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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h43.
Cinco das maiores empresas de tecnologia do país - CPM, Datasul, Itautec, Politec e Stefanini - se uniram numa associação para promover a exportação de software e serviços de programação para países desenvolvidos. Batizada de Brasscom (o nome é uma cópia da associação indiana Nasscom), a entidade nasceu no fim de fevereiro com um único objetivo: melhorar a imagem da indústria de software brasileira junto aos grandes compradores internacionais.
Para os sócios-fundadores da Brasscom, o Brasil ainda tem chances de ganhar espaço no cada vez mais competitivo mercado mundial de terceirização. Apesar de os indianos terem saído quase uma década na frente, a avaliação é que o movimento de contratar programadores de países em desenvolvimento (prática conhecida como "offshoring") está apenas começando. "Já temos acesso a grandes empresas fora do Brasil", diz Antonio Carlos Rego Gil, presidente da integradora CPM e da Brasscom. "Mas, na hora de optar entre uma companhia indiana, que já têm experiência e fama internacionais, e uma brasileira, que acaba de aparecer no cenário global, os compradores não têm dúvida."
O modelo da Brasscom é uma cópia do que foi aplicado na Índia. A idéia dos sócios é, com a ajuda do governo federal, contratar a consultoria McKinsey, autora do levantamento original que deu origem à indiana Nasscom. De posse do estudo, o passo seguinte é ter uma sede nos Estados Unidos, cujo potencial para compra de serviços terceirizados é de 65 bilhões de dólares por ano. "Apesar desse projeto, todas as empresas vão continuar com seus esforços de exportação individuais", diz Marco Stefanini, presidente da integradora Stefanini. A empresa tem uma área internacional desde 1996. Dos 193 milhões de reais que a Stefanini faturou no ano passado, 15% vieram das filiais instaladas fora do Brasil. A maior parte do dinheiro, porém, foi gerada por serviços prestados nos próprios países em que a Stefanini tem presença e não de programas escritos no Brasil. O plano de Stefanini é crescer justamente aí, pois os custos de um programador brasileiro são muito mais baixos do que os de um americano: "Nosso objetivo é ter metade do nosso faturamento gerado fora do Brasil - embora o serviço seja executado aqui".
Além de oferecer preços competitivos, as empresas brasileiras têm outro atrativo, diz Jorge Steffens, executivo-chefe da Datasul, fabricante de sistemas de gestão empresarila que faturou 245 milhões de reais no ano passado. "Os clientes americanos querem ter o desenvolvimento de software em mais de uma parte do mundo, pois a Índia está sujeita a instabilidades políticas", diz Steffens. "Esse é um bom argumento a favor das empresas daqui."
Apesar do otimismo dos fundadores, a criação da Brasscom está longe de ser uma unanimidade no setor. Para Djalma Petit, coordenador do Softex, um organismo que tem entre suas atribuições promover a indústria nacional de software, a criação de mais uma entidade vai apenas dividir os esforços já em andamento. Uma semana antes da fundação da Brasscom, a Softex promoveu uma viagem de empresários brasileiros aos Estados Unidos justamente para apresentar o país como um fornecedor alternativo aos indianos. "Acreditamos que essas empresas poderiam trabalhar em conjunto com a Softex", diz Petit. O representante de uma das companhias envolvidas na Brasscom diz que a questão é de foco: "O Softex tem várias prioridades. A nova associação tem um único objetivo: exportar."