Preço dos tablets brasileiros não será competitivo mundialmente, dizem especialistas
Ministro da Fazenda, Guido Mantega, exagera ao mencionar que custo de produção de tablets no Brasil se igualará ao de outros países
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2011 às 22h18.
São Paulo - A afirmação proferida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem, de que com a redução de 31% dos tributos – Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), PIS/Pasep, Cofins e Imposto de Importação - que incidem no processo de fabricação dos tablets, o Brasil tornaria os custos de produção do aparelho tão baratos quanto os de outros países do mundo, foi, na visão dos especialistas ouvidos pelo site de VEJA, exagerada.
A partir do alívio tributário conferido por Brasília, a indústria das tablets conquistará novos consumidores no mercado nacional, no entanto, está longe de ser competitiva em âmbito internacional. “Há uma demanda reprimida por este tipo de tecnologia no Brasil, ou seja, pessoas que já desejam o produto. Por isso, com a diminuição do preço final dos tablets, o consumo aumentará”, afirma Marcelo Trípoli, da consultoria iThink. “No entanto, o setor de tecnologia voltado aos tablets e aos computadores dificilmente se tornará competitivo mundialmente, pois muitos dos componentes destes aparelhos ainda são importados”.
Em contrapartida, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirma que o intuito fundamental dos incentivos do governo é fomentar o mercado interno, e não o externo. "Internalizar e desonerar a produção de objetos que antes eram fabricados no exterior foi uma boa notícia. O objetivo desta ação é abastecer o mercado nacional, mas, dado o seu tamanho, é capaz que impulsione a produção brasileira para os países vizinhos", completou.
Questão trabalhista - A despeito da redução do preço de comercialização dos tablets, o custo dos trabalhadores para as empresas será mantido, já que o governo não anunciou nenhum incentivo tributário ligado à folha salarial. “Muita mão-de-obra será empregada na montagem dos tablets no Brasil. Somente a Foxconn – montadora do iPad – contratará milhares de funcionários”, afirmou Fábio Garcia, especialista em planejamento tributário da Trevisan.
A inclusão dos tablets na “Lei do Bem” - lei que visa isentar certos produtos de impostos, como o computador pessoal - pode, inclusive, forçar o mercado de trabalho no início. De acordo com Tripoli, o consumo maior de tablets no país acarretará maior demanda por aplicativos digitais, o que, consequentemente, exigirá grande número de engenheiros de softwares nas empresas de tecnologia, profissional em extinção no Brasil atualmente.
A discussão recai, portanto, sobre o campo da educação. Segundo Garcia, por mais que o aumento do consumo dos tablets no Brasil contribua para que os cursos técnicos de tecnologia sejam mais assediados pelos estudantes, o investimento em educação básica e superior se mantém primordial. A redução dos tributos, ainda que importante para o estimular a indústria nacional, não preenche a lacuna deixada pela deficiência dos profissionais da área. “O Brasil ainda precisa adotar políticas públicas que visem o desenvolvimento da educação, principalmente nas áreas de exatas, como matemática e física”, destaca Tripoli.
São Paulo - A afirmação proferida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem, de que com a redução de 31% dos tributos – Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), PIS/Pasep, Cofins e Imposto de Importação - que incidem no processo de fabricação dos tablets, o Brasil tornaria os custos de produção do aparelho tão baratos quanto os de outros países do mundo, foi, na visão dos especialistas ouvidos pelo site de VEJA, exagerada.
A partir do alívio tributário conferido por Brasília, a indústria das tablets conquistará novos consumidores no mercado nacional, no entanto, está longe de ser competitiva em âmbito internacional. “Há uma demanda reprimida por este tipo de tecnologia no Brasil, ou seja, pessoas que já desejam o produto. Por isso, com a diminuição do preço final dos tablets, o consumo aumentará”, afirma Marcelo Trípoli, da consultoria iThink. “No entanto, o setor de tecnologia voltado aos tablets e aos computadores dificilmente se tornará competitivo mundialmente, pois muitos dos componentes destes aparelhos ainda são importados”.
Em contrapartida, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, afirma que o intuito fundamental dos incentivos do governo é fomentar o mercado interno, e não o externo. "Internalizar e desonerar a produção de objetos que antes eram fabricados no exterior foi uma boa notícia. O objetivo desta ação é abastecer o mercado nacional, mas, dado o seu tamanho, é capaz que impulsione a produção brasileira para os países vizinhos", completou.
Questão trabalhista - A despeito da redução do preço de comercialização dos tablets, o custo dos trabalhadores para as empresas será mantido, já que o governo não anunciou nenhum incentivo tributário ligado à folha salarial. “Muita mão-de-obra será empregada na montagem dos tablets no Brasil. Somente a Foxconn – montadora do iPad – contratará milhares de funcionários”, afirmou Fábio Garcia, especialista em planejamento tributário da Trevisan.
A inclusão dos tablets na “Lei do Bem” - lei que visa isentar certos produtos de impostos, como o computador pessoal - pode, inclusive, forçar o mercado de trabalho no início. De acordo com Tripoli, o consumo maior de tablets no país acarretará maior demanda por aplicativos digitais, o que, consequentemente, exigirá grande número de engenheiros de softwares nas empresas de tecnologia, profissional em extinção no Brasil atualmente.
A discussão recai, portanto, sobre o campo da educação. Segundo Garcia, por mais que o aumento do consumo dos tablets no Brasil contribua para que os cursos técnicos de tecnologia sejam mais assediados pelos estudantes, o investimento em educação básica e superior se mantém primordial. A redução dos tributos, ainda que importante para o estimular a indústria nacional, não preenche a lacuna deixada pela deficiência dos profissionais da área. “O Brasil ainda precisa adotar políticas públicas que visem o desenvolvimento da educação, principalmente nas áreas de exatas, como matemática e física”, destaca Tripoli.