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O antivírus do futuro

Com cada vez mais dispositivos conectados, uma nova leva de ameaças virtuais pode entrar em cena e infectar carros e até a nossa geladeira.

Batedeira
DR

Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 16h20.

Em algum momento de 2016, depois do almoço com os filhos, a mãe resolve fazer um bolo. Com alguns toques no monitor da geladeira conectada à internet, ela baixa uma receita. Liga a batedeira, que recebe, pela conexão Wi-Fi, instruções para bater a massa por 10 minutos. Mas o eletrodoméstico, infectado por um vírus, mistura os ingredientes por menos tempo. O bolo fica ressecado e sem sabor.

A cena parece de um futuro distante, mas especialistas acreditam que isso está próximo de acontecer, porque a era dos dispositivos conectados está quase aí. Quando a chamada internet das coisas for uma realidade, os malwares que infernizam a vida dos usuários de PC poderão danificar o funcionamento de eletrodomésticos e dos carros inteligentes ou ainda de qualquer outro dispositivo conectado à web. "Não escaparemos disso", diz Fabio Assolini, especialista em segurança da empresa de antivírus Kaspersky.

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Criados na década de 80, os programas de proteção, apesar de já terem evoluído, ainda têm um longo caminho pela frente. Hoje, esses programas possuem algoritmos capazes de estudar o comportamento do hardware e do software, em busca de problemas causados por códigos maliciosos, e que consultam bancos de dados na nuvem para checar se um arquivo desconhecido pode causar algum dano. Eles até vasculham e-mails em busca de anexos suspeitos. Mas os antivírus ainda não são compatíveis com os modernos dispositivos conectados, como carros e eletrodomésticos, diz Otto Steoterau, especialista da Norton.

Existe ainda um problema importante a ser resolvido. Os dispositivos conectados são muito diferentes entre si. As geladeiras que acessam a internet têm um sistema próprio, diferente do software que controla uma TV inteligente, por exemplo. "Isso complica e encarece o desenvolvimento de soluções para cada tipo de dispositivo", afirma Kevin Haley, diretor de resposta de segurança da fabricante de antivírus Symantec.

Um malware que alcance esses novos dispositivos pode fazer, por exemplo, com que um carro autônomo diga que está "cansado demais" para sair da garagem. Um vírus pode danificar a roupa inteligente que protege um alpinista. A geladeira infectada pode esquentar ao invés de gelar.

Os desenvolvedores terão agora a difícil missão de criar o antivírus do futuro. Mas já há estudos e planos que indicam como chegar a esse novo patamar. "O caminho para isso é a nuvem, já que os dispositivos conectados vão depender dessa tecnologia para receber instruções de funcionamento", afirma Sean Sullivan, conselheiro de segurança digital da consultoria F-Secure Sullivan.

Um antivírus na nuvem deverá ser compatível com todos os tipos de gadgets e poderá bloquear um ataque antes que chegue a infectar milhares de dispositivos. Deve, ainda, alertar o usuário se alguém tentar enganá-lo com mensagens por e-mail ou ao acessar suas contas nas redes sociais.

Num futuro próximo, o algoritmo dos antivírus deverá ser preparado para usar a imensa quantidade de dados que há espalhada na internet. A solução para isso está no big data, diz Steoterau, da Norton. Governos de países como Canadá e Estados Unidos já utilizam soluções de segurança que analisam bilhões de informações por dia colocadas na nuvem. A intenção é aprender padrões. Com isso, o sistema mapeia de onde podem vir ataques às suas redes militares e consegue identificar se existem hackers, crackers ou mesmo malwares tentando capturar dados secretos.

Essa tecnologia deve estar disponível para todos nós um dia. Quando isso acontecer, os dados disponíveis na internet, ao serem filtrados e cruzados, poderão revelar, por exemplo, que existe algo de errado com a batedeira conectada antes que o eletrodoméstico estrague o bolo.

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