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Quase ninguém paga hackers porque é difícil usar bitcoins

Após ser atingidos pelo chamado ransomware na sexta, os usuários tinham 72 horas para pagar US$ 300 em bitcoin para recuperar seus dados

Bitcoin: apesar de os hackers terem fornecido um link útil para aqueles que nunca efetuaram um pagamento em bitcoin, a moeda criptografada é um mistério para muitas pessoas (foto/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2017 às 15h22.

Última atualização em 15 de maio de 2017 às 17h51.

Londres - Um ciberataque sem precedentes varreu o globo no fim de semana, mas a maioria das vítimas -- até o momento -- não pagou resgate.

Depois que começaram a ser atingidos pelo chamado ransomware na sexta-feira, os usuários tinham 72 horas para pagar US$ 300 em bitcoin -- moeda criptografada escolhida pelos hackers por ser mais difícil de rastrear do que os pagamentos convencionais --, do contrário o valor seria duplicado.

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Caso se recusassem a pagar após sete dias, seus computadores seriam travados permanentemente -- um problema sério para quem não tem backup de seus arquivos.

Após o fim do prazo para as pessoas afetadas na sexta-feira, apenas US$ 50.000 em resgates foram pagos até a manhã desta segunda-feira, segundo a Elliptic Enterprises, uma empresa com sede em Londres que monitora o uso ilícito do bitcoin.

A empresa calculou o total com base nos pagamentos rastreados para os endereços bitcoin especificados nos pedidos de resgate, acrescentando que a expectativa é que o total aumente.

“A quantidade é realmente baixa”, disse Michela Menting, diretora de pesquisa de segurança digital da ABI Research. “O motivo provavelmente é que as organizações iniciaram seus procedimentos de backup e recuperação.”

Além disso, para aqueles que não salvaram seus arquivos em um sistema separado, pagar um resgate não é como comprar algo da Amazon colocando as informações de seu cartão de crédito ou de débito.

Apesar de os hackers terem fornecido um link útil para aqueles que nunca efetuaram um pagamento em bitcoin, a moeda criptografada é um mistério para muitas pessoas.

“Quando obrigada a pagar uma determinada quantia em bitcoin, a maioria das pessoas não sabe nem por onde começar”, disse James Smith, CEO e cofundador da Elliptic.

Há vários passos.

Primeiro, a pessoa ou empresa precisa efetuar o cadastro em uma das várias bolsas on-line e passar pelo processo de verificação para obter os bitcoins.

Depois, é possível depositar dinheiro na bolsa. Para quem mora em um país que não possui bolsa, como o Reino Unido, o dinheiro precisa ser convertido a outra moeda.

Uma vez que o dinheiro é depositado na bolsa, os bitcoins podem ser enviados ao endereço fornecido por quem promove a extorsão.

“Parece uma longa série de textos ilegíveis”, disse Smith. Depois que o resgate é pago, os hackers supostamente liberam o computador afetado.

“Uma grande quantia de bitcoins é, na verdade, um tanto difícil de conseguir rapidamente”, disse Alex Sunnarborg, analista da empresa de pesquisa sobre bitcoins CoinDesk, acrescentando que o processo de criar uma conta em uma corretora ou bolsa de bitcoins, conectar uma conta bancária e depois receber o bitcoin pode demorar alguns dias.

 

Embora seja mais difícil do que rastrear um pagamento bancário tradicional, o rastreamento dos pagamentos de bitcoin será uma das principais formas de as autoridades tentarem rastrear os responsáveis.

É praticamente impossível saber quem são os criminosos com base nos endereços bitcoin entregues às vítimas, segundo a Elliptic, mas uma vez que os bitcoins forem transferidos a partir deste endereço, eles podem ser rastreados, o que pode ajudar a levar aos culpados.

“Há coisas que se pode fazer para identificar os atores por trás dos endereços ou transações suspeitos”, diz Kevin Beardsley, chefe de desenvolvimento de negócio da Elliptic, que também trabalha com aplicação da lei.

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