unger (Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2015 às 09h29.
Há menos de um mês no comando da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, o ministro Mangabeira Unger demitiu nesta semana dois dos principais responsáveis pelos estudos sobre os impactos das mudanças climáticas na economia brasileira. O levantamento, que deve ser entregue em abril, serve de base para as propostas que o país fará para o acordo sobre o clima na Conferência das Partes (COP 21), marcada para Paris, em dezembro deste ano. Mangabeira dispensou os serviços do secretário de Desenvolvimento Sustentável, Sérgio Margulis, e da diretora de programa Natalie Unterstell. As demissões foram reveladas pelo site Observatório do Clima.
De acordo com a assessoria da secretaria, as mudanças fazem parte "do processo normal de definição de seus colaboradores imediatos pelo novo ministro e não indica qualquer esmorecimento no compromisso com as políticas de sustentabilidade, que sempre ocuparam e continuarão ocupando papel relevante na atuação da pasta". A SAE informou que os cargos permanecem sem substitutos indicados. Até a reunião de dezembro, os países devem apresentar às Nações Unidas seus planos para enfrentamento das mudanças climáticas.
Essa não é a primeira vez que Mangabeira Unger é pivô de polêmica na área ambiental. A ação do ministro, que ocupou o mesmo cargo no segundo mandato do presidente Lula, foi a gota dágua para o pedido de demissão de Marina Silva, então ministra do Meio Ambiente. Mangabeira manobrou para levar a coordenação do Plano Amazônia Sustentável para a SAE, tirando do Meio Ambiente o programa que era uma das meninas dos olhos de Marina.
A demissão foi vista com "grande preocupação" por Carlos Rittl, secretário-geral do Observatório do Clima, que reúne 35 ONGs. Segundo ele, a dupla estava concluindo o principal estudo já feito no Brasil sobre adaptação às mudanças climáticas. Os dados preliminares, que seriam publicados em abril, indicavam que, com as mudanças climáticas, a expansão do parque hidrelétrico traria impactos negativos. "O estudo forneceria dados para que o país pudesse repensar seu planejamento de longo prazo", afirmou.