Huawei está otimista com a aprovação de 5G no Brasil
Para Marcelo Motta, diretor de cibersegurança e soluções da Huawei, não existe motivo para que a empresa fique de fora da briga pelo 5G no país
Tamires Vitorio
Publicado em 28 de agosto de 2020 às 12h47.
Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 15h35.
A companhia chinesa Huawei (maior fornecedora de telecom do mundo) está otimista com a aprovação do 5G no Brasil e com a sua participação no instalação da tecnologia no país. O leilão de frequência da nova geração de internet móvel deve ser realizado pelo governo brasileiro no segundo trimestre de 2021. Fabricantes de equipamentos de telecomunicações como a própria Huawei, a finlandesa Nokia e a sul-coreana Samsung, oferecem seus produtos para as operadoras (como a Vivo e a Claro), que participam do leilão.
Para Marcelo Motta, diretor de cibersegurança e soluções da Huawei, não existe motivo para que a empresa fique de fora da briga pelo 5G no país --- mesmo com as ameaças do embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, de que o Brasil "sofreria consequências" econômicas negativas" se fosse decidido manter a chinesa no páreo para a implementação da tecnologia por aqui. "Não temos qualquer insegurança em relação a nossa participação no mercado de 5G, continuamos abertos e não vemos motivos para qualquer dúvida em relação a nossa governança e a nossa cibersegurança", explicou Motta em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira, 28, a qual EXAME participou.
Na tarde de ontem, a Nokia (que também está na briga), afirmou que uma provável exclusão da Huawei do leilão brasileiro não afetaria a implantação da rede 5G, visto que outros países adotaram a tecnologia mesmo sem a participação da chinesa. Motta não acredita que esse é o caso. "Temos uma interação muito boa com o Ministério das Comunicações e, por uma questão de agenda, ainda não encontramos o ministro pessoalmente", disse. "Hoje já temos uma base enorme instalada para o 4G e ela rapidamente pode trazer o 5G para o Brasil, então os operadores já fizeram todo esse investimento na infraestrutura e aos poucos vão trazer essa tecnologia para o mercado brasileiro", afirmou.
Motta também acredita que, apesar da evolução do Brasil em relação à internet, ainda existe um longo caminho a ser percorrido uma vez que a velocidade por aqui ainda é baixa. "A banda larga móvel, por exemplo, quando a gente mede a quantidade de rádios base por 10 mil habitantes, temos 4,7 ou 5 estações para cada 10 mil habitantes --- e a China tem cinco vezes mais que isso. Para nos igualarmos com a China, precisaríamos de cinco vezes mais estações", disse. "Poderíamos dar mais velocidade para o que já existe, mas o Brasil tem a necessidade de continuar expandindo essas estações para aumentar a cobertura da banda larga móvel."
Os benefícios do 5G, para ele, seriam muitos e podem beneficiar não só os consumidores físicos, mas também as empresas. "Para os clientes, o 5G vai trazer justamente mais e mais aplicações em nuvem, jogos online, a questão de baixa latência, realidade virtual, realidade aumentada e aplicações por vídeo. No mercado corporativo, a nova geração vai levar toda a eficiência para a indústria e também é você usar essa tecnologia para desenvolver serviços. A conectividade vai permitir que novos negócios por meio dela, em si ela é um meio para a construção de novas aplicações", garantiu.
O que os Estados Unidos têm a ver com a Huawei?
A ameaça do embaixador americano sobre a participação da Huawei no leilão do 5G brasileiro tem muito a ver com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, que ganha novos contornos com bastante frequência.
No ano passado a companhia foi colocada na lista negra dos EUA pelo presidente Donald Trump por "ameaçar a segurança americana", o que proibia a Huawei de fazer negócios com qualquer empresa americana. Um duro golpe na fabricante de celulares chinesa, que dependia fortemente de seu acordo com o Google para o fornecimento do sistema operacional Android para seus dispositivos.
A briga com os Estados Unidos pode afetar, inclusive, a presença da Huawei no mercado do 5G. Isso porque o país americano vem fazendo campanha para que seus aliados dispensem o uso da tecnologia chinesa --- o Reino Unido, por exemplo, baniu a companhia.
Resta saber o que espera a Huawei no fim do túnel. E se o Brasil vai ou não ceder à pressão americana.