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Inteligência americana diz que Trump é espionado

Presidente americano se nega a usar somente os iPhones oficiais do governo

. (Kevin Lamarque/Reuters)

. (Kevin Lamarque/Reuters)

São Paulo - Serviços de inteligência dos Estados Unidos acusam a China e a Rússia de usarem espionagem em escutas de conversas telefônicas do presidente Donald Trump. Segundo reportagem do The New York Times, os assessores de Trump já o alertaram diversas vezes sobre os riscos de fazer ligações de seus dispositivos pessoais em vez de usar os telefones conectados à linha oficial da Casa Branca. O presidente, porém, se recusa a abandonar seus iPhones, restando aos oficiais do governo apenas torcer para que ele não fale sobre informações classificadas com seus amigos e colegas próximos.

As agências de espionagem americanas alegam ter descoberto que a China e a Rússia estavam espionando os telefonemas do presidente e interceptando as comunicações entre autoridades estrangeiras. O objetivo da espionagem, mais intensificada na China, seria antecipar as estratégias de Trump para o governo e criar uma lista de pessoas próximas ao presidente para tentar influenciá-los de acordo com os interesses da potência asiática. Entre os que constam na lista estão Stephen A. Schwarzman, executivo-chefe do Blackstone Group que financiou um programa de mestrado na Universidade de Tsinghua, em Pequim, e Steve Wynn, ex-magnata do cassino de Las Vegas, que possuía uma lucrativa propriedade em Macau.

Com isso, a China espera ser capaz de contatar os amigos de Trump pela mesma via de “amizade”, transmitindo a eles informações de seus interesses, que poderiam chegar ao presidente americano por fontes que considera “confiáveis”. Wynn e Schwarzman se negaram a comentar o caso.

Quanto à Rússia, os oficiais americanos ligados ao caso dizem que o esforço do país em espionar os Estados Unidos não seria tão “sofisticado” devido à aparente afinidade de Trump com o presidente Vladimir Putin.

O poder da agenda

Conforme orientação do governo, Trump possui dois iPhones alterados pela Agência Nacional de Segurança (NSA) para limitar suas funções - e vulnerabilidades. Mas além disso, mantém um telefone pessoal, também da Apple, com as mesmas configurações de todos os iPhones espalhados pelo mundo. Os oficiais da Casa Branca dizem que Trump insiste em manter seu aparelho pessoal porque é o único que permite armazenar seus contatos. Ao jornal, a Apple não quis comentar o caso.

Tentativas de espionagem por serviços de inteligência é algo comum em muitos países. Os Estados Unidos, inclusive, são um dos protagonistas nesse assunto como o escândalo revelado em 2013 por Edward Snowden, ex-funcionário da NSA. O próprio Trump fez uso do tema durante as eleições de 2016 para atacar sua adversária Hillary Clinton por usar um servidor de e-mail sem segurança enquanto era secretária de Estado. Por isso, presidentes, chefes de estado e demais agentes ligados a temas estratégicos costumam seguir à risca a recomendação de limitar ao máximo o uso de dispositivos que não possam ser controlados pelos órgãos de segurança de seus países.

Além da agenda, o presidente considera relevantes muitas funcionalidades que são desabilitadas nos telefones oficiais, como câmera, microfone, SMS e loja de aplicativos (nenhuma delas estava disponível no iPhone oficial de Barack Obama durante sua gestão). O máximo que Trump aceitou foi deixar de usar celulares com sistema Android, considerado mais vulnerável que o iOS.

Em uma postagem no Twitter, Trump desmentiu a reportagem, dizendo “Eu só uso Telefones do Governo, e tenho apenas um celular do governo que raramente uso. A história é muuuuito errada!”

China Nega espionagem

Em coletiva feita ontem (25) em Pequim, a porta-voz chinesa do Ministério de Relações Internacionais, Hua Chunying, negou as acusações de espionagem, classificando-as como fake news. “Se Trump está preocupado com a segurança de seu iPhone, ele pode considerar mudar para uma Huawei, ou cortar completamente as comunicações”, ironizou. Os chefes de agências como a CIA, FBI e NSA já chegaram a alertar os cidadãos quanto ao uso de smartphones da fabricante chinesa, dados os fortes laços da empresa com o governo de seu país.

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