a depressão ainda não foi totalmente compreendido. Mas, segundo Bullmore, os sinais são claros.

Uma evidência forte é trazida por estudos de pacientes com hepatite. Eles geralmente são tratados com interferon, um remédio que gera uma resposta inflamatória que elimina o vírus da hepatite. O tratamento é muito eficiente, mas entre 30 e 40% dos pacientes desenvolvem sintomas da depressão.

“Essas são pessoas que não estavam deprimidas antes de tomarem os remédios — apesar delas já terem hepatite — e que não tinham histórico de depressão”, afirmou o pesquisador.

“Mesmo assim, elas ficaram deprimidas assim que tomaram interferon e ele gerou inflamação. Isso sugere que o sistema imunológico ‘conversa’ com o cérebro de alguma forma e que a inflamação no corpo pode gerar depressão. É possível que o contrário também seja verdadeiro e que o cérebro de alguma forma afete o sistema imunológico, mas essa conexão ainda precisa de mais estudos”, disse o neurologista líder da pesquisa.

A conexão sugere que pode ser possível adaptar os remédios anti-inflamatórios para que eles possam tratar pessoas deprimidas.

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