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Nobel Alternativo premia ações contra armas químicas e situação em Gaza

A fundação Right Livelihood Award entregou hoje os prêmios deste ano ao americano Paul Walker, o palestino Raji Sourani, o congolês Denis Mukwege e o suíço Hans R. H

nobel-alternativo (Wolfgang Schmidt)
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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2013 às 17h25.

A cerimônia de entrega do chamado "Nobel Alternativo", realizada / nesta segunda-feira no parlamento sueco, enviou uma mensagem contra as armas químicas, a situação dos direitos humanos na Faixa de Gaza, a violência sexual na República Democrática do Congo (RDC) e a favor da agricultura ecológica.

A fundação Right Livelihood Award entregou hoje os prêmios deste ano ao americano Paul Walker, o palestino Raji Sourani, o congolês Denis Mukwege e o suíço Hans R. Herren.

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Os quatro compartilharão a premiação de dois milhões de coroas suecas (230 mil euros) dado a quem se destaca no trabalho social de pessoas e instituições de todo o mundo.

Walker, que há duas décadas trabalhou em diferentes organizações para implementar a convenção internacional que proíbe o uso de armas químicas, ressaltou que após anos de "dificuldades" foram eliminadas 58 mil toneladas, 80% do arsenal declarado no mundo todo.

A recente adesão da Síria a esse tratado deve ser considerada "um passo grande e histórico" rumo à abolição total destas armas, ressaltou Walker, que lembrou que ainda há seis países que não assinaram a convenção e se mostrou confiante que Egito e Israel o façam para garantir um Oriente Médio sem armas químicas.

O especialista americano elogiou a entrega do Nobel da Paz deste ano à Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), que "com discrição e determinação fez de nosso mundo um lugar mais seguro e pacífico".

O discurso do advogado Raji Sourani, fundador do Centro Palestino para os Direitos Humanos, esteve focado na situação da Faixa de Gaza, onde 1,8 milhões de pessoas foram "isoladas" e "presas" durante seis anos e meio, o que qualificou de "desastre causado pelo homem".

Essa "mancha" na consciência da comunidade internacional foi usada como "castigo coletivo" por Israel para debilitar o Hamas, uma estratégia que "claramente" falhou, criticou Sourani, que qualificou o sistema judiciário israelense de "ilusão de justiça".

Sourani disse que de 490 ações apresentadas para Israel contra a atuação das tropas israelenses na Operação Chumbo Fundido (2008-2009) para pedir a abertura de uma investigação criminal, só quatro receberam resposta concreta e uma gerou um processo contra um soldado por roubar um cartão de crédito.

"Dois Estados, um estado ou nenhum: o povo palestino existe e sua humanidade, seus direitos humanos devem ser reconhecidos", afirmou.

Denis Mukwege falou das "atrocidades" que presenciou durante 15 anos no hospital de Panzi, criado por ele e onde tratou mais de 40 mil mulheres vítimas de abusos sexuais no conflito bélico na região de Kivu, ao leste da República Democrática do Congo (RDC).

"Se este prêmio pode catalisar a chegada da paz à DRC e pôr fim à tragédia das mulheres congolesa especificamente e das mulheres em situações de conflitos armados em geral, me emocionarei", afirmou ao receber o prêmio o médico congolês, nome habitual nas apostas ao Nobel da Paz há anos.

Após pedir ano passado à ONU a condenação mundial aos grupos rebeldes congoleses pelos abusos sexuais, Mukwege sofreu uma tentativa de assassinato, o que o obrigou a se exilar de forma temporária na Europa, embora tenha voltado à DRC.

Foi no continente africano que desenvolveu grande parte de sua atividade o agrônomo e entomologista suíço Hans R. Herren, considerado um dos principais especialistas mundiais em controle biológico de pragas e agricultura sustentável.

Trabalhando para o Instituto Internacional de Agricultura Tropical impulsionou um programa de controle biológico para acabar com a praga da mandioca na África sem usar pesticidas, uma estratégia que dificultou a captação de fundos para o programa, embora tenha provado ser acertada anos depois.

"O meio de vida de mais de 200 milhões de pessoas foi restaurado e se salvaram as vidas de 20 milhões com um investimento total para o projeto de US$ 20 milhões, um dólar por vida salva", contabilizou em seu discurso Herren, criticando quem o tinha acusado de megalômano anos antes.

O Prêmio ao Correto Modo de Vida (Right Livelihood Award),o nome oficial do prêmio, foi adotado em 1980 pelo escritor e ex-eurodeputado sueco-alemão Jakob von Uexküll, que denunciou hoje que "a atual ordem mundial está falhando inclusive quando leva em conta seus próprios critérios". EFE

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