Hackathon da Evernote reúne desenvolvedores em SP
Faltavam 50 minutos para o prazo final de entrega dos projetos e Should I Stay or Should I Go, do Clash, tocava alto nas caixas de som. Hora de abrir mais um energético
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2013 às 14h17.
São Paulo - Passava das dez horas da manhã do domingo, dia 11 de novembro, e os programadores estavam em cacos. Latas vazias de bebida energética sobre a mesa, olhos vermelhos mirando telas luminosas com intermináveis linhas de código. Faltavam 50 minutos para o prazo final de entrega dos projetos e Should I Stay or Should I Go, do Clash, tocava alto nas caixas de som. Hora de abrir mais um energético.
Esse foi o clímax do hackathon da empresa californiana Evernote em São Paulo, maratona de programação comum entre empresas do Vale do Silício. O evento começou às 9h do sábado, quando 100 participantes chegaram ao prédio da aceleradora Wayra. O espaço, com vista para a marginal do Rio Pinheiros, tem 1.200 metros quadrados e toda a cara de escritório de startup. Paredes adesivadas com frases motivacionais, mesas sem divisórias e cozinha coletiva.
A maioria dos inscritos veio de universidades paulistas, entre elas USP, Unicamp e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Eram programadores, designers e qualquer tipo de curioso que topasse a aventura. Eles deveriam criar ao longo do evento, partindo do zero, um aplicativo que rodasse em Android, para smartphones e tablets, usando a plataforma Evernote, com que o usuário pode escrever anotações e manter listas de atividades.
Os amigos Bruno Lemos, Caio Cesar Flores e Maurício Giordano, todos no primeiro ano da USP, já haviam passado por uma maratona antes mesmo de chegar à competição. Eles subiram num ônibus em Piracicaba às 5h30 da manhã e desceram no Terminal Tietê às 7h30. De lá seguiram até a estação Conceição do metrô e entraram em outra condução. Desembarcaram na Wayra às 9h20, poucos minutos antes do fim do credenciamento. “Vale pela experiência”, diz Flores.
Dormiram apenas duas horas naquela noite, e não voltariam a fechar os olhos até o fim da disputa. Pelo menos, o café da manhã que os recepcionou foi cheio. Uma mesa instalada no mezanino tinha caixas de suco, refrigerante, pães de queijo, bolo e salgadinhos à vontade. E numa geladeira no térreo, cerveja e mais energético.
O hackathon começou pra valer pouco antes das 11h, depois de algumas explicações técnicas da equipe da Evernote sobre o ambiente de desenvolvimento. Aí os times debruçaram sobre notebooks e intermináveis folhas de rascunho para começar seus projetos. Canetas ganhavam múltiplas funções nas mãos dos participantes. Com elas, rascunhavam ideias de interface, relaxavam as fazendo de mordedores ou malabares, e coçavam a cabeça quando as soluções não vinham.
“Para nós, o objetivo principal é conhecer a comunidade brasileira de desenvolvedores”, diz Luis Samra, gerente para América Latina da Evernote. “Queremos unir talentos, então essa é uma oportunidade única.” Entre os projetos, havia um aplicativo que facilitava o armazenamento de ingressos digitais para cinema e espetáculos. Outro registrava o trajeto de caminhadas, como um diário de exercícios.
Para jantar, quando a noite chegou, pizzas foram encomendadas. E quem precisasse de um tempo de digestão podia relaxar em pufes ou na rede instalada no mezanino. Havia ainda uma mesa de pingue-pongue e sacos de pancada, para os momentos de descontração ou de desentendimento entre as equipes. Esse mesmo espaço encheu ao longo da madrugada, conforme os integrantes desistiam de manter os olhos abertos. Nem que fosse por uma ou duas horas. Colchões de ar inflados ao lado das mesas serviam de cama. Desenvolvedores apagavam encostados nas cadeiras, cabeças apoiadas em mochilas.
Finalmente, às 11h da manhã do domingo, foram encerradas as inscrições dos projetos. Mas começava outro momento crucial da jornada: mostrar, em inglês, as criações para a equipe da Evernote. Foram 20 apresentações. Alguns protótipos mal funcionaram, outros enfrentaram problemas menores, e um dos times só pegou o microfone para anunciar que não conseguiu executar sua ideia, mas que a experiência havia valido a pena.
Ganharam os criadores de uma aplicação chamada Epicnote, que incentiva o usuário a usar o programa com medalhas virtuais, num sistema semelhante ao do Foursquare. Seus integrantes foram premiados com duas viagens para conhecer o escritório da empresa no Vale do Silício. “Toda maratona é muito tensa”, diz Ian Faria, um dos integrantes da equipe. Eles já participaram de oito eventos com esse.
No fim do hackathon, mesmo quem saiu de mãos vazias estava otimista. Os times se reuniram em torno da geladeira, ainda cheia de cerveja, para trocar ideias e contatos. Alguns deles nunca haviam programado para Android, e ainda assim conseguiram aprender a tempo de desenvolver ao menos um protótipo da aplicação.
O trio de Piracicaba não levou prêmio. Eles tiveram problemas na apresentação, e seu programa não funcionou. Mas ninguém reclamava de ter passado tanto tempo acordado e trabalhando sem parar. Estavam prontos para ir para casa e aproveitar o resto do domingo dormindo um pouco.
