Lobista defende padrão americano de TV digital
O presidente do ATSC Forum, Robert Graves, esteve no Brasil esta semana numa tentativa de convencer radiodifusores e autoridades da superioridade técnica do padrão americano para transmissão de TV digital. Eis os principais trechos de sua conversa com EXAME sobre TV digital: Sobre a adoção da TV digital nos Estados Unidos "Já há 495 estações […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h16.
O presidente do ATSC Forum, Robert Graves, esteve no Brasil esta semana numa tentativa de convencer radiodifusores e autoridades da superioridade técnica do padrão americano para transmissão de TV digital. Eis os principais trechos de sua conversa com EXAME sobre TV digital:
Sobre a adoção da TV digital nos Estados Unidos
"Já há 495 estações transmitindo digitalmente para 90% dos lares americanos. Os preços de receptores e conversores caíram dramaticamente. Um aparelho de 64 polegadas que em 1998 custava 9 000 dólares hoje sai por 2 800. Um monitor de alta definição custa 800 dólares, e os conversores, 400 dólares. Em cinco anos, mesmo as TVs digitais pequenas custarão o mesmo que as analógicas."
Sobre o sucesso da alta definição
"Não há dúvida de que a alta definição é um sucesso. Ela tem uma taxa de adoção mais rápida que a TV em cores ou o videocassete. Estamos exatamente no ponto de inflexão: as vendas cresceram 89% na primeira metade do ano. Se você comprar um TV de tela larga hoje, será um tolo se não comprar uma TV de alta definição. No começo, a TV de enfrentou dois problemas: a falta de conteúdo interessante o bastante e o fato de que nem todas as operadoras de cabo transmitiam os sinais abertos em alta definição. Mas agora, graças à intervenção do órgão regulador, há um compromisso das maiores operadoras de fazê-lo, e isso deve aumentar ainda mais as vendas. Mesmo que o governo não fizesse nada, a alta definição seria inevitável. Seria um processo que duraria de 10 a 20 anos. Mas o espectro dos canais analógicos é muito valioso para que o governo esperasse o último usuário a trocar espontaneamente."
Sobre a importância da TV aberta para os Estados Unidos
"De 3 milhões de unidades de TV de alta definição vendidas, 400 000 são capazes de receber o sinal aberto ATSC. Embora em 80% das casas o televisor principal esteja ligado no cabo, 40% dos TVs americanos recebem sinais abertos. São 81 milhões de aparelhos. Assim como no Brasil, sobrevivência da TV aberta e gratuita é extremamente importante para o país."
Sobre a qualidade técnica do padrão ATSC
"O ATSC não é tecnicamente inferior. O ponto chave é que vencemos a maior parte dos testes de laboratório. Quando à cobertura do sinal, nos demos mal quanto aos fantasmas. A novidade é que estamos na quinta geração do padrão e podemos resolver esses problemas com dispositivos de silício nos receptores. Eliminamos nossa fraqueza e ainda temos um sinal mais robusto, com 4 decibéis de vantagem. O caso da Inglaterra, em que o próprio CEO da ITV Digital afirmou que o principal motivo da falência foram os problemas de recepção, mostra como esses 4 dB são importantes. A Anatel anunciou que haverá testes adicionais e apoiamos isso enfaticamente. Temos respostas técnicas prontas para entrar no mercado para todas as questões."
Sobre a TV móvel
"Em nenhum lugar do mundo há prova de que o sistema japonês torna possível a TV móvel. Ele nunca foi testado pra valer no mercado. Nosso padrão será capaz de oferecer um serviço móvel tão bom ou melhor por três motivos: 1) potência do sinal; 2) as melhorias nos receptores; e 3) melhorias no esquema de transmissão. Mesmo assim, temos muitas reservas em relação à mobilidade. Primeiro, será preciso ter um sinal extremamente mais robusto, o que obrigará a uma dramática compensação na capacidade de transmissão. Nosso padrão é tão bom para isso quanto qualquer outro. O problema é que, para alguns assistirem à TV móvel, ninguém poderá ter alta definição. A resposta para isso é usar um outro canal ou então oferecer o serviço por meio das operadoras de celular. Em Cingapura, uma pequena ilha que é o único país com TV móvel, foi preciso instalar 11 transmissoras para cada emissora. Em São Paulo, seriam necessárias 130. Não sei se isso seria economicamente viável."
As razões para o Brasil adotar o ATSC
"Primeiro, nossa vantagem de 4 decibéis oferece melhor cobertura e economia de energia. Segundo, haverá mais produtos de mais fornecedores, e vocês precisam baratear a TV digital. Terceiro, ela significará mais empregos, mais investimento e mais exportações para o Brasil, pois teremos um padrão comum para as Américas. É muito importante para o Brasil andar rápido. Isso não quer dizer que vocês precisem tomar a decisão na semana que vem. Trata-se de um processo longo, difícil, mas extremamente importante. E é uma forma de reduzir a exclusão digital, de trazer o mundo digital para gente que nunca teve acesso a um computador. Se vocês quiserem tomar parte ativa nesse mundo, é preciso andar depressa."
