Exame Logo

Homem transforma o Japão em oásis para startups de bitcoins

O legislador Mineyuki Fukuda transformou sozinho o Japão em um oásis para os empreendedores do bitcoin, ao estimular o setor a criar e aplicar regras próprias

Bitcoin: Fukuda acabou sendo o responsável pela política de bitcoins do Japão (Stephane de Sakutin/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 17h49.

Tóquio -O homem que transformou sozinho o Japão em um oásis para os empreendedores do bitcoin era o centro das atenções em uma reunião com simpatizantes políticos. O preço da entrada: US$ 83,75.

Apertados em uma minúscula sala privativa de um restaurante chinês perto do congresso em Tóquio, Mineyuki Fukuda estava sentado na cabeceira da mesa com meia dúzia de fãs de tecnologia.

Fukuda começou explicando como ele, um legislador no segundo mandato em um obscuro subcomitê que supervisiona os sistemas de pagamentos eletrônicos, acabou sendo o responsável pela política de bitcoins do Japão.

Nove meses atrás, poucos funcionários japoneses tinham sequer ouvido falar da moeda digital, muito menos de algo chamado Mt. Gox, um banco de bitcoins dirigido por um francês que por acaso morava emTóquio. Depois que US$ 473 milhões em dinheiro virtual foram roubados por hackers, o governo se viu obrigado a perguntar o que é bitcoin. E a fazer outra pergunta ainda mais relevante: quem deveria regulá-lo?

“O Ministério das Finanças não queria lidar com isso. O Ministério do Comércio também não”, disse o político de 50 anos, com uma gravata rosa fina e um cabelo escuro e desgrenhado que realçavam o terno cinza. “Sobrou para mim”.

Para entender o assunto, Fukuda começou a perguntar. Ele se reuniu com operadores, programadores e comerciantes para descobrir como o bitcoin funciona e como não funciona.

Um blog popular publicou uma foto dele sorrindo do lado de um equipamento de computação com as placas de circuitos expostas, acompanhado por um empreendedor que parecia mais um skatista do que um empresário.

"Hã?"

Em vez de fazer uma lei, Fukuda decidiu estimular o setor a criar e aplicar suas próprias regras. Cultivar novos negócios é parte da proposta do primeiro-ministro Shinzo Abe, portanto Fukuda conseguiu convencer os colegas do Partido Liberal Democrata a assumir o risco da sua abordagem não intervencionista.

Contudo, às vezes ele se sente sozinho sendo a única autoridade do governo responsável por uma tecnologia que poucos entendem. Durante uma missão de investigação nos EUA em setembro, Fukuda diz que levou bolo do congressista Jared Polis, do Colorado, que cancelou uma reunião com ele em cima da hora.

Quando Fukuda tenta contar aos eleitores em Yokohama sobre seu novo portfólio, ele diz que a resposta costuma ser “hã?”.

Nessa fria noite de novembro, no entanto, Fukuda estava compartilhando chá oolong, vinho chinês envelhecido e carne de porco agridoce com seus biterati, um grupo de sete simpatizantes e dois jornalistas que se espremiam na mesa. Era um público incomum, que realmente podia apreciar as meditações de Fukuda sobre os potenciais usos do blockchain, o registro on-line permanente que impede a falsificação do bitcoin.

“Considerem, por exemplo, o processo de registrar títulos de propriedade”, disse Fukuda. “Atualmente, o governo tem que manter registros. Se o blockchain fosse usado, todos saberiam quem é dono do quê e o governo não teria que se envolver”.

Concessões engenhosas

No que tange à regulamentação de bitcoins, há padrões por todos os lados. O Reino Unido não se pronunciou sobre o assunto, levando os empreendedores a se perguntarem o que vai acontecer, ao passo que os EUA e a China não demoraram em estabelecer regras para limitar a especulação ou deter a lavagem de dinheiro.

Depois vem o Japão, onde Fukuda fez algumas concessões engenhosas. Sua primeira medida foi definir o bitcoin com termos propositadamente nebulosos, que passam longe das leis bancárias japonesas. A maioria dos países decidiu que o bitcoin é uma moeda ou uma commodity. A formulação de Fukuda – “valor digital registrado” – não é uma coisa nem outra.

A ideia é fazer com que as empresas de bitcoins adotem alguns padrões básicos, como garantir que o dinheiro seja armazenado off-line em uma “carteira fria” para que os hackers não possam chegar até ele, ou exigir aos titulares de contas que se identifiquem com selfies que exibam também suas carteiras de motorista. Desde a abertura da Autoridade de Ativos Digitais do Japão em agosto, cinco companhias se matricularam.

“Nós transformamos isso em realidade”, disse ele.

