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Grupo de hackers Anonymous chegou à fama com Operação Vingar Assange

O grupo consegue derrubar sites de grandes empresas agindo sem qualquer tipo de comando organizado

Em protesto contra a Igreja da Cientologia, em 2008, membros do grupo apareceram em público com máscaras (Vincent Diamante/Wikimedia Commons/Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 20h51.

São Paulo – Uma desorganização de hackers. Talvez essa seja a melhor forma de definir o grupo Anonymous, responsável pela série de ataques cibernéticos que fazem parte do movimento Operation Avenge Assange (Operação Vingar Assange). A comunidade, cujo número de integrantes é estimado entre mil e 1,5 mil, tem chamado a atenção nas ações pró-WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange. Mas organização é uma característica que passa longe do grupo.

Embora bastante articulados e envolvidos em torno de um mesmo ideal, os membros do Anonymous não se baseiam em hierarquias ou em um líder para tomar suas decisões. A comunidade surgiu em meados de 2003 dentro do fórum de discussões 4chan, um espaço extremamente popular entre hackers e gamers de todo o mundo. O nome remete a um estágio inicial do fórum em que as mensagens recebiam a assinatura automática “anônimo” quando o autor de uma postagem não se identificava.

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Na quarta-feira (8), um jovem de 22 anos que mora em Londres deu entrevistas a veículos como o Guardian e a BBC se apresentando como porta-voz do Anonymous e utilizando o codinome “Coldblood” (sangue frio, em inglês). Ele disse que o grupo é formado por cerca de mil “pessoas que compartilham os mesmos ideais”, na maioria adolescentes, que “estão tentando causar um impacto com o conhecimento limitado que têm”. O Anonymous, entretanto, publicou um manifesto na internet nesta quinta-feira (9) negando que Coldblood seja seu porta-voz.

Um blog criado nesta tarde com uma carta pública atribuída ao grupo declara que as ações são realizadas em defesa da liberdade de expressão. “Não somos um grupo terrorista, como governantes querem que vocês acreditem. Neste momento o Anonymous é uma conscientização focada em uma campanha de paz para a liberdade de expressão”, diz o texto.

A página traz o link para um novo perfil no Twitter ( @anonops ), criado depois que o perfil oficial do grupo foi suspenso pelo site de microblogs. Outro perfil, entretanto, o @Anon_Operationn, utiliza as imagens e o texto da conta suspensa, e afirma que o @anonops é falso.Um terceiro perfil, o @AnonOpsNet, também diz representar o grupo, o que tem gerado confusão entre os seguidores.


A desorganização do Anonymous pôde ser constatada ainda em uma conversa que um repórter da revista The Economist teve com alguns integrantes do grupo, por meio de uma sala de bate-papo. Quando o jornalista perguntou “quem são os Anonymous?”, várias respostas foram publicadas por membros de países como a Nova Zelândia, a Noruega e a Rússia. Outro integrante, entretanto, apagou todos os comentários para impor sua declaração: “Estamos por todos os lados. Somos todas as pessoas”.

Nesse chat, The Economist apurou que qualquer pessoa pode sugerir quem serão os alvos do Anonymous. “Quem esteja registrado pode votar ou argumentar contra ou a favor”. O registro no site e o histórico de participação permitem ao grupo ter algum controle sobre as manifestações. Se há algum tipo de abuso, a comunidade pode expulsar um integrante da discussão. “É mesmo difícil definir Anonymous como um grupo, já que nem todos os membros participam de todos os projetos”, explica a revista.

Histórico

Depois que o WikiLeaks começou a sofrer boicote por parte de empresas e Assange foi preso, o Anonymous começou a ganhar cada vez mais destaque por conta dos ataques a sites como o do PayPal, da Mastercard e da Visa. Mas as ações, que geralmente se utilizam de ataques de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês), já vêm sendo praticadas pelo grupo há alguns anos.

Em 2008, os hackers promoveram ofensivas contra a Igreja da Cientologia, que tentava remover uma entrevista de Tom Cruise, adepto da religião, que havia sido publicada no YouTube. O Anonymous classificou a atitude como censura e começou a atacar a igreja com o envio de milhares de folhas pretas por fax, a realização de trotes telefônicos e os DDoS, que tiram sites do ar por meio da intensificação de requisição de tráfego das páginas.

O grupo também já se uniu ao site sueco The Pirate Bay contra as eleições presidenciais iranianas de 2009, que declarou Mahmoud Ahmadinejad como vitorioso em meio a uma onda de protestos de manipulação na contagem de votos. O Anonymous, na época, criou um site de apoio aos manifestantes, que permitiu a troca de informações entre iranianos e o restante do mundo apesar da censura imposta pelo governo aos meios de comunicação.

Mais recentemente, entre setembro e outubro de 2010, ataques contra entidades de defesa de direitos autorais foram reivindicadas pelo Anonymous. Entre dezenas de outras ações atribuídas ao Anonymous, constam uma publicação em massa de vídeos pornográficos no YouTube; a invasão com milhares de avatares idênticos na rede social Habbo Hotel; e a publicação massiva, em um fórum para portadores de epilepsia, de imagens projetadas para criar enxaqueca e convulsões em pacientes fotossensíveis.

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