O presidente do ATSC Forum, Robert Graves, esteve no Brasil esta semana numa tentativa de convencer radiodifusores e autoridades da superioridade técnica do padrão americano para transmissão de TV digital. Eis os principais trechos de sua conversa com EXAME sobre TV digital:
Sobre a adoção da TV digital nos Estados Unidos
"Já há 495 estações transmitindo digitalmente para 90% dos lares americanos. Os preços de receptores e conversores caíram dramaticamente. Um aparelho de 64 polegadas que em 1998 custava 9 000 dólares hoje sai por 2 800. Um monitor de alta definição custa 800 dólares, e os conversores, 400 dólares. Em cinco anos, mesmo as TVs digitais pequenas custarão o mesmo que as analógicas."
Sobre o sucesso da alta definição
"Não há dúvida de que a alta definição é um sucesso. Ela tem uma taxa de adoção mais rápida que a TV em cores ou o videocassete. Estamos exatamente no ponto de inflexão: as vendas cresceram 89% na primeira metade do ano. Se você comprar um TV de tela larga hoje, será um tolo se não comprar uma TV de alta definição. No começo, a TV de enfrentou dois problemas: a falta de conteúdo interessante o bastante e o fato de que nem todas as operadoras de cabo transmitiam os sinais abertos em alta definição. Mas agora, graças à intervenção do órgão regulador, há um compromisso das maiores operadoras de fazê-lo, e isso deve aumentar ainda mais as vendas. Mesmo que o governo não fizesse nada, a alta definição seria inevitável. Seria um processo que duraria de 10 a 20 anos. Mas o espectro dos canais analógicos é muito valioso para que o governo esperasse o último usuário a trocar espontaneamente."
Sobre a importância da TV aberta para os Estados Unidos
"De 3 milhões de unidades de TV de alta definição vendidas, 400 000 são capazes de receber o sinal aberto ATSC. Embora em 80% das casas o televisor principal esteja ligado no cabo, 40% dos TVs americanos recebem sinais abertos. São 81 milhões de aparelhos. Assim como no Brasil, sobrevivência da TV aberta e gratuita é extremamente importante para o país."
Sobre a qualidade técnica do padrão ATSC
"O ATSC não é tecnicamente inferior. O ponto chave é que vencemos a maior parte dos testes de laboratório. Quando à cobertura do sinal, nos demos mal quanto aos fantasmas. A novidade é que estamos na quinta geração do padrão e podemos resolver esses problemas com dispositivos de silício nos receptores. Eliminamos nossa fraqueza e ainda temos um sinal mais robusto, com 4 decibéis de vantagem. O caso da Inglaterra, em que o próprio CEO da ITV Digital afirmou que o principal motivo da falência foram os problemas de recepção, mostra como esses 4 dB são importantes. A Anatel anunciou que haverá testes adicionais e apoiamos isso enfaticamente. Temos respostas técnicas prontas para entrar no mercado para todas as questões."
Sobre a TV móvel
"Em nenhum lugar do mundo há prova de que o sistema japonês torna possível a TV móvel. Ele nunca foi testado pra valer no mercado. Nosso padrão será capaz de oferecer um serviço móvel tão bom ou melhor por três motivos: 1) potência do sinal; 2) as melhorias nos receptores; e 3) melhorias no esquema de transmissão. Mesmo assim, temos muitas reservas em relação à mobilidade. Primeiro, será preciso ter um sinal extremamente mais robusto, o que obrigará a uma dramática compensação na capacidade de transmissão. Nosso padrão é tão bom para isso quanto qualquer outro. O problema é que, para alguns assistirem à TV móvel, ninguém poderá ter alta definição. A resposta para isso é usar um outro canal ou então oferecer o serviço por meio das operadoras de celular. Em Cingapura, uma pequena ilha que é o único país com TV móvel, foi preciso instalar 11 transmissoras para cada emissora. Em São Paulo, seriam necessárias 130. Não sei se isso seria economicamente viável."
As razões para o Brasil adotar o ATSC
"Primeiro, nossa vantagem de 4 decibéis oferece melhor cobertura e economia de energia. Segundo, haverá mais produtos de mais fornecedores, e vocês precisam baratear a TV digital. Terceiro, ela significará mais empregos, mais investimento e mais exportações para o Brasil, pois teremos um padrão comum para as Américas. É muito importante para o Brasil andar rápido. Isso não quer dizer que vocês precisem tomar a decisão na semana que vem. Trata-se de um processo longo, difícil, mas extremamente importante. E é uma forma de reduzir a exclusão digital, de trazer o mundo digital para gente que nunca teve acesso a um computador. Se vocês quiserem tomar parte ativa nesse mundo, é preciso andar depressa."