São Paulo - Passava das dez horas da manhã do domingo, dia 11 de novembro, e os programadores estavam em cacos. Latas vazias de bebida energética sobre a mesa, olhos vermelhos mirando telas luminosas com intermináveis linhas de código. Faltavam 50 minutos para o prazo final de entrega dos projetos e Should I Stay or Should I Go, do Clash, tocava alto nas caixas de som. Hora de abrir mais um energético.
Esse foi o clímax do hackathon da empresa californiana Evernote em São Paulo, maratona de programação comum entre empresas do Vale do Silício. O evento começou às 9h do sábado, quando 100 participantes chegaram ao prédio da aceleradora Wayra. O espaço, com vista para a marginal do Rio Pinheiros, tem 1.200 metros quadrados e toda a cara de escritório de startup. Paredes adesivadas com frases motivacionais, mesas sem divisórias e cozinha coletiva.
A maioria dos inscritos veio de universidades paulistas, entre elas USP, Unicamp e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). Eram programadores, designers e qualquer tipo de curioso que topasse a aventura. Eles deveriam criar ao longo do evento, partindo do zero, um aplicativo que rodasse em Android, para smartphones e tablets, usando a plataforma Evernote, com que o usuário pode escrever anotações e manter listas de atividades.
Os amigos Bruno Lemos, Caio Cesar Flores e Maurício Giordano, todos no primeiro ano da USP, já haviam passado por uma maratona antes mesmo de chegar à competição. Eles subiram num ônibus em Piracicaba às 5h30 da manhã e desceram no Terminal Tietê às 7h30. De lá seguiram até a estação Conceição do metrô e entraram em outra condução. Desembarcaram na Wayra às 9h20, poucos minutos antes do fim do credenciamento. “Vale pela experiência”, diz Flores.
Dormiram apenas duas horas naquela noite, e não voltariam a fechar os olhos até o fim da disputa. Pelo menos, o café da manhã que os recepcionou foi cheio. Uma mesa instalada no mezanino tinha caixas de suco, refrigerante, pães de queijo, bolo e salgadinhos à vontade. E numa geladeira no térreo, cerveja e mais energético.
O hackathon começou pra valer pouco antes das 11h, depois de algumas explicações técnicas da equipe da Evernote sobre o ambiente de desenvolvimento. Aí os times debruçaram sobre notebooks e intermináveis folhas de rascunho para começar seus projetos. Canetas ganhavam múltiplas funções nas mãos dos participantes. Com elas, rascunhavam ideias de interface, relaxavam as fazendo de mordedores ou malabares, e coçavam a cabeça quando as soluções não vinham.
“Para nós, o objetivo principal é conhecer a comunidade brasileira de desenvolvedores”, diz Luis Samra, gerente para América Latina da Evernote. “Queremos unir talentos, então essa é uma oportunidade única.” Entre os projetos, havia um aplicativo que facilitava o armazenamento de ingressos digitais para cinema e espetáculos. Outro registrava o trajeto de caminhadas, como um diário de exercícios.
Para jantar, quando a noite chegou, pizzas foram encomendadas. E quem precisasse de um tempo de digestão podia relaxar em pufes ou na rede instalada no mezanino. Havia ainda uma mesa de pingue-pongue e sacos de pancada, para os momentos de descontração ou de desentendimento entre as equipes. Esse mesmo espaço encheu ao longo da madrugada, conforme os integrantes desistiam de manter os olhos abertos. Nem que fosse por uma ou duas horas. Colchões de ar inflados ao lado das mesas serviam de cama. Desenvolvedores apagavam encostados nas cadeiras, cabeças apoiadas em mochilas.
Finalmente, às 11h da manhã do domingo, foram encerradas as inscrições dos projetos. Mas começava outro momento crucial da jornada: mostrar, em inglês, as criações para a equipe da Evernote. Foram 20 apresentações. Alguns protótipos mal funcionaram, outros enfrentaram problemas menores, e um dos times só pegou o microfone para anunciar que não conseguiu executar sua ideia, mas que a experiência havia valido a pena.
Ganharam os criadores de uma aplicação chamada Epicnote, que incentiva o usuário a usar o programa com medalhas virtuais, num sistema semelhante ao do Foursquare. Seus integrantes foram premiados com duas viagens para conhecer o escritório da empresa no Vale do Silício. “Toda maratona é muito tensa”, diz Ian Faria, um dos integrantes da equipe. Eles já participaram de oito eventos com esse.
No fim do hackathon, mesmo quem saiu de mãos vazias estava otimista. Os times se reuniram em torno da geladeira, ainda cheia de cerveja, para trocar ideias e contatos. Alguns deles nunca haviam programado para Android, e ainda assim conseguiram aprender a tempo de desenvolver ao menos um protótipo da aplicação.
O trio de Piracicaba não levou prêmio. Eles tiveram problemas na apresentação, e seu programa não funcionou. Mas ninguém reclamava de ter passado tanto tempo acordado e trabalhando sem parar. Estavam prontos para ir para casa e aproveitar o resto do domingo dormindo um pouco.