São Paulo – Uma em cada quatro startups brasileiras morre antes de completar um ano de vida, segundo um estudo inédito feito pela Fundação Dom Cabral (FDC) neste ano. Em 2014, isso pode ter sido ainda mais evidente. Este não foi um ano fácil: os fundos de investimento fizeram menos aportes em startups, algumas empresas não conseguiram se provar no mercado e os modelos de monetização são cada vez mais um desafio.Mesmo assim, algumas startups conseguiram se destacar, seja por acordos de venda ou aquisição, por estratégias ousadas de marketing ou por trazerem inovações ao mercado.Com a ajuda de Guilherme Calheiros, diretor de Inovação e Competitividade Empresarial do Porto Digital, Camila Farani, investidora-anjo, Yuri Gitahy, membro do conselho da ABStartups, e Reinaldo Normand, empreendedor , EXAME.com mostra quais foram as startups que se destacaram neste ano. Veja nas fotos as oito startups de destaque.
  • 2. Easy Taxi

    2 /9(Divulgação)

  • Veja também

    O app estava na lista de destaque de 2013 e mereceu aparecer novamente neste ano. Com a premissa simples de usar o celular para encontrar um taxi, a empresa evoluiu, fechou parcerias com várias outras startups, como o Waze, passou a receber pagamentos direto pelo app e revolucionou a vida de milhares de taxistas e passageiros. Em julho, recebeu 90 milhões de reais para seguir crescendo. Desde a sua criação, a empresa captou 145 milhões de reais em investimento. “Com mais de 300 mil taxistas atendendo corridas diárias, é uma das startups brasileiras que mais cresceu em 2014”, diz Gitahy.
  • 3. Uber

    3 /9(Raul Aragao/I Hate Flash)

  • O Uber é provavelmente uma das startups mais polêmicas do ano. O app para conseguir caronas foi criado em 2009, em São Francisco, e muitos dizem que o serviço é ilegal, desrespeita as regras locais de transporte e ainda invade a privacidade dos usuários. Até agora, a empresa não tem se mostrado abalada e tenta continuar as operações na maioria dos países em que atua. Nesta semana, um executivo disse que as manchetes não são tão ruins assim para o negócio.

    A startup recebeu mais de 1 bilhão de dólares em investimento de 33 investidores e está sendo avaliado entre 18 bilhões e 40 bilhões de dólares. “Esses dados por si só já a colocam como uma das startups mais valiosas da história. É conhecida e bem avaliada pela maioria dos usuários que deseja rapidez e conveniência em um trânsito cada vez mais caótico”, afirma Camila.
  • 4. Peixe Urbano

    4 /9(Germano Lüders/EXAME)

    É verdade que o Peixe Urbano não é uma startup iniciante, mas não poderia ficar de fora da lista. Depois de um crescimento meteórico, quando chegou a ter quase mil funcionários, e uma queda causada pelo modelo de negócios falido das compras coletivas, o Peixe Urbano voltou às manchetes neste ano. O responsável por isso foi o Baidu, gigante chinês da internet que anunciou a aquisição da empresa brasileira. “O Peixe Urbano tem 20 milhões de usuários cadastrados na plataforma, fazendo com que ele fosse estratégico para o Baidu se afirmar no mercado brasileiro”, explica Calheiros.
  • 5. Whatsapp

    5 /9(Reprodução)

    Eram pouco mais de 50 pessoas trabalhando em um app de troca de mensagens pelo celular. A moda pegou e o Whatsapp entrou para a lista das aquisições bilionárias do Facebook. O negócio, anunciado em julho, foi consolidado em outubro por 22 bilhões de dólares.
    Usado para comprovar de traição e casos de polícia, o aplicativo ganhou espaço nos celulares de várias partes do mundo, revolucionando o mercado.

  • 6. GuiaBolso

    6 /9(David Paul Morris/Getty Images)

    Considerada uma das melhores ferramentas para organizar as finanças pessoais, o GuiaBolso puxa os dados da conta bancária direto para o celular e facilita a administração dos gastos e receitas. No final de 2013, a empresa recebeu um aporte liderado pelo fundo e.Bricks Early Stage, braço de venture capital da e.Bricks Digital. Em 2014, venceu a competição InfoStart, organizada pela revista Info.

  • 7. iFood

    7 /9(Divulgação)

    Os apps de pedidos de comida delivery tiveram em 2014 um momento de consolidação, com aquisições e investimentos. No final de 2013, o iFood recebeu um aporte de 5,5 milhões de reais da Movile. Neste ano, mostrou a que veio. Em setembro, anunciou uma fusão com o RestauranteWeb, app rival comandado pela empresa britânica JustEat. No mês seguinte, confirmou duas aquisições de players locais, somando três compras no ano.


  • 8. Bebê Store

    8 /9(Germano Lüders/EXAME)

    Fundada em 2009, pelos empreendedores Leonardo Simão e Juliana Della Nina, a Bebê Store faz parte do grupo BB Box, que controla as lojas Toy Store, Mommy Store e Kids Store. No começo de 2013, recebeu 20 milhões de reais em investimento feito pelos fundos W7 Brazil Capital e Atomico. Em julho de 2014, recebeu um aporte de 500 mil dólares da Catalyst, fundo de investimento da Endeavor, e anunciou a compra do seu principal concorrente, a Baby.com.br. Com a aquisição, a empresa passou a oferecer mais de 55 mil itens para bebês e crianças.
  • 9. Bliive

    9 /9(Bliive/Facebook)

    Lorrana Scarpioni tirou do papel uma ideia que parecia impossível: vender tempo. Ela criou a rede social Bliive, que funciona como um banco de horas online em que os usuários podem trocar serviços entre si, pagando com uma moeda própria. Com mais de 30 mil usuários, a rede social venceu o Desafio Intel deste ano e foi selecionada pelo Sirius Program, um programa de incentivo a startups do Reino Unido.
  • Acompanhe tudo sobre:ÁsiaBitcoinEmpreendedoresJapãoPaíses ricosStartups

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Tecnologia

    Mais na